quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Logística


Em posts anteriores tenho-me mostrado crítico relativamente à gestão que se tem feito do processo "Plataforma Logística". Não é que tenha sido mal gerido - não tenho informação suficiente para concluir por esta tese - mas entendo que, face à potencialidade que tem e que esteve na base da decisão de a criar, o processo tem sido mal conduzido.

A minha principal apreensão tem sido pelo que os responsáveis - o Presidente da Câmara que é também Presidente do Conselho de Administração - revelam conhecer da área da Logística. Nas intervenções que tenho ouvido ou lido, frequentemente a Logística é confundida com Distribuição, sendo esta uma parte (pouco significativa, de resto) daquela.

Algumas definições importantes e artigos interessantes sobre o tema podem ser vistos aqui.

Mas o que me levou a voltar ao assunto foi a resposta da Presidente da Associação Portuguesa de Operadores Logísticos à pergunta "Que balanço faz da rede de plataformas do Portugal Logístico (...)?".

Respondeu Carla Fernandes que a preocupação principal na criação desta rede foi a de disponibilizar infra-estruturas físicas, e que a principal definição de logística assenta "(...) nos fluxos de informação.". Diz ainda que, "mais importante que as infra-estruturas físicas são os conhecimentos utilizados para desenvolver a actividade e também os sistemas de informação. É com estas duas ferramentas que se coneguem agilizar os processos da logística integrada. Isso é muito mais importante do que qualquer tipo de infra-estrutura física."

Para quem acompanhe o assunto, estas declarações não constituem qualquer novidade. Mas contradizem os discursos que temos ouvido sobre o assunto e a sua importância para a Guarda.
Assim, mantenho e reforço a minha opinião de que, no imediato, o que assume maior importância a curto prazo para o desenvolvimento da cidade e a criação de postos de trabalaho é a Área de Localização Empresarial, sendo a PLIE um projecto estratégico que demorará a dar frutos e que requer uma gestão especializada, nomeadamente no que toca à captação de investidores, promoção no mercado global, etc. São necessários instrumentos de planeamento que suportem todas as decisões relativamente a este processo. Sob pena de se tornar, como promete, e com muita pena minha, um "elefante branco"...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Governador Civil



Na quinta-feira passada, o Conselho de Ministros decidiu nomear Santinho Pacheco Governador Civil da Guarda. Apesar de previsível, só nessa altura foi possível desfazer as dúvidas que ainda existiam sobre a nomeação, depois de se ter ficado a saber que Maria do Carmo Borges não iria continuar.

Gostei de ouvir a reacção de Santinho Pacheco: dizer que era algo que ambicionava e que ficou muito feliz com a nomeação é um bom princípio. Pelo menos foi genuíno na sua reacção. Não foi a hipocrisia que tantas vezes se ouve, "esgadanhando-se" pelo lugar para depois vir dizer que é com grande sacrifício que aceita, mas que é obrigação de quem se dedica à causa pública. Claro que é obrigação; mas isso não faz do cargo um peso que tem de se suportar! Mas sobre esse assunto já disse o que tinha a dizer.

Não conheço Santinho Pacheco. Mas, dos putativos "nomeáveis", sempre tive a impressão que era o que tem mais perfil político (ou, se quisermos ir mais longe, ideológico), pelo que era o candidato que melhor encaixaria no perfil que o Governado Civil deve ter, pelo que conheço da sua participação cívica; claro que isso às vezes não chega...

Espero pois, que o Homem que ambicionava o cargo e se sentiu recompensado com ele o desempenhe com elevação e se mantenha feliz nas suas novas funções.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Vai uma apostinha...?


Foi recentemente divulgado mais um escândalo no mundo do futebol. Parece que se chegou à conclusão que, em mais de 200 jogos os resultados foram previamente combinados e corrompidos jogadores, treinadores e árbitros para os obter. E quem corrompeu? Adeptos? As próprias equipas com interesse em ganhar os jogos? Não.

A origem deste esquema tinha aparentemente origem em esquemas ilegais de jogo. Ou seja, combinavam-se os resultados, apostava-se e ganhava-se! Simples, não é?

E alguém ainda se admira com isto? Não são as próprias equipas, a UEFA, as televisões, etc. que abrem as portas a todo o tipo de empresas de apostas (online e não só) no mundo do futebol? E que nem adeptos nem dirigentes têm nada a obstar, porque o que interessa é que entre dinheirinho?

Abrem-se as portas do galinheiro às raposas e admiram-se com os resultados?

Pessoalmente, acho que actualmente o mundo do futebol é um logro; os clubes são autênticos sumidouros de dinheiro, dados a todos os tipo de esquemas financeiros, onde a componente desportiva é mais do que marginal. Por isso, é um desporto que não acompanho e que francamente pouco tem de "desportivo". É apenas espectaculo para as massas. Respeito obviamente quem aprecia, mas não levanto os olhos de um bom livro para ver futebol.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Remédios


Comemora-se amanhã o "Dia Europeu do Uso Racional do Antibiótico". Parece que a CE se viu na obrigação de lançar aos cidadãos um alerta, que há muito é conhecido na comunidade científica, e que tem que ver com a crescente agressividade das bactérias multi-resistentes. Para quem não sabe o que são, direi sucintamente que se tratam de micro-organismo que, por via da sua evolução, se tornam resistentes aos antibióticos. O que nos deixa completamente indefesos quando infectados. Imagine, no futuro, a imensa ameaça que representarão estes micro-organismos, se nenhum dos medicamentos actualmente em uso fôr efectivo contra doenças que hoje consideramos relativamente triviais - porque de fácil tratamento - fôr capaz de nos ajudar a debelar as infecções por eles causadas!

E já há casos gravíssimos conhecidos: a tuberculose multiresistente, na Rússia, é actualmente uma enorme dor de cabeça para as autoridades de saúde, a ponto de terem já avisado os outros países para terem muito cuidado relativamente a imigrantes, numa tentativa de conter o contágio. E isto numa doença que, como se sabe, é de contágio relativamente fácil.


O fenómeno tem a ver com vários factores: o uso indevido e/ou indiscriminado de antibióticos - por exemplo não seguir as instruções de toma, duração, etc, bem como a automedicação - mas também o crescente recurso a antibióticos nas explorações animais, introduzindo-se assim na nossa cadeia alimentar de forma quase imperceptível.

De acordo com o Expresso, Portugal está em nono lugar no ranking da UE dos países onde se prescrevem mais antibióticos. Que representou no ano passado um encargo de 69 milhões de Euros, só em antibióticos consumidos fora dos hospitais!


Portanto, cabe-nos a nós, consumidores, sermos mais criteriosos e rigorosos no que toca ao consumo de antibióticos. E mais exigentes e vigilantes, no que toca ao uso destes medicamentos nas explorações animais que se destinam ao consumo humano.

Amanhã é pois o dia para reflectirmos sobre o assunto. E já agora gostava que especialmente os clínicos reflectissem também, já que são eles os responsáveis pela prescrição deste tipo de medicamentos...

Rodrigo Leão


Rodrigo Leão apresentou no sábado passado, na Guarda, algumas músicas do seu último album "A Mãe", num espectáculo no TMG. Que se encheu para ouvir!


Descobri a sua música com o album "Cinema"; os albuns anteriores, francamente, nunca me chegaram a cativar. Mas a partir de Cinema - um album que tem algo de conceptual - melhorou bastante.

Rodrigo Leão é, na minha opinião, um dos melhores compositores portugueses da actualidade. Talvez por, entre os instrumentos utilizados pelo "Cinema Enseble", que o acompanha e para o qual compõe, estarem os meus favoritos: o piano e o violino. Não aprecio particularmente a viola de arco, mas resulta bem no conjunto. E o acordeão - um instrumento geralmente mal-amado, mesmo entre os músicos profissionais, pelo menos os de formação mais clássica - resulta ali vibrante, cheio de vida.


Também a voz de Ana Vieira encantou a sala: uma voz forte nos graves, mas capaz de subir com uma doçura incomum.


Uma última nota: é muito interessante - e resulta magnificamente ao vivo - o mesmo compositor escrever para português (e variante brasileira), castelhano, inglês, francês, etc. E fazer colar cada música à língua a que se destina.

Se não tiveram oportunidade de ver o espectáculo, pelo menos comprem o Album e escutem, no carro ou em casa. Vale muito a pena!!!!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Luis Sepúlveda


Ontem à noite, no programa de Paula Moura Pinheiro, Câmara Clara, o convidado foi Luis Sepúlveda. Nascido no Chile, viveu por dentro a revolução de Allende, e após conhecer as agruras da estúpida ditadura de Pinochet, tornou-se, por força do exilio a que foi votado, um cidadão do mundo.


O primeiro livro que li de Sepúlveda foi "O Velho que lia Romances de Amor", a história improvável de um homem que, nos confins da Amazónia, votava o seu tempo livre a um vício inconfessável. Uma história enternecedora que é também uma grande lição sobre o respeito pela Natureza, em todas as suas expressões! Pelo menos é assim que o recordo, uma vez que já lá vão mais de 10 anos. Se calhar era boa ideia reler... Para todos os efeitos, é um livro que recomendo, a par com "A História de um Gato e da Gaivota que o ensinou a voar", a todos, especialmente em dias como estes 3 ou 4 últimos, que puxam a "melancolia"...


A entrevista, que pode ser vista no site do programa, foi muito interessante, como o são geralmente as entrevistas a Homens com vidas tão ricas quanto este de que falo. Retive todavia 2 aspectos que me tocaram especialmente:

- a confissão de que, após o exílio, a volta é sempre muito dolorosa e acompanhada de uma sensação de não ser aquele o seu lugar de origem, pois as memórias congelam-se e não evoluem como os lugares e as gentes, ao longo dos anos; tenho pensado nisso a propósito de algumas iniciativas de "re-encontro de antigos alunos", a que dedicarei um post futuro;

- a constatação do autor de que os eventos mais significativos, a nível mundial, na área da literatura - mas que pode ser estendido a outras artes - são geralmente realizados em cidades pequenas; isso dá-lhes especial encanto, pois em comunidades mais pequenas a vivência do evento é mais generalizada a todos... Por outro lado, um evento destes, pode dar aos locais onde se realiza uma projecção com impacto muito superior àquele que daria a uma grande cidade, por exemplo uma capital.
Achei esta constatação muito importante e interessante para ser pensada e discutida numa cidade como a Guarda. Espero que outros tenham visto o programa e tido a mesma ideia.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Novo Executivo Camarário


Apesar de a tomada de posse ter sido durante a semana passada, só há alguns dias tive a oportunidade de ouvir na Rádio uma pequena reportagem sobre o assunto: as pessoas, os pelouros, as prioridades de cada um, etc.

Fiquei com a ideia de que o Presidente da Câmara, desta vez, acumulará muitos pelouros. E das duas uma: ou terá de distribuir tarefas por muitos acessores para conseguir coordenar tantos assuntos, ou na verdade o número de pelouros é excessivo face à carga de trabalho que representam. E fico com a ideia de que é precisamente este último o caso. Que os vários pelouros poderiam ser concentrados em 4 ou 5...

Por outro lado, ouvi pela primeira vez que é estratégica a divulgação da Guarda. Tendo essa responsabilidade sido entregue a uma profissional na área da comunicação, e por aquilo que conheço dela, fico com grandes expectativas em relação a esta matéria. Assim ela seja capaz de, aliada à sua capacidade profissional, "furar" a lógica aparelhística, dos "instalados" do sistema, e fazer pela Guarda aquilo que há muito deveria ter sido feito: divulgar o que de bom tem para oferecer, não só aos turistas - que às vezes parece que são os salvadores da terra! - mas também a todos os que cá vivem!

Termino desejando a todos os membros do executivo que governará a Câmara Municipal nos próximos 4 anos muitas felicidades no desempenho das sua funções.
(foto do Jornal Nova Guarda)