sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Balão

Por que é que os agentes policiais, antes de nos pedirem para fazer o teste de alcoolemia, nos perguntam se bebemos? Já experimentei as duas variantes possíveis de resposta - a menos que alguma me esteja a escapar - e invariavelmente a seguir vem qualquer coisa como "Vamos lá então ver isso...".
Será uma pergunta retórica?

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A política de Nuestros Hermanos

Acabo de ver um programa muito interessante na RTVE: o Presidente do Governo, Rodriguez Zapatero, respondeu a perguntas de uma vasta audiência de cidadãos comuns, ou seja, perante uma plateia de representantes do Povo. Ouvi perguntas de todo o tipo de cidadãos, funcionários públicos, pequenos empresários, secretárias, padres, reformados, desempregados - enfim uma amostra da sociedade. Sem papas na língua - o que não implicou de modo nenhum qualquer falta de respeito - colocaram àquele que mandataram para dirigir o destino da Nação as perguntas que de alguma forma todos nos colocamos nos dias que correm. Sobre o que o Governo tem feito, o que pretende fazer, o que os cidadãos acham que deve ser feito. Algumas perguntas exigiram de Zapatero toda a sua habilidade política. Foi bom de ver.
Acho assinalável que um governante eleito há cerca de um ano - portanto ainda nem a meio está do seu mandato - se disponibilize para prestar contas, publicamente, a uma amostra de cidadãos do seu País.
Por cá, gostava também de ver José Sócrates ter a mesma disponibilidade!

As razões

O tempo tem sido pouco e as actualizações ainda menos. Mas ainda assim vale a pena deixar aqui as (poucas) informações que foi possível recolher, a propósito do meu anterior Post, sobre as razões da suspensão das aulas.
Em relação ao Agrupamento Escolar da Área Urbana da Guarda - aquele com quem tenho uma relação próxima - a principal razão invocada pelo respectivo Presidente do Conselho Executivo para a suspensão das actividades lectivas foi a segurança das crianças. Porque as instalações escolares estavam cheias de neve, escorregadias, o que propiciava acidentes. E porque não havia, logo no início da manhã, funcionários e professores suficientes para assegurar a vigilância dos alunos. Concordo inteiramente com o facto de a segurança dos alunos estar no topo das prioridades dos responsáveis das escolas. Mas os argumentos são, na minha opinião, algo tíbios. A segurança dos nossos filhos passa menos por tê-los numa "redoma", protegidos de todas as agressões exteriores, e mais por lhes dar a capacidade de avaliarem riscos, e tomarem decisões conscientes. Eu faço questão que o meu filho brinque na neve. Claro que deve fazê-lo afastado de escadarias. Se calhar vai cair algumas vezes; mas isso faz parte do necessário processo de aprendizagem. Por outro lado, também não compreendo como não havia pessoal suficiente nas escolas mas no ATL que o meu filho frequenta, às 9:10 estavam todas as funcionárias. Acho francamente que há aqui um efeito da "tradição" bastante traiçoeiro: como é costume suspender as actividades quando neva, as pessoas nem se dão a grandes trabalhos para comparecer nos seus locais de trabalho; e depois as actividades são suspensas porque não há funcionários suficientes...
Mas houve, na ocasião que originou estes meus Posts, grandes responsabilidades da Autarquia: se, como referiu a Protecção Civil, as estradas estavam circuláveis, porque não houve transportes escolares? Porque ficaram os autocarros da Câmara no Centro Coordenador de Transportes, sem terem cumprido a sua função? Porque não assegurou a Câmara o transporte das refeições que diariamente faz chegar aos diversos establecimentos? Como era suposto as crianças comerem nesse dia? Tudo isto acaba por me chocar mais do que algum "laxismo" que possa ter existido por parte de alguns - não todos, nem provavelmente a maior parte - dos professores e funcionários das escolas. É urgente que o planeamento das prioridades de actuação das autoridades de protecção civil, nomeadamente a municipal, passe a abordar estas questões.
Aproveito para dar eco a uma boa ideia, pedindo desculpas ao autor por não colocar aqui o seu nome, que não retive: no Terras da Beira da semana passada, numa crónica foi sugerido um "Dia da Neve". Com tantas celebrações que há ao longo do ano, algumas só para "encher chouriços", a ideia seria dedicar um dia aos aspectos da neve: o melhor calçado e vestuário. A melhor forma de circular de carro. Como montar umas correntes. Enfim, a ideia seria pôr toda a gente a colaborar para minorar alguns dos aspectos negativos de um nevão. Francamente, gostei da ideia.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Por quê?

