Ontem à noite, no programa de Paula Moura Pinheiro, Câmara Clara, o convidado foi Luis Sepúlveda. Nascido no Chile, viveu por dentro a revolução de Allende, e após conhecer as agruras da estúpida ditadura de Pinochet, tornou-se, por força do exilio a que foi votado, um cidadão do mundo.
O primeiro livro que li de Sepúlveda foi "O Velho que lia Romances de Amor", a história improvável de um homem que, nos confins da Amazónia, votava o seu tempo livre a um vício inconfessável. Uma história enternecedora que é também uma grande lição sobre o respeito pela Natureza, em todas as suas expressões! Pelo menos é assim que o recordo, uma vez que já lá vão mais de 10 anos. Se calhar era boa ideia reler... Para todos os efeitos, é um livro que recomendo, a par com "A História de um Gato e da Gaivota que o ensinou a voar", a todos, especialmente em dias como estes 3 ou 4 últimos, que puxam a "melancolia"...
A entrevista, que pode ser vista no site do programa, foi muito interessante, como o são geralmente as entrevistas a Homens com vidas tão ricas quanto este de que falo. Retive todavia 2 aspectos que me tocaram especialmente:
- a confissão de que, após o exílio, a volta é sempre muito dolorosa e acompanhada de uma sensação de não ser aquele o seu lugar de origem, pois as memórias congelam-se e não evoluem como os lugares e as gentes, ao longo dos anos; tenho pensado nisso a propósito de algumas iniciativas de "re-encontro de antigos alunos", a que dedicarei um post futuro;
- a constatação do autor de que os eventos mais significativos, a nível mundial, na área da literatura - mas que pode ser estendido a outras artes - são geralmente realizados em cidades pequenas; isso dá-lhes especial encanto, pois em comunidades mais pequenas a vivência do evento é mais generalizada a todos... Por outro lado, um evento destes, pode dar aos locais onde se realiza uma projecção com impacto muito superior àquele que daria a uma grande cidade, por exemplo uma capital.
Achei esta constatação muito importante e interessante para ser pensada e discutida numa cidade como a Guarda. Espero que outros tenham visto o programa e tido a mesma ideia.
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