quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Última de 2009


Já fora de casa, aproveito uma pausa nas cansativas actividades de fim-de-ano, para desejar a todos os que costumam parar neste cantinho virtual uma óptima entrada em 2010! Que o próximo seja um ano em que se realizem pessoal e profissionalmente. E como não podia deixar de ser, deixo o desejo - que julgo ser comum a quem por aqui vai passando - de que a Guarda tenha também no próximo ano mais e melhor desenvolvimento, que se realizem os projectos adiados, que nos dê condições para melhorarmos, e ela conosco.

Uma última nota: já está disponível no sítio da Rádio Altitude o fantástico resumo de fim-de-ano a que nos habituou nos últimos anos; vale a pena ouvir e recordar.



Então até para o ano; divirtam-se!

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Madeiro de Natal



Neste dia de consoada, acho que a Meteorologia nos favoreceu: esteve um dia bonito, com uma chuvita ocasional, e pouco frio. Soube-me muito bem passar a manhã fora de casa nas últimas compras.

Cá em casa, pouco acendemos a lareira; mas hoje até havia pensado: à noite, vou acender uma bela lareira! Como vamos ter a família em casa, e porque gosto imenso da companhia do fogo, sempre fica a decoração de Natal mais completa. Mas o que não me passou pela cabeça foi fazer uma fogueira com o lixo e sobras que tenho na Garagem. Acho que daria uma péssima imagem aos meus convidados, além de que tenho por princípio não queimar nada que não seja apenas... lenha!

Ora, sendo a fogueira de Natal que nos últimos anos se vem realizando na Praça Velha quase um cartão de visita da cidade neste dia em particular, foi com um misto de espanto e surpresa que vi a pilha que foi preparada para a fogueira de Natal. Sinceramente, acho que merecemos melhor...

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Neve


Parece que desta vez as coisas correram um bocado melhor ao pessoal da protecção civil: nos sítios por onde tive de passar de manhã, circulava-se sem muitos problemas, dadas as condições. Sei começaram cedo a trabalhar porque ainda ontem à noite vi as movimentações de veículos e máquinas.

Parabéns pelo bom trabalho, já que é de justiça não falar apenas quando o resultado é negativo. Mas continuem...

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Cicloturismo: Passeio do Pai Natal


No próximo sábado realiza-se mais um passeio do Pai Natal em bicicleta. Se puder, ajude a fazer a festa. (Clique no cartaz para o ver maior).

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Interessante!


Interessante mesmo seria saber quantas pessoas estiveram doentes nos dias 1 e 7 de Dezembro e poder comparar com os outros dias do ano...

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Sou diferente!


Nas últimas reuniões de Pais a que tenho assistido, tenho visto grande preocupação de alguns pais com a igualdade: bibes iguais, fruta igual, e outas coisas... iguais.

Acho francamente esta ideia "igualitária" muito má para o desenvolvimento das crianças. Se as crianças são diferentes, por que é que os bibes têm de ser iguais? É na diferença que existe entre as pessoas que existe a maior riqueza. Tenho a certeza que se toda a gente fosse igual a mim o mundo seria um sítio insuportável!

Por isso, fico espantado quando ouço coisas do género "É melhor o ATL dar a fruta às crianças, porque senão os miúdos podem ficar a olhar para a do lado, coitadinhos... Porque os Pais podem não lhes poder comprar determinadas frutas". E já agora, acrescento eu, tenham lá também pena de mim, que todos os dias vejo coisas que não posso comprar! E é assim desde que me lembro de ser gente. E tenho vivido muito bem, muito obrigado!

Esta fúria "igualitária" faz-me questionar seriamente a sociedade em que vivemos, em que um Pai não é capaz de dizer a um filho que não lhe pode comprar determinada coisa que ele pede. Que gente é esta, que amanhã nos governará? Que não têm ideia que a vida é difícil e que no final, as coisas que tivémos são o que menos importará...?

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Mau tempo no Canil...


Na Guarda, estamos cansados de ser notícia apenas por maus motivos. Há algum tempo atrás diversos órgãos de comunicação social deram eco a um facto que já se comentava em fóruns e outras comunidades virtuais - o bom exemplo que constituía o Canil Municipal usar uma rede social - o Hi5 - para divulgar as suas actividades e potenciar o número de adopções, como forma de reduzir os abates necessários à prossecução dos seus objectivos em matéria de saúde pública, nomeadamente o controlo da população de animais errantes. Já em 2007 era possível ler nos jornais notícias relacionadas com o sucesso destas iniciativas (por exemplo aqui, no mês de Outubro). Todavia, como já havia referido, as coisas alteraram-se: a pretexto de uma reestruturação, acabou-se com a divulgação no Hi5, pasando esta a ser feita apenas num canto esconso do sítio da Câmara Municipal na Internet, que muito raramente é actualizado e sem nenhuma possibilidade de interacção; algo que está para a Internet, como um barco a remos está para as viagens intercontinentais...

E eis que o Canil volta a ser notícia pelas piores razões: hoje, a SIC passou uma peça sobre a forma como os animais são tratados no Canil Municipal. Que de resto já tinha sido dada a conhecer, nas semana anteriores pelo Jornal O Interior, aqui, aqui e aqui.

A subscritora da carta publicada pelo O Interior há 2 semanas é entrevistada dizendo aquilo que já tinha escrito. Até aqui, nada de novo para quem conhece a forma como o Canil tem funcionado. Mas quando confrontados com as denúncias de Luisa Campos, o tratador e o Director do Canil dizem que os animais são retirados das boxes quando estas são lavadas e que alguns cães se molham porque se deitam na água que lhe colocam para beber. Quanto à retirada dos cães, ainda bem que assim é: representa uma melhoria; mas a ser verdade, só muito recentemente se adoptou este procedimento, porque todos aqueles que conhecem o Canil e sabem como as coisas por lá funcionam sabem perfeitamente que as denúncias de Luisa Campos são inteiramente verdadeiras e, a pecarem, será por defeito... Quanto à segunda parte, ao ouvir o Sr. Director do Canil lembrei-me logo daqueles detidos que tantas vezes insistem em não confessar os seus crimes e, por azar, caem das escadas nas instalações das polícias, aparecendo com equimoses! Afinal, com os cães passa-se um fenómeno parecido...

Também me choca que o Director do Canil refira, a propósito de não existirem meios para tratar uma simples ferida, que o Canil não é um hotel e que esses "mimos" competem à sociedade civil! Veria o Sr. Director com bons olhos que eu agora aparecesse no canil com um veterinário para tratar os animais que lhe estão confiados? E que enquanto lá permanecem devem ser tratados com um mínimo de dignidade? A ser assim, por que raio o Director tem de ser um médido Veterinário...???

Mas enfim, nem só de más-notícias se trata: parece que a percentagem de adopções é de 75% e que no mês passado foram abatidos apenas 3 animais. A ser assim, as boxes cheias na campanha de adopção realizada no dia 1 de Dezembro (por uma associação de defesa dos animais) devem ter sido impressão minha... E o facto de, numa campanha de adopção autorizada pelo Canil, não ser permitido aos adoptantes levar os animais, podendo fazê-lo apenas passados 7 (!!!) dias também nunca deve ter acontecido.

Enfim, tristes notícias para aqueles que gostam de tratar e ver tratados os animais com respeito.

Por fim, uma palavra de louvor para a iniciativa de todas as pessoas - entre as quais Luisa Campos, mas que não é a única - que se têm empenhado em divulgar este estado de coisas e contribuir para a sua mudança, optando por dedicar algum tempo a esta causa e deixando de lado a indiferença, por oposição a outros que preferem "estar de bem com Deus e o Diabo", numa estratégia de coexistência pacífica que, no fundo, acaba por ser de inteira submissão...

Indiferença


A indiferença é uma atitude que dá força ao vil, razão ao estúpido, poder ao medíocre, coragem ao cobarde!

Tranforma em cidadãos exemplares aqueles cujos comportamentos são inaceitáveis em sociedade. Por isso, devemos estar mais atentos e termos a coragem de intervir sempre que pudermos fazer a diferença e contribuir para uma sociedade mais justa, mais equilibrada.

Um artigo bem escrito e que dá uma imagem clara dos custos da indiferença pode ser lido aqui.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Logística


Em posts anteriores tenho-me mostrado crítico relativamente à gestão que se tem feito do processo "Plataforma Logística". Não é que tenha sido mal gerido - não tenho informação suficiente para concluir por esta tese - mas entendo que, face à potencialidade que tem e que esteve na base da decisão de a criar, o processo tem sido mal conduzido.

A minha principal apreensão tem sido pelo que os responsáveis - o Presidente da Câmara que é também Presidente do Conselho de Administração - revelam conhecer da área da Logística. Nas intervenções que tenho ouvido ou lido, frequentemente a Logística é confundida com Distribuição, sendo esta uma parte (pouco significativa, de resto) daquela.

Algumas definições importantes e artigos interessantes sobre o tema podem ser vistos aqui.

Mas o que me levou a voltar ao assunto foi a resposta da Presidente da Associação Portuguesa de Operadores Logísticos à pergunta "Que balanço faz da rede de plataformas do Portugal Logístico (...)?".

Respondeu Carla Fernandes que a preocupação principal na criação desta rede foi a de disponibilizar infra-estruturas físicas, e que a principal definição de logística assenta "(...) nos fluxos de informação.". Diz ainda que, "mais importante que as infra-estruturas físicas são os conhecimentos utilizados para desenvolver a actividade e também os sistemas de informação. É com estas duas ferramentas que se coneguem agilizar os processos da logística integrada. Isso é muito mais importante do que qualquer tipo de infra-estrutura física."

Para quem acompanhe o assunto, estas declarações não constituem qualquer novidade. Mas contradizem os discursos que temos ouvido sobre o assunto e a sua importância para a Guarda.
Assim, mantenho e reforço a minha opinião de que, no imediato, o que assume maior importância a curto prazo para o desenvolvimento da cidade e a criação de postos de trabalaho é a Área de Localização Empresarial, sendo a PLIE um projecto estratégico que demorará a dar frutos e que requer uma gestão especializada, nomeadamente no que toca à captação de investidores, promoção no mercado global, etc. São necessários instrumentos de planeamento que suportem todas as decisões relativamente a este processo. Sob pena de se tornar, como promete, e com muita pena minha, um "elefante branco"...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Governador Civil



Na quinta-feira passada, o Conselho de Ministros decidiu nomear Santinho Pacheco Governador Civil da Guarda. Apesar de previsível, só nessa altura foi possível desfazer as dúvidas que ainda existiam sobre a nomeação, depois de se ter ficado a saber que Maria do Carmo Borges não iria continuar.

Gostei de ouvir a reacção de Santinho Pacheco: dizer que era algo que ambicionava e que ficou muito feliz com a nomeação é um bom princípio. Pelo menos foi genuíno na sua reacção. Não foi a hipocrisia que tantas vezes se ouve, "esgadanhando-se" pelo lugar para depois vir dizer que é com grande sacrifício que aceita, mas que é obrigação de quem se dedica à causa pública. Claro que é obrigação; mas isso não faz do cargo um peso que tem de se suportar! Mas sobre esse assunto já disse o que tinha a dizer.

Não conheço Santinho Pacheco. Mas, dos putativos "nomeáveis", sempre tive a impressão que era o que tem mais perfil político (ou, se quisermos ir mais longe, ideológico), pelo que era o candidato que melhor encaixaria no perfil que o Governado Civil deve ter, pelo que conheço da sua participação cívica; claro que isso às vezes não chega...

Espero pois, que o Homem que ambicionava o cargo e se sentiu recompensado com ele o desempenhe com elevação e se mantenha feliz nas suas novas funções.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Vai uma apostinha...?


Foi recentemente divulgado mais um escândalo no mundo do futebol. Parece que se chegou à conclusão que, em mais de 200 jogos os resultados foram previamente combinados e corrompidos jogadores, treinadores e árbitros para os obter. E quem corrompeu? Adeptos? As próprias equipas com interesse em ganhar os jogos? Não.

A origem deste esquema tinha aparentemente origem em esquemas ilegais de jogo. Ou seja, combinavam-se os resultados, apostava-se e ganhava-se! Simples, não é?

E alguém ainda se admira com isto? Não são as próprias equipas, a UEFA, as televisões, etc. que abrem as portas a todo o tipo de empresas de apostas (online e não só) no mundo do futebol? E que nem adeptos nem dirigentes têm nada a obstar, porque o que interessa é que entre dinheirinho?

Abrem-se as portas do galinheiro às raposas e admiram-se com os resultados?

Pessoalmente, acho que actualmente o mundo do futebol é um logro; os clubes são autênticos sumidouros de dinheiro, dados a todos os tipo de esquemas financeiros, onde a componente desportiva é mais do que marginal. Por isso, é um desporto que não acompanho e que francamente pouco tem de "desportivo". É apenas espectaculo para as massas. Respeito obviamente quem aprecia, mas não levanto os olhos de um bom livro para ver futebol.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Remédios


Comemora-se amanhã o "Dia Europeu do Uso Racional do Antibiótico". Parece que a CE se viu na obrigação de lançar aos cidadãos um alerta, que há muito é conhecido na comunidade científica, e que tem que ver com a crescente agressividade das bactérias multi-resistentes. Para quem não sabe o que são, direi sucintamente que se tratam de micro-organismo que, por via da sua evolução, se tornam resistentes aos antibióticos. O que nos deixa completamente indefesos quando infectados. Imagine, no futuro, a imensa ameaça que representarão estes micro-organismos, se nenhum dos medicamentos actualmente em uso fôr efectivo contra doenças que hoje consideramos relativamente triviais - porque de fácil tratamento - fôr capaz de nos ajudar a debelar as infecções por eles causadas!

E já há casos gravíssimos conhecidos: a tuberculose multiresistente, na Rússia, é actualmente uma enorme dor de cabeça para as autoridades de saúde, a ponto de terem já avisado os outros países para terem muito cuidado relativamente a imigrantes, numa tentativa de conter o contágio. E isto numa doença que, como se sabe, é de contágio relativamente fácil.


O fenómeno tem a ver com vários factores: o uso indevido e/ou indiscriminado de antibióticos - por exemplo não seguir as instruções de toma, duração, etc, bem como a automedicação - mas também o crescente recurso a antibióticos nas explorações animais, introduzindo-se assim na nossa cadeia alimentar de forma quase imperceptível.

De acordo com o Expresso, Portugal está em nono lugar no ranking da UE dos países onde se prescrevem mais antibióticos. Que representou no ano passado um encargo de 69 milhões de Euros, só em antibióticos consumidos fora dos hospitais!


Portanto, cabe-nos a nós, consumidores, sermos mais criteriosos e rigorosos no que toca ao consumo de antibióticos. E mais exigentes e vigilantes, no que toca ao uso destes medicamentos nas explorações animais que se destinam ao consumo humano.

Amanhã é pois o dia para reflectirmos sobre o assunto. E já agora gostava que especialmente os clínicos reflectissem também, já que são eles os responsáveis pela prescrição deste tipo de medicamentos...

Rodrigo Leão


Rodrigo Leão apresentou no sábado passado, na Guarda, algumas músicas do seu último album "A Mãe", num espectáculo no TMG. Que se encheu para ouvir!


Descobri a sua música com o album "Cinema"; os albuns anteriores, francamente, nunca me chegaram a cativar. Mas a partir de Cinema - um album que tem algo de conceptual - melhorou bastante.

Rodrigo Leão é, na minha opinião, um dos melhores compositores portugueses da actualidade. Talvez por, entre os instrumentos utilizados pelo "Cinema Enseble", que o acompanha e para o qual compõe, estarem os meus favoritos: o piano e o violino. Não aprecio particularmente a viola de arco, mas resulta bem no conjunto. E o acordeão - um instrumento geralmente mal-amado, mesmo entre os músicos profissionais, pelo menos os de formação mais clássica - resulta ali vibrante, cheio de vida.


Também a voz de Ana Vieira encantou a sala: uma voz forte nos graves, mas capaz de subir com uma doçura incomum.


Uma última nota: é muito interessante - e resulta magnificamente ao vivo - o mesmo compositor escrever para português (e variante brasileira), castelhano, inglês, francês, etc. E fazer colar cada música à língua a que se destina.

Se não tiveram oportunidade de ver o espectáculo, pelo menos comprem o Album e escutem, no carro ou em casa. Vale muito a pena!!!!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Luis Sepúlveda


Ontem à noite, no programa de Paula Moura Pinheiro, Câmara Clara, o convidado foi Luis Sepúlveda. Nascido no Chile, viveu por dentro a revolução de Allende, e após conhecer as agruras da estúpida ditadura de Pinochet, tornou-se, por força do exilio a que foi votado, um cidadão do mundo.


O primeiro livro que li de Sepúlveda foi "O Velho que lia Romances de Amor", a história improvável de um homem que, nos confins da Amazónia, votava o seu tempo livre a um vício inconfessável. Uma história enternecedora que é também uma grande lição sobre o respeito pela Natureza, em todas as suas expressões! Pelo menos é assim que o recordo, uma vez que já lá vão mais de 10 anos. Se calhar era boa ideia reler... Para todos os efeitos, é um livro que recomendo, a par com "A História de um Gato e da Gaivota que o ensinou a voar", a todos, especialmente em dias como estes 3 ou 4 últimos, que puxam a "melancolia"...


A entrevista, que pode ser vista no site do programa, foi muito interessante, como o são geralmente as entrevistas a Homens com vidas tão ricas quanto este de que falo. Retive todavia 2 aspectos que me tocaram especialmente:

- a confissão de que, após o exílio, a volta é sempre muito dolorosa e acompanhada de uma sensação de não ser aquele o seu lugar de origem, pois as memórias congelam-se e não evoluem como os lugares e as gentes, ao longo dos anos; tenho pensado nisso a propósito de algumas iniciativas de "re-encontro de antigos alunos", a que dedicarei um post futuro;

- a constatação do autor de que os eventos mais significativos, a nível mundial, na área da literatura - mas que pode ser estendido a outras artes - são geralmente realizados em cidades pequenas; isso dá-lhes especial encanto, pois em comunidades mais pequenas a vivência do evento é mais generalizada a todos... Por outro lado, um evento destes, pode dar aos locais onde se realiza uma projecção com impacto muito superior àquele que daria a uma grande cidade, por exemplo uma capital.
Achei esta constatação muito importante e interessante para ser pensada e discutida numa cidade como a Guarda. Espero que outros tenham visto o programa e tido a mesma ideia.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Novo Executivo Camarário


Apesar de a tomada de posse ter sido durante a semana passada, só há alguns dias tive a oportunidade de ouvir na Rádio uma pequena reportagem sobre o assunto: as pessoas, os pelouros, as prioridades de cada um, etc.

Fiquei com a ideia de que o Presidente da Câmara, desta vez, acumulará muitos pelouros. E das duas uma: ou terá de distribuir tarefas por muitos acessores para conseguir coordenar tantos assuntos, ou na verdade o número de pelouros é excessivo face à carga de trabalho que representam. E fico com a ideia de que é precisamente este último o caso. Que os vários pelouros poderiam ser concentrados em 4 ou 5...

Por outro lado, ouvi pela primeira vez que é estratégica a divulgação da Guarda. Tendo essa responsabilidade sido entregue a uma profissional na área da comunicação, e por aquilo que conheço dela, fico com grandes expectativas em relação a esta matéria. Assim ela seja capaz de, aliada à sua capacidade profissional, "furar" a lógica aparelhística, dos "instalados" do sistema, e fazer pela Guarda aquilo que há muito deveria ter sido feito: divulgar o que de bom tem para oferecer, não só aos turistas - que às vezes parece que são os salvadores da terra! - mas também a todos os que cá vivem!

Termino desejando a todos os membros do executivo que governará a Câmara Municipal nos próximos 4 anos muitas felicidades no desempenho das sua funções.
(foto do Jornal Nova Guarda)

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Mais fiscalidade


Ontem na TSF ouvi, durante um dos blocos de notícias, que as autoridades policiais com competência para fiscalizar o trânsito (PSP e GNR) estão impedidos de levantar autos a quem não possuir o comprovativo do pagamento do Imposto Único de Circulação (IUC), pelo facto de a fiscalização do pagamento de impostos ser da exclusiva competência da Direcção-Geral dos Impostos (DGCI). Segundo a notícia, a DGCI tinha sancionado este entendimento numa Circular Informativa - aquelas folhinhas com força de lei que utilizam para nos obrigar a apresentar mil e um papéis, comprovando tudo e mais alguma coisa, como se faz aos mentirosos reincidentes!

Já há alguns anos, quando tive o meu primeiro carro e fui pagar o Imposto sobre Veículos Automóveis (que esteve na génese do IUC) fiquei um bocado perplexo quando me informaram que além do dístico - o famoso "selo" - colado no pára-brisas, precisava também de andar com o comprovante do pagamento! Cheguei a perguntar: "Então e nas empresas? É preciso o comprovante estar na Contabilidade, para justificar a despesa; e ao mesmo tempo no carro, para comprovar o pagamento... E se fôr auditado pelas Finanças e o documento não estiver arquivado junto com os demais comprovantes...?" Nunca ninguém - Finanças ou autoridades policiais - foi capaz de me dar uma resposta conclusiva a esta questão.

Para quê o comprovante se temos o selo? O mesmo se passa nos seguros: para quê o papel A4 da Carta Verde se existe um dístico? Ou no caso da Inspecção Periódica Obrigatória: para quê um dístico e ainda o respectivo certificado...? Tanta redundância....

Depois veio o IUC e acabou-se com o "selo". Boa! É desta que acabam os papéis, pensei na altura... Estava enganado: em vez de um selo colado e um papel A5 (comprovante de pagamento) era agora preciso andar com o comprovante de pagamento do IUC: no meu caso 3 folhas A4!!! Ridículo... E com a garavante de a minha questão ter ganho nova actualidade...

Mas lá fui cumprindo. Até ontem ter ouvido a notícia. E em boa hora a deram, por que amanhã é o último dia que tenho para pagar o IUC dos carros cá de casa.

Só que uma pequena investigação levou-me a concluir que a notícia está um bocado atrasada: a tal circular da DGCI é de Maio de 2008, ou seja, tem cerca de 1 ano e meio.

De qualquer maneira, fica a informação: no rol de documentos que têm de acompanhar um veículo, podem-se agora retirar os relativos ao pagamento do IUC. Ufa!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Política Fiscal




Costumo ler no Expresso as crónicas de Nicolau Santos (editor de Economia). Na maior parte das vezes concordo com o que escreve, mas o que mais admiro é a simplicidade com que apresenta temas por vezes complexos, tornando a sua compreensão acessível aos que o lêm.
No fim de semana passado, a propósito das mudanças que se esperam na política fiscal, refere, entre outras coisas, que no que toca aos impostos sobre imóveis será de acabar com o IMT e rever os coeficientes de localização do IMI por penalizarem muito quem tem casas em Lisboa e no Porto.
Tenho de dizer que concordo em absoluto com a primeira: quando tanto se escreve sobre a especulação imobiliária - e onde ela nos levou - esquece-se por vezes de referir que o Estado é o maior especulador. Senão vejamos: se compro um imóvel, salvo raras excepções, sujeito-me ao pagamento de IMT; assim, ainda que o queira vender sem qualquer lucro, terei no mínimo de o vender pelo preço de compra acrescido do valor do imposto que paguei, ou seja, terei sempre de o vender mais caro do que aquilo que paguei por ele, gerando-se desta forma uma subida de preços induzida pela fiscalidade...
Já no que toca à segunda, discordo em absoluto: parece-me aceitável que se utilize a política fiscal para corrigir assimetrias regionais e como ferramente de planeamento da ocupação do território, coisa que não tenho visto ser seriamente encarada desde os tempos de D. Sancho I...
Acho que esta é uma forma séria de incentivar as pessoas a deslocarem-se para outras paragens que não Lisboa e Porto. Se dos privados não podemos esperar mais do que tomem decisões racionais, já aos poderes públicos temos de exigir que para além de investimentos no interior, dê incentivos a quem quer vir para cá morar, trabalhar ou fazer negócios. Se assim não fôr, dentro de poucos anos Portugal terá 2 grandes cidades e todo o restante território será um imenso deserto (à nossa escala, bem entendido...).

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Imaginação


A imaginação é uma ferramenta muito poderosa! Tanto quanto surpreendente. Por isso, muitas vezes recorro a ela para as reflexões mais absurdas. Por exemplo:

Imagine-se um hospital público onde médicos sem escrúpulos põem na frente dos doentes à espera de uma cirurgia os doentes dos seus próprios consultórios particulares; onde se está na fila para fazer uma ecografia desde as 8.30 e às 10.00, quando finalmente o médico chega ao serviço, vemos passar à nossa frente as doentes do seu consultório particular e só depois as que estavam na fila e se inscreveram; um hospital onde à hora do jantar alguns especialistas de serviço à urgência não estão no serviço porque saíram para jantar... Com uma imaginação delirante como esta, facilmente se passa para um hospital onde não existe anestesiologista em serviço nocturno para apoio à maternidade, ou para um onde o clínico de serviço se encontra completamente alcoolizado a dormir num quarto que lhe está reservado. Ah, e aquela de um clínico não passar o doente a outro porque ambos estão de relações cortadas?

Já viram bem do que a imaginação é capaz? Já viram o que seria de nós se tudo isto fosse possível...?

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Ciclovias


Recentemente, tive a confirmação de que quando existe muita força de vontade política, praticamente todos os obstáculos podem ser ultrapassados. Dei-me conta disso em Paris, cidade que não visitava há cerca de 10 anos. E isto motivado pela implementação de ciclovias por todo o centro da cidade, associado a programa de disponibilização de bicicletes de aluguer gratuitas ou a preço muito reduzido.
Provavelmente, quando se começou, inúmeras vozes terão dito "É impossível...", "Não se consegue..", "É de loucos...". É que se pensarmos bem, criar uma rede de ciclovias no centro de uma cidade com o trânsito de Paris, bem, é de coragem!
Mas o facto é que a obra lá está! E, do que me foi dado ver, funciona muitíssimo bem, com muitos utilizadores. Eu próprio, não fora o facto de ter ido com os meus filhos, me teria tentado a passar um belo dia passeando calmamente pela cidade recorrendo à bicicleta! Sem pressas, com tempo para apreciar devidamente a paisagem, com a satisfação de contribuir para uma cidade menos poluída (visualmente e ambientalmente).
Gostava de ver replicada esta iniciativa em mais cidades portuguesas; há já algumas iniciativas do género, de que a percursora é Aveiro (com a "buga - bicicleta de utilização gratuita de Aveiro), mas penso sinceramente que há potencial para mais.
Por cá, reconheço que os rigores do clima e os acentados declives (estamos numa cidade na montanha) tornam as coisas um pouco mais difíceis. Mas se há matéria em que não temos evoluído é nas redes de transportes urbanos. Não faz grande sentido haver um dia no ano "sem carros", quando nos outros 364 nada se faz para haver menos circulação dentro da cidade...
Mas era bom que alguém aparecesse com uma ideia do género, porque tenho a certeza absoluta que há algo que se pode fazer para melhorar!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Acabou!



Terminou o ano eleitoral! Após 3 campanhas para outras tantas eleições, enfrentadas com maior ou menor indiferença (consoante a percepção que cada um tem da medida em que afectará a sua vida), em que todos os pormenores foram comentados antes e depois de cada uma delas, eis que agora é tempo de voltar à velocidade de cruzeiro.

São sempre dias intensos, estes das campanhas. E todos aqueles que estão atentos àquilo que se passa à sua volta acabam por se envolver.
No que toca a eleições, optei por não incluir as minhas opiniões (que, como cidadão, evidentemente tenho) aqui no Blog. Não acho que sirva qualquer dos propósitos com que o criei.
Mas agora que acabaram, é hora de deitar mãos à obra. Há muito para fazer na Guarda para a tornarmos melhor, e nunca seremos demais a contribuir para esse desígnio.
Hoje inicia-se um novo ciclo (agora há ciclos para tudo) na gestão da cidade; em face dos resultados das eleições, inicia-se a segunda etapa de uma maratona. Faço votos para que a chegada à meta seja coroada de glória: é a nossa vitória colectiva que se joga.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Turismo


Após o regresso de um breve período de férias, tive hoje a oportunidade de ouvir alguns excertos do debate na Rádio Altitude, com elementos de algumas das candidaturas à Câmara da Guarda, sobre o tema do Turismo. Confesso que não ouvi na íntegra, porque geralmente só tenho oportunidade de ouvir rádio enquanto ando de carro.

Do que ouvi, existem coisas com as quais concordo e outras que nem tanto.

A ideia do Parque, confesso que me deixa um bocado confuso: não sei exactamente o que se pretende. Além de que, do que ouvi a Rui Quinaz, se trata de uma ideia numa fase muito embrionária. Dizer-se que tem de se procurar um parceiro é estar numa fase prévia ao pré-projecto! Não me parece adequado trazer um tema destes para uma campanha na fase em que está. Trata-se de um mercado muito restrito a nível mundial, com 4 ou 5 players de peso. E trata-se de um mercado que está inteiramente nas mãos de privados...

Nas acessibilidades à Serra da Estrela, cujas potencialidades todos reconheceram que a Guarda não está a aproveitar, existe a ideia que o que a Guarda precisa é uma estrada de acesso à Serra - presumo que se queiram referir ao maciço central - para não termos de depender dos acessos por Gouveia ou pela Covilhã. E aqui, devo dizer que discordo completamente desta ideia. Só num País com os hábitos de rico como o nosso esta ideia continua a vingar! Ainda não se percebeu que as acessibilidades são commodities, ou seja, algo que qualquer um pode ter, e que por si só não consituem factores diferenciadores. Acho que é mais uma questão de orgulho em termos a "nossa" própria estrada. Um orgulho que custa muito caro! E que faz com que qualquer dia, com o rumo que as coisas estão a tomar, os turistas que sobem ao maciço central apenas consigam ver... alcatrão! Estradas e mais estradas, por todo o lado, para todo o lado. Com os impactos negativos que isso traz a uma reserva com as características da da Serra da Estrela. Sou mesmo dos que acha que nas zonas mais elevadas, o trânsito automóvel deveria ter fortes restrições, e não ser encorajado. Por que é que em vez de estradas, não pensamos em aproveitar as tais potencialidades da Serra? É que isso faz-se transformando essas oportunidades em negócios rentáveis; as potencialidades, por si sós, não sendo exploradas, não têm qualquer utilidade. O papel da Câmara aqui deve ser o de implementar uma estratégia de comunicação que faça da Guarda uma porta de entrada na Serra; o de afirmar a cidade como uma cidade de montanha, oferecendo serviços nesse cluster. A mim não me interessa por que estrada é que as pessoas vêm e vão, se passam em Gouveia ou na Covilhã; interessa-me que seja criado um ambiente favorável aos negócios em torno do montanhismo, da natureza, da Gastronomia, etc.

O papel da Câmara deve ser aquele que indicou no debate Leopoldo Mesquita a propósito do Hotel de Turismo: o de fazer com que haja turistas - eu seria ainda mais abrangente: que haja gente! - na Guarda. Depois disso, tudo o resto virá pelas mãos de quem deve: os empresários. Virão hoteis, empresas de transporte, de animação, etc.

A vocação da Câmara não é de empresário; é de fazer com que estes tenham as melhores condições para aqui se fixarem e aqui desenvolverem os seus negócios, criando e distribuindo riqueza.




PS: no jornal da hora do almoço, a propósito da Campanha da candidatura do PSD, ouvi um dos elementos da lista dizer qualquer coisa como "aderi a este projecto sem reservas, e por isso convido-vos a aderir também..."; esta falta de concordância entre verbo e sujeito fica mal a todos os que são (ou pretendem vir a ser) figuras públicas; mas fica ainda pior a um professor de literatura...!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Onde pára o Canil...?


As coisas têm andado relativamente sossegadas por cá; deve ser de estarmos na fase final da campanha eleitoral para as legislativas: diz respeito a toda a gente, o País atravessa um momento delicado, e o Governo que sair das eleições do próximo Domingo terá uma tarefa complicada, quer para fazer Portugal sair definitivamente da crise, quer para continuar as reformas necessárias para que o estado seja mais eficiente - e o País mais competitivo.

Mas nas últimas semanas tem vindo a público um caso com contornos curiosos: a reestruturação do Canil Municipal.

Desde há cerca de 3 anos (mais ou menos), o Canil conheceu uma dinâmica muito interessante: de mero serviço municipal que se limita a cumprir "os mínimos", ou seja, a sua missão de recolha de animais abandonados ou doentes, na maior parte das vezes para serem abatidos (a palavra geralmente usada é occisão), passou a ser um serviço com uma componente educativa, ambiental e de respeito pela vida animal exemplar. Foi criada uma página numa rede social onde disponibilizadava muita informação sobre o canil (regras, localização, etc.), mas também apelos, com fotos, de animais que ao invés de ser abatidos poderiam muito bem ser adoptados.

Pelo que sei, enquanto tal página esteve online, foram muitos os casos de sucesso.

Retirando alguns casos de comentários desadequados (nalguns casos a raiar o mal-educados), aquela página representava um óptimo trabalho em prol dos animais e no fomento de uma cultura ambientalmente responsável. Só que, como muitas vezes nestas coisas, tudo isto era fruto de um enorme voluntarismo - neste caso, de uma única pessoa. Falei com essa pessoa 2 ou 3 vezes e, francamente, não fiquei com qualquer simpatia por ela. O que não me impede de reconhecer o bom trabalho que vinha desenvolvendo. Embora a necessitar de alguma "netiquette", o princípio era bom.

Só que, há algumas semanas, algo deve ter ocorrido: a Câmara decidiu fazer com que a referida página deixasse de ser representativa do Canil, passando a ter uma página própria, num processo a que chamou de reestruturação.

Entretanto, essa página já viu a luz do dia. E só apetece perguntar como Ricardo Araújo Pereira e Manuela Ferreira Leite: "Mas que brincadeira vem a ser esta?".

O responsável pela mudança, certamente, nada entende de comunicação sobre canais web! Arrisco mesmo dizer que nunca viu a anterior página nem a dinâmica que ela tinha! E que isto só pode ser para desviar atenções no momento particular que vivemos... Trata-se de uma página estática, com 4 fotos (pequenas), sem qualquer informação complementar sobre os animais. Quase anedótico, não fora o facto de estas manobras terem repercussões ... na suas vidas. Circulam alguns emails sobre este assunto, o Sr. Presidente da Câmara já fez algumas declarações aos jornalistas, mas de concreto, apenas vejo que se deitou por terra um bom trabalho, sem qualquer intenção de o manter, quanto mais de o melhorar! Triste, muito triste.
Já se sabe que é sempre mais fácil destruir que construir; mas que há nesta história muita incompetência, mesquinhez e interesses pouco claros, disso não tenho dúvida.

Deixo o desafio: se descobrirem a página do Canil Municipal, digam o que vos parece.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

QREN - Mitos e Factos


Esta tem a sido a campanha eleitoral das PME. Não há candidato, apoiante ou simples militante que não tenha uma proposta, que não queira saber, que não critique, a política de apoio às PME. Parece que os nossos políticos se lembraram agora que mais de 90% das empresas em Portugal são PME e que, destas, uma grande maioria são micro-empresas, ou seja, votos!

À boleia das PME, também muito se tem falado do QREN, das suas verbas, do seu nível de execução, etc.

Como é uma área que conheço relativamente bem - trabalho com ela diariamente - resolvi desfazer alguns mitos sobre o assunto.

Assim, começo por dizer que em matéria de apoio público ás PME, existem enormes restrições comunitárias: Direcção-Geral da Concorrência e Direcção-Geral da Empresa, entre outras instância, produzem imensos regulamentos, normas, etc. que, para salvaguardar condições de concorrência e tratamento igual no espaço comum na União Europeia, limitam a intervenção dos diferentes estados-membro no que toca a políticas públicas de apoio às PME.

No que toca ao QREN, a principal crítica que tem sido feita diz respeito ao baixo nível de execução; todavia, convém não perder de vista que mais de 80% das verbas do QREN estão destinadas à modernização administrativa, e à construção de infra-estruturas. Destas últimas, existem 2, que também têm sido muito comentadas, que absorvem a fatia principal: Rede Ferroviária de Alta Velocidade (que tem sido chamada de TGV) e o Novo Aeroporto de Lisboa.

Daqui resulta que, se as obras forem realmente suspensas, o nível de execução final do QREN será baixíssimo; se, por outro lado, estas verbas e respectivos prazos para aplicação forem renegociadas, as coisas podem melhorar substancialmente. Mas o facto é que qualquer delas ainda não passou da fase de estudos, pelo que nesta altura o nível de execução do QREN não poderia ser senão muito baixo!

No que à parte do QREN que é injectada nas PME, sob a forma de sistemas de incentivos a investimentos produtivos, em factores de competitividade ou à Investigação e Desenvolvimento, bem como na criação de ambientes mais favoráveis para os negócios, a aplicação das verbas tem estado a ser feita de acordo com o previsto. E o nível de execução está dentro daquilo que estava programado. De resto, já na segunda metade do anterior Quadro Comunitário de Apoio (QCA III, o equivalente ao QREN que vigorou ente 2000 e 2007) foi esta boa programação e aplicação de verbas que permitiu que Portugal visse reforçadas as suas verbas através daquilo que outros Estados-Membros não conseguiram aplicar, a chamada regra N+2.

Mas para as empresas, não interessam níveis de execução nem a programação das verbas: interessa-lhes contar com os apoios e que estes cheguem em tempo útil. E neste campo, quem está nas empresas, percebe que as coisas evoluiram imenso: se durante o período de vigência do QCA III (2000-2007) foram apresentados menos de 20.000 projectos de investimento, nos 2 anos de vigência do QREN são já mais de 8.000 os projectos apresentados, isto apesar de os critérios de selecção serem exigentes e as tipologias de investimento apoiadas se centrarem mais em factores dinâmicos de competitividade do que em investimentos produtivos. Isto revela o enorme progresso que ocorreu no tecido empresarial. Mas há mais: se no anterior Quadro Comunitário, a aprovação de uma candidatura demorava mais de 6 meses, no actual não chega a 3; nunca, como hoje, foi possível um empresário apresentar um pedido de pagamento e passadas 2 semanas ter o dinheiro na sua conta; nunca, como hoje, teve tantas facilidades no relacionamento com a Administração Pública, nomeadamente recorrendo aos Portais Web.

As coisas podiam ser melhores? Claro que sim. Há sempre margem para fazer melhor, para ser mais eficiente. Mas eu, que trabalho há mais de 10 anos no apoio a empresas, tenho de reconhecer que têm sido feitos enomes progressos, reconhecidos de resto ao nível das instâncias comunitárias e das consultoras internacionais. Há talvez uma área que tenha ainda de evoluir substancialmente, com impacto relevante no ambiente para os negócios: o licenciamento. Aqui, Câmaras, Ministério da Economia e demais entidades intervenientes devem fazer um esforço no sentido de aligeirar procedimentos e definir claramente procedimentos e requisitos para o licenciamento das unidades de produção, para que ele não seja quase um jogo da "cabra-cega"...

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Greve... já!


O direito à Greve é uma forma de os trabalhadores mostrarem aos seus empregadores que algo está muito mal. Pessoalmente, como alguém que vive do seu trabalho e que por isso tem por ele um enorme respeito, sinto-me confortável por existir este recurso, que no entanto só usaria em casos realmente importantes, justificadamente graves.
Por isso me custa a compreender uma notícia que hoje ouvi de manhã: até às eleições legislativas estão, para já, marcadas 8 Greves. O que esperam estes profissionais obter de um Governo que estará em funções mais 3 ou 4 semanas? Que tome agora as decisões que em 4 anos não tomou? Ou que mude agora de opinião sobre determinada reinvindicação, quando nos 4 anos anteriores não teve essa sensibilidade?
Não julgando os méritos ou deméritos dos objectivos establecidos para estas Greves, parece-me francamente que se trata mais de um caso de interferência eleitoral - ou motivos eleitoralistas - do que propriamente de manifestar desagrado, saindo à rua. Tanto mais que os sindicatos em Portugal continuam, na minha opinião, demasiado politizados.
Estamos na fase final de um ciclo, com outro a iniciar-se muito brevemente; faça-se dos 4 anos de Governo o Balanço que há a fazer, que será diferente para cada um de nós, e vote-se de acordo quer com esse balanço quer com as propostas que nos são feitas pelos candidatos. Agora greves, nesta altura, parecem-me uma falta de respeito pelas regras democráticas e uma falta de respeito quer pelos anseios - legítimos ou não - dos profissionais, quer pelo direito à greve em si mesmo.

domingo, 13 de setembro de 2009

Livros - "O rastro do jaguar"


Da autoria de Murilo Carvalho, jornalista brasileiro, é uma estória feita de estórias belíssimas.
Apesar de a beleza por vezes emergir do horror que sempre existe em cenários de guerra. Ainda assim, ancorado na busca da identidade de um Homem que sabe que é mais do que aquilo que conhece de si, é uma narrativa que prende desde o primeiro capítulo. A escrita, embora por vezes algo densa, beneficia imenso do "calor" transmitido pelo autor.
O livro encerra ainda uma perspectiva histórica importante - as guerras pela independência na América do Sul em finais do séc. XIX - que para mim era praticamente desconhecida, apesar de nalguns pontos de cruzar com a nossa própria história.
Para temperar todos estes ingredientes, a mística associada aos povos nativos que foram dizimados por sucessivas ondas de ocupação dos seus territórios.
Apesar de exigir algum tempo para a sua leitura (são quase 600 páginas), que ainda por cima não pode (ou pelo menos não deve) ser apressada, vale bem a pena o tempo dispendido ou, se quisermos, o tempo que passaremos na sua companhia.

Foi ao lado...


Judite de Sousa, em entrevista ao Expresso, diz que acha que Sócrates "emprenha pelos ouvidos", recorrendo a uma expressão popular para caracterizar aqueles que acreditam em tudo o que lhes dizem, sem procurar validar essa informação.
Só que, apesar da boa intenção, a senhora errou o tiro: a expressão é "emprenha pelas orelhas". E nestas coisas do emprenhar, a precisão faz toda a diferença...

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Ciência e Auto-Estima


Iniciou-se hoje o "4th Asian Congress on Autoimmunity" em Singapura, um dos maiores eventos mundiais da especialidade.

Enquanto passava os olhos pelo Programa Científico, resolvi fazer uma busca para saber quantos dos trabalhos a apresentar iriam de Portugal. Descobri que são 6, todos da autoria da mesma equipa e serão apresentados amanhã. Apesar de não estar mencionado no programa, trata-se de uma equipa formada por investigadores da ULS da Guarda, a propósito da qual já aqui tinha deixado um Post.

Tudo isto para dizer que amanhã, durante as apresentações, a Guarda será a face visível de Portugal para muitos especialistas em Imunologia, nomeadamente orientais. E que em momentos como este a nossa auto-estima se eleva e sentimos que a nossa cidade tem um imenso potencial que por vezes não é valorizado, que são aqueles que cá vivem e que diariamente dão o seu melhor ao trabalho que desenvolvem.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Livros - "A Ninfa Inconstante"


Um livrinho pequeno, quase "de bolso", que resolvi ler durante as férias passadas. Escrito por um Cubano - Guillermo Cabrera Infante - conta-nos uma história de amor (ou será de paixão?), na calma que geralmente antecede as tempestades violentas, neste caso a revolução.

É uma história feita de muitas histórias, apesar da sua simplicidade.

Claro que uma história de amor latina, num país com a riqueza cultural que tem Cuba, tem todos os ingredientes para ser bela.

Sobre a escrita, uma palavra: cativante! Mas fiquei com a nítida sensação que o livro perde (e muito!) com a tradução. Algumas passagens só fazem mesmo sentido se as traduzirmos para Castelhano enquanto lemos; apesar de um trabalho esforçado do tradutor e das notas que junta, ainda assim perde-se informação. Tanto que, logo que possa, vou comprar uma versão original e relê-lo...

O Crime! (ou gente com os nervos em franja)


Parece que a IKEA - gigante multinacional do mobiliário low-cost - mudou o tipo de letra da sua insígnia. Nada de especial, se considerarmos que a empresa tem mais de 60 anos e que é relativamente comum nos dias de hoje as empresas procederem a "refrescamentos" da sua imagem.

Mas eis que, neste caso, alguns clientes da marca deram pela "marosca" e não gostaram! E vai daí, têm protestado pelos meios à sua disposição.

Eu confesso que podia olhar 1000 vezes para a nova insígnia e não daria por nada. Mas pelos vistos há consumidores que levam o lettering das marcas que consomem muito a sério. Talvez até, um nadinha demais...

Podem ficar com uma ideia melhor do sucedido aqui.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Foguetório


Não vai ainda longe o tempo em que a vida cultural de um grande número de aldeias por todo o País consistia em 1 ou 2 festas anuais. Nestas ocasiões, quebrava-se a rotina do resto do ano - que consistia apenas em trabalho, de sol a sol, e um ou outro bailarico na tasca ao sábado à tarde - e toda a gente participava na festa. Durante os dias em que esta(s) durava(m), o povo reunia a família e amigos, cozinhavam-se iguarias, dançava-se, bebia-se. Para depois regressar á rotina.

Mas isto era há anos atrás. E, como referi, principalmente em meios mais pequenos, onde o défice de acctividades culturais dava a estas manifestações uma enorme importância para quem as vivia.

Hoje, apesar de ainda existirem festejos deste tipo um pouco por todo o país, já não têm nem a importância nem a afluência de outros tempos.

Por isso me custa um bocado perceber que se façam festejos com este figurino na Guarda: acontece no Bairro de São Domingos, na Póvoa do Mileu e no Bairro da Senhora dos Remédios (estes pelo menos são os que me lembro). Podem representar muito para quem lá vai, mas francamente acho pobre, nos dias de hoje, numa cidade com a oferta cultural como tem a Guarda, que se faça uma festa que consiste essencialmente em música, carne assada e bebidas em copos de plástico.

Porém, como só lá vai quem quer, até era suposto este ser um Post sobre um assunto que não me diz respeito! Do tipo: "Não gostas, não vais, que também não fazes lá falta nenhuma, seu pés-de-chumbo!!!". Não fora um pequeno - grande!!! - pormenor: o foguetório.

Confesso que sábado deitei-me um bocado tarde. E que gosto de me levantar lá pelas 10 ao Domingo, dormir até um pouco mais tarde. Este é de resto um prazer que invoco quando me convidam para um passeio de BTT, que geralmente são aos Domingos de manhã. E neste Domingo, acordado pelo foguetório, fui privado do meu pequeno prazer, o que me chateou um bocado. Mais ainda quando não encontro qualquer motivo para esse incómodo: era assim tão difícil fazer uma festa sem foguetes? Era assim uma mudança tão grande?

É que se nas festas das aldeias de há uns anos, como disse, eram dias em que toda a gente participava, o mesmo não acontece em nenhuma destas festas que citei: o número de pessoas da Guarda que lá vão é baixíssimo. Por que é que todos temos de levar com o barulho do foguetório logo pela manhã? E não tinha sido proibido, durante a época de fogos florestais, o uso de foguetes?

Francamente, acho muito bem que as pessoas façam as suas festas e que quem quer se vá lá divertir, se isso as satisfaz. Mas gostava que se começasse a abandonar esta coisa dos foguetes, que não tem utilidade nenhuma a não ser fazer barulho, privando alguns do descanso a que têm direito, assustando todo o tipo de animais (domésticos e selvagens) e pondo (desnecessariamente) em perigo a floresta.

Por isso, a lei que obriga a licenciar este tipo de actividade - refiro-me ao lançamento de foguetes - deve ser entendida como uma excepção à regra; e a regra deve ser respeitar as pessoas e o seu direito a usufuir do ambiente.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Estacionamento


Hoje acordei com uma notícia sobre estacionamento: parece que na sessão de ontem da Câmara Municipal foi amplamente discutida a cedência ou não de um lugar reservado para a carrinha de campanha da candidatura do PSD às autárquicas. Com muita pena minha, o pedido acabou por ser recusado. Não que eu ache que privados devam ter direitos especiais em espaços públicos. Ou mesmo instituições - ou os seus funcionários - devam ter tratamento preferencial face aos demais cidadãos na fruição de um espaço que é de todos. Não! Tenho pena porque, com o rumo que as coisas levam, vejo aproximar-se cada vez mais o dia em que eu próprio terei um espaço de estacionamento só para mim! Perguntar-me-ão: "Oh Rui! Então mas com que mérito ou direito terás tu um lugar privado de estacionamento???" E assim postas as coisas, é bem verdade que nada fiz para me tornar merecedor de tal honraria. Mas eu explico: com o rumo que as coisas têm tomado nos últimos anos, a maior parte das pessoas já tem um lugar privado de estacionamento; basta esperar um pouco mais até eu ser o único que o não tem. E nessa altura, o lugar que sobrar - seja lá onde fôr - é meu, uma vez que mais ninguém precisará dele.



PS: tudo isto é um claro exagero para dizer que discordo por completo da atribuição de lugares de estacionamento públicos; são bens de todos, construídos e mantidos com dinheiro do Estado, e como tal não acho bem estas distinções "bacocas" de atribuir lugarzinhos de estacionamento; salvo, obviamente, excepções devidamente regulamentadas: a reserva de estacionamento para pessoas com comprovadas dificuldades motoras, veículos oficiais das forças de segurança e protecção civil (carros patrulha, ambulâncias, etc) e casos verdadeiramente excepcionais.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Ciência na Guarda


Foi recentemente publicado no Journal of immunoassay & immunochemistry um artigo relativo a um trabalho de investigação integralmente conduzido e produzido na Guarda, no Serviço de Patologia Clínica do Hospital Sousa Martins. O facto prova que é importante que a Guarda tenha instituições e pessoas interessadas e motivadas para produzir conhecimento (fazer ciência) e não em atingir estatísticas. E prova ainda a importância de fixar na Guarda Quadros Técnicos, que lhe dêm uma dimensão e projecção internacional.

A Guarda já foi a cidade da saúde, no contexto português; e teve, por isso mesmo, um Hospital/Sanatório de grande importância à época. Hoje, o Hospital prepara-se para crescer e é importante que sirva uma população que já hoje é bastante envelhecida - com tendência para o ser cada vez mais - mas também é importante como instrumento de desenvolvimento a vários níveis, entre eles a afirmação da região como produtor de serviços globalmente transacionáveis e de conhecimento - factores que não são sensíveis à localização geográfica.


(Declaração de Interesse: Patrícia Fonseca, uma das autoras do trabalho, é minha mulher; a importância deste trabalho tem todavia sido reconhecida a vários níveis: foi a base da tese de Mestrado que defendeu em Dezembro passado com nota máxima e foi apresentado em Congressos Internacionais de Imunologia, tendo recebido inclusive um convite para ser apresentado pelos autores)

sábado, 22 de agosto de 2009

(In?) Justiças

1. Foi por estes dias libertado, por razões humanitárias (cancro em fase terminal) um dos autores materiais do atentado de lockerbie, que havia sido condenado a prisão perpétua por um tribunal Inglês. Apesar de os nosso instintos mais primários nos poderem sugerir que alguém que comete uma monstruosidade daquelas não merece qualquer consideração (ou que merece uma morte lenta e dolorosa), manda a elevação que se reconheça que só uma democracia plena e avançada (como a Inglesa) teria aquela atitude! É obviamente "perturbador" (como referiu o Ministro Inglês da Justiça) ver alguém que cometeu tamanha ignomínia ser recebido como heroi nacional, mas essa é outra questão. Para mim, acho que é uma grande lição que o Reino Unido deu ao mundo, inclusive aos Estados Unidos, apesar das críticas do seu Presidente. Que não podemos estranhar, tratando-se de uma nação que mantém no seu ordenamento jurídico a pena de morte.
2. Ouço e leio muitos comentários, a propósito do (mau) funcionamento da nossa justiça, clamando que neste ou naquele caso, por vezes por "dá cá aquela palha", teria de ser aplicada prisão imediata. Devemos entender que no nosso sistema jurídico a privação da liberdade é a pena maior que pode ser aplicada, donde deve ser inequívoca a gravidade da situação em que pode ser utilizada. Por isso, essa atitude de "deviam era ser presos", ou "a polícia deteve-os mas o juiz libertou-os no dia seguinte e aguardam julgamento em liberdade" irrita-me um bocado e cheira-me nalguns casos ao pior que havia no regime "da outra senhora". Mas não posso compreender de todo que os responsáveis pelo tiroteio da semana passada na Rua da Corredoura (na Freguesia de São Miguel) aguardem julgamento em liberdade, com termo de identidade e residência!!! Trata-se de gente que disparou mais de 10 tiros numa das zonas mais densamente povoadas da cidade, em pleno dia; sei que várias pessoas temeram pela sua segurança (a "peripécia" foi-me contada pelos meus Pais, na primeira pessoa). Então uma pessoa que é capaz de uma atrocidade daquelas, no meio da cidade, passeia-se calmamente pela rua? Que sentimento de segurança transmite o Estado aos seus cidadão nestas circunstâncias? É este o contrato social que tem com os habitantes e transeuntes daquela zona?

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Candidatos


E pronto: estão lançados os nomes que compõem as listas de candidatos à Câmara da Guarda, Juntas de Freguesia e Assembleia Municipal. Uns eram esperados, outros talvez não...

Há quem clame por outros actores, mas rien ne va plus: os dados estão lançados e é com eles que vamos jogar, que é o mesmo que dizer que são estes os candidatos entre os quais vamos ter de escolher. De entre eles, sairão os que guiarão os destinos da Autarquia nos próximos anos.

Confesso-me do lado dos indecisos: de um lado um líder forte com uma equipa fraca, do outro um líder fraco com uma equipa mais forte; depois há os que vêm só para baralhar as contas, em nome da pluralidade - e bem!

Agora, aguardam-se programas. Mas antes teremos um problema mais grave a resolver: o do Governo. E aqui as contas serão mais complicadas...

Duas notas finais: 1) tenho andado "desligado" da actualidade, por motivos profissionais, desde há 2 semanas; por isso não sabia da recusa de Ricardo Neves de Sousa em integrar a lista de deputados do PSD à Assembleia Municipal. Conheço o Ricardo, já tive oportunidade de trabalhar com ele, sei o que vale; a imprensa local reconhece que é um dos deputados cessantes com mais intervenções (preparadas, não para dizer disparates no calor do momento); e quando se sabe o que se quer, quando os planos e a ambição dependem de seriedade intelectual e credibilidade, é preciso saber qual a hora de avançar, mas também quando parar; 2) á campanha "local" está no início, mas a máquina de comunicação de J. Valente está neste momento anos-luz à frente da de C. Carvalho - e não sou eu o primeiro a dizê-lo; estará C. Carvalho a pagar por ser um independente que leva nas suas listas um número significativo de cidadãos com igual estatuto...? Ou a máquina do PSD perdeu o fulgor que lhe conhecíamos?

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Comentadores


A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) emitiu uma recentemente uma directiva que vem impedir os candidatos eleitorais de manterem espaços de opinião/debate em órgãos de comunicação social. Tudo em nome, claro está, de uma causa maior: a igualdade de oportunidades enter os diversos candidatos.
E assim se passa um atestado de menoridade aos chefes de redacção, conselhos editoriais ou quaisquer que sejam os órgãos de que os diversos media dispõem para decidir o que publicam/difundem ou não!
É nestes aspectos que o nosso Estado revela o que de pior tem: intromete-se demasiado nas escolhas individuais de cada um.
Que este tipo de limitação exista nos media controlados pelo Estado, ainda posso aceitar; agora em meios de comunicação privados, em que devem prevalecer as escolhas individuais, já não compreendo. Não acho aceitável que o Estado possa interferir na escolha de quem pode ter ou não voz num meio de comunicação que eu só ouço ou leio se quiser.
Obviamente que quando um editor decide convidar ou publicar determinada pessoa é porque reconhece que as suas opiniões interessam ás pessoas a quem chegam; se não o faz em relação a outras pessoas, é porque não lhes reconhece essa capacidade. Sucede porém que hoje existe, mesmo à escala regional, uma quantidade de rádios, jornais, etc. que assegura um mínimo de concorrência. Que faz com que fique assegurada a tal igualdade de oportunidade. Não acredito que uma pessoa com opiniões e dotes que lhe permitam participar em programas de debate ou opinião seja ostensivamente impedido de manifestar as suas opiniões nos diversos órgãos de comunicação social que chegam a determinada região!
Trata-se de mais um caso, infelizmente ainda frequente na nossa Democracia, em que se entende que igualdade é tratar de forma igual realidades diferentes. Com desprezo pela diferença a que todos temos direito!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Disponível

Uma das originalidades da nossa política, é a "disponibilidade" dos seus actores. O que é isso da "disponibilidade"?
Eu explico: sempre que algum político quer muito ocupar determinado cargo, não diz simplesmente, em público ou dentro do seu partido "Olhem, eu gostava muito de ser Presidente da Câmara"; tenho uma série de projectos que gostava de concretizar, tenho as ideias x e y para o município, e teria muito gosto em as colocar em prática". Não! Isto seria ser demasiado cândido. Tanto, que provavelmente as pessoas desconfiariam de ocultas segundas-intenções. Então é aí que entra a disponibilidade. Com o pretendente a candidato a declarar-se publicamente "disponível" para determinado cargo ou, ainda mais discretamente, "disponível" para os combates políticos que se avizinham.
É que assim, fica na posíção de prestar um grande favor a quem o escolhe como candidato e quiçá mesmo a quem o elege. Como se de um sacrifício pessoal se tratasse!
É assim, que Crespo de Carvalho e Joaquim Valente começaram por "estar disponíveis"; depois de os Partidos muito insistirem com eles, lá acederam à maçada de serem candidatos à Câmara da Guarda. Claro que esta é uma situação que se verifica em todo o lado, não é só por cá...
Não seria mais claro e honesto dizer claramente às pessoas as suas intenções? A política tem mesmo de ser este jogo de meias-palavras que toda a gente sabe o querem dizer, mas que ninguém se compromete a dizê-las?

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Falar Claro


Folheando um exemplar atrasado do jornal "O Interior", dei de caras com uma entrevista a uma Psicóloga Escolar, na rúbrica "Falar Claro".

À pergunta "O que faz uma Psicóloga Escolar", a Senhora respondeu: "A Psicóloga Escolar desenvolve as suas actividades de acordo com o preconizado pelo Decreto-Lei nº 190/91 de 17 de Maio".

Isto sim, é falar claro. Eu até diria mais: quem assim fala não é gago!

Associação Comercial da Guarda


Acabo de ver no "Terras da Beira" de hoje a notícia que dá conta que a Associação Comercial viu os seus bens serem penhorados por dívida a um ex-funcionário. É uma notícia que me deixa triste, porque dá uma ideia do estado a que chegou a capacidade financeira e a credibilidade de uma Instituição centenária, com um Património - não físico, mas de realizações e memórias - vasto.

A Associação Comercial (ACG) foi o meu primeiro empregador "a sério". Digo "a sério" porque os que tive anteriormente apenas serviram para saber o que não queria fazer e o que é trabalhar sem gosto naquilo que se faz. Por isso, guardo óptimas recordações do tempo que lá trabalhei.

Quando lá cheguei, em finais de 1996 encontrei uma equipa fantástica, das melhores que conheci até hoje! E quem tem a mínima noção do que é a gestão de organizações sabe bem do que falo quando digo que um dos maiores desafios actualmente é precisamente a constituição de equipas que funcionem como tal, que se possam ver como um "ente" autónomo de cada uma das pessoas que o compõem. Tive o privilégio de, por algum tempo, fazer parte dessa equipa cujo valor era reconhecido nas Instituições nacionais com quem nos relacionávamos: CCR (actualmente CCDR), Direcção-Geral do Comércio, Confederação do Comércio de Portugal, para citar as mais frequentes.

A ACG contava nessa altura com a capacidade analítica e conhecimento da realidade empresarial do Rui Vila Flor, com a competência em matéria de Formação Profissional do Fernando Marques, com a entrega na organização de eventos do Luis Salvador, com o rigor na gestão e estratégia do Dr. Pina Coelho; mas também com o apoio inestimável da Estela e do Sr. Ivar. Era esta a equipa que levava o barco para a frente e que, com o apoio das Direcções esteve na génese da Escola Profissional, da requalificação do aparelho comercial da zona histórica do PROCOM (que apenas abrangeu as empresas, já que os investimentos públicos que a Câmara Municipal se comprometeu a fazer estão até hoje à espera de serem feitos, apesar de ter tido apoios de vulto contratualizados que entretanto perdeu), de milhares de horas de formação ministrada a empregados e desempregados, de concursos de montras, animações de rua, recuperação do edifício da antiga Escola Comercial onde passou a ser a sede da associação, entre outros projectos levados a cabo.

Atrevo-me a dizer que, face à minha experiência dessa altura na representação da ACG, esta tinha muito mais crédito fora da Guarda do que por cá! Mas isso se calhar não é de estranhar...

Havia um princípio estratégico, imposto pelo Secretário-Geral e sempre secundado pelas Direcções, que estava na base de todas as decisões que se tomavam: não se avançava com a realização de qualquer projecto sem estar assegurado o seu financiamento. Desta forma, apesar de por vezes haver atraso nos recebimentos e consequente atraso em pagamentos, a situação nunca chegava a ser preocupante e era aceite pelos fornecedores.

Mas a partir de determinada altura este princípio deixou de ser aplicado: fizeram-se avultados investimentos cujo financiamento não estava garantido; usou-se para isso financiamento para outras actividades, que ficaram por sua vez "descobertas", o que acabou por gerar as enormes dificuldades de tesouraria que hoje a ACG conhece. Ao mesmo tempo, os responsáveis mostraram-se incapazes de motivar ou sequer manter em funcionamento a fantástica equipa de que dispunham. Tudo isto, como uma bola de neve, redundou num conjunto de dificuldades sucessivas até chegarmos ao ponto em que hoje a associação se encontra... É triste para a cidade, para os seus comerciantes; mas especialmente para mim e, tenho a certeza, para todos os que lá trabalharam com imenso esforço, mas um orgulho ainda maior.

Penso que, numa atitude de reflexão no mínimo responsável, caberá hoje perguntar a quem serve a ACG. Se faz sentido ainda a sua existência no contexto actual. Quais serão as saídas para a situação que vive.

Dos órgãos eleitos fazem parte cidadãos/empresários considerados na Guarda. Deles não se espera outra atitude que não seja a de esforço na busca de soluções para aquele imenso património. Mas todos os comerciantes, principalmente os associados, devem reflectir no que querem fazer da ACG, que é sua por direito.

Ao que chegámos...


Pacheco Pereira, em artigo publicado no "Público" a 11 de Julho fez uma caracterização do que significa hoje pertencer a um Partido Político. Em tom bastante duro!

Depois de ler o artigo, reconheço que concordo com muito do que Pacheco Pereira diz, com a reserva de ser sempre muito injusto generalizar comportamentos, principalmente para aqueles que pautam a sua actuação, na política como na vida, pela rectidão na observação de princípios.

Recordo que após alguma proximidade com uma das "jotas" no final da adolescência, cedo me desencantei e percebi que fazer intervenção cívica naquele ambiente era extremamente redutor, e que claramente os jogos de interesses, agendas de poder pessoal e a cultura de "carreirismo" se sobrepunham claramente a opções ideológicas e à procura de soluções para melhorar a democracia... Por isso mesmo, quando há pouco tempo me sondaram sobre a disponibilidade para colaborar com um Partido, a minha resposta foi imediatamente negativa. Estarei sempre disponível para apoiar projectos em que acredite, promovidos por Partidos ou outras entidades, mas no estado actual de coisas, não posso em consciência comprometer-me com um Partido, qualquer que ele seja.

Estranho que o artigo de Pacheco Pereira não tenha sido comentado na Praça; para mim, a sua frontalidade e mesmo violência merecem reflexão. Todavia, ou passou despercebido ou por qualquer estranho motivo todos olharam para o lado e assobiaram, que isto não é nada conosco...

O artigo pode ser lido no Blog de José Pacheco Pereira, aqui.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Ainda a Beirartesanato



Na semana passada, 2 entrevistas a outros tantos jornais locais sobre este evento: Pedro Tavares, Presidente do Nerga e Lurdes Saavedra, Presidente da Pró-Raia confirmam nas respectivas entrevistas aquela que foi a minha impressão sobre a feira e consideram que a actual localização é uma aposta ganha, devendo ser mantida esta opção.

Esta é também a minha opinião, expressa no meu anterior Post.

Das 2 entrevistas, recheadas dos já habituais lamentos, há um outro ponto que me permito destacar: quando Pedro Tavares diz que é necessário investir na criação de um evento que pela sua dimensão contribua para a afirmação da Guarda no plano regional, com a ambição de evoluir para o plano nacional - dando como exemplo o Festival Internacional do Chocolate em Óbidos - estou inteiramente de acordo com ele! Não acredito é que esse evento possa ser nos moldes em que tem sido feita a Beirartesanato...

Espero que a equipa do Nerga consiga evoluir nesse sentido, porque é de algo assim que a Guarda precisa para aparecer e se afirmar.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

XIX Beirartesanato



Na semana passada decorreu no espaço do Parque Urbano do Rio Diz mais uma edição da Beirartesanato.

Confesso que quando soube da mudança de localização - costumava realizar-se no Jardim José de Lemos - fiquei bastante reticente: achei que retirar o evento do centro iria pejudicar a sua visibilidade e com isso fazê-la perder visitantes, porque a zona da Estação ainda é relativamente periférica. Nem fiquei muito convencido quando ouvi o Sr. Presidente da Câmara dizer que a cidade é hoje policêntrica e que o que se fez foi aproveitar esse facto e mudar a feira para uma das outras "centralidades" da cidade. Não fiquei nessa altura, nem o estou agora, que constatei o sucesso da mudança de localização da feira. Que muito se deve ao programa de animação da feira, que foi na minha opinião o principal motivo para o sucesso - em termos de número de visitantes - que ela teve. Desloquei-me lá 3 ou 4 noites e em qualquer delas pude verificar que havia muita gente. Não tenho conhecimento do número estimado de visitantes, mas do que vi parece-me que há-de ter sido superior ao de anos anteriores, o que traduzido em potencial de negócio traz um incremento importante ao evento. Por outro lado, o facto de se tratar de um espaço amplo, bem tratado e com bastante estacionamento também há-de ter contribuído para o sucesso da edição deste ano.
Mas constatei também que a zona que geralmente denominamos "centro da cidade" esteve praticamente deserto durante o tempo em que o evento decorreu, o que contraria o tal policentrismo...
Assim, parece-me previsível que a localização se mantenha em próximas edições, com benefício para visitantes, expositores e organização, e sem os prejuízos na circulação de automóveis e estacionamento que a realização da feira no centro da cidade sempre traz. Parabéns à Organização pela iniciativa e, mais importante, por continuarem o seu esforço na melhoria da organização da feira.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Os meus GPS



Descobri as enormes vantagens da utilização da navegação por GPS em 2000, quando ganhei num concurso um GPS portátil da Magellan. Depois, em 2002, após ter adquirido o meu primeiro PDA, passei a utilizar programas de navegação concebidos para aqueles aparelhos. Foi assim que, por essa altura, descobri o Route66 e o TomTom. Apesar de não terem todas as capacidades dos programas mais modernos, eram na altura perfeitamente revolucionários. Tinham até falhas que fazia com que fossem complementares: por exemplo em Portugal o Route66 era superior, porque tinha melhor cartografia, indicações mais precisas e mais pontos de interesse. Já em Espanha a conversa era outra: o TomTom parecia estar em casa, principalmente nas grandes vias dentro de cidades médias/grandes, onde planear uma mera inversão de sentido era um quebra-cabeças para o Route66. Bons tempos!
Entretanto veio o Eng. Guterres e com ele as auto-estradas a que foi fácil habituarmo-nos. Quando isso aconteceu e foi preciso mudar de programa descobri o Viamichelin. Hoje é apenas um site para planeamento de roteiros e encontrar hoteis e restaurantes, porque entretanto abandonaram a comercialização de Software. Mas quando apareceu foi um enorme avanço, porque além da boa cartografia tinha uma enorme base de dados de pontos de interesse: restaurantes (com classificação), hoteis, monumentos, etc. Era fantástico! Era a única maneira de, por exemplo, estar a chegar a Barcelona (pela hora do lanche), a minha mulher me dizer que lhe apetecia um bolo de chocolate da Cafetaria do El Corte Ingles e eu conseguir ir lá direitinho, lanchar, e retomar o meu caminho sem perder 4 ou 5 horas!
Este ano, antes da aventura de férias, vi-me na necessidade de um novo Software de Navegação, qe o ViaMichelin já era de 2004 ou 2005 e de lá para cá as coisas, parecendo que não, mudaram bastante. Confesso que se a Michelin ainda estivesse no mercado, não tinha pensado 2 vezes; como não é o caso, a escolha acabou por recair no NDrive, já que mais não seja pelo facto de ser tecnologia inteiramente portuguesa, mas também porque fiquei com muito boa ideia das apresentações que vi. E não dei o dinheiro por mal empregue! Do que usei até agora, gostei bastante do programa: muito informação no ecrã (e bem arrumada), boa legibilidade, indicações precisas e um manuseamento muito giro, permitindo que se "arraste" o ecrã, quase tipo iphone. Como não há bela sem senão, ainda não consegui pôr a trabalhar o sistema de actualizações automático, tendo solicitado assistência para o fazer; vamos ver como se resolve...
De resto, posso recomendar: se procuram um software fácil de usar, que dá imenso jeito sempre que se tem de ir a um sítio com o qual não estamos familiarizados, e querem a versatilidade que um sistema que corre sobre um PDA pode dar, não ficarão desiludidos com o NDrive. Além de que podemos sempre usá-lo com o orgulho de estarmos a usar um produto tecnologicamente evoluído que foi criado logo ali acima, no Porto.