Por que é que as escolas têm as actividades suspensas?
Sei que hoje de manhã nevou bastante; que algumas estradas ficaram quase sem condições de circulação, apesar da protecção civil ter dito, sem ninguém ter desmentido, que os acessos à cidade estavam todos abertos, nomeadamente utilizando a VICEG. Eu próprio saí de casa, deixei os meus filhos na escola e na creche, a minha mulher no respectivo local de trabalho e fui também trabalhar. No meu serviço, houve apenas ligeiros atrasos, mas toda a gente compareceu; no da minha mulher, em mais de 30 pessoas faltou uma. Os bancos estão a funcionar, os restaurantes, o comércio... todos os establecimentos por onde passei. Excepto as escolas!
Do caso que conheço com mais detalhe - a escola do meu filho -faltaram 3 professores (às 10.00H). Estava na escola a Directora - que mora na rua da Escola - e uma professora auxiliar (aposto que com contrato a prazo...). A meio da manhã mandaram os alunos para o ATL!!! Neste, não faltou ninguém e serviram-se 50 almoços. Ou seja, dizerem que suspenderam as aulas por causa dos alunos é uma enorme falácia: naquela escola, estavam mais de 50 alunos (porque alguns não têm ATL) dos 80 que frequentam a escola, mas os professores não compareceram. Não foi por falta de condições de circulação, porque eu estive lá sem grandes dificuldades. Foi por quê, então?

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Crónica Diária - Rádio Altitude

A minha primeira Crónica Diária de 2009 foi assim:

"Aproveito esta minha primeira crónica de 2009 para apresentar a minha lista de desejos para a Guarda. Alguns são pequenos equipamentos que tornarão certamente a nossa vivência na cidade mais agradável, dando-lhe até um toque de urbanidade, outros serão estruturantes para toda a envolvente; uns serão novos, outros desejos já muitas vezes repetidos, mesmo aqui nos microfones da Rádio Altitude. Mas começar uma etapa – de um projecto, da vida – sem objectivos bem definidos, faz com que possamos perder o rumo ou mesmo com que não saibamos quando realmente chegámos ao fim dessa etapa – daí a importância de fixarmos objectivos ou, no caso vertente, de formularmos desejos. Neste caso, num exercício meramente individual.
Começo por um bem simples: uma rampa para skates ou patins. È um equipamento relativamente barato e que inegavelmente faz falta aos jovens da Guarda. Seria uma forma interessante de criar nas zonas verdes do centro da cidade algo que atraísse os jovens, já que os nossos jardins manifestamente não têm capacidade para atrair quem quer que seja. Ou alguém consegue descortinar um bom motivo para passar uma hora ou duas no Jardim José de Lemos, por exemplo? Por outro lado, também todos concordarão que o passeio e acesso principal à Câmara Municipal não é o local mais digno para os nossos jovens darem largas às suas habilidades no skate… Seria pois uma forma de promover estilos de vida saudáveis, tirando os nossos jovens de frente das televisões, dando-lhes um bom pretexto para passar mais tempo ao ar livre.
Em segundo lugar, uma estrutura de que eu tenho falado muito, mas da qual tenho ouvido falar muito pouco ou nada: uma incubadora de empresas. Apresentada ainda em 2007, está até hoje por concretizar. É um equipamento de apoio à criação e fixação de empresas na Guarda que não podemos de todo dispensar por mais tempo. É necessário estimular projectos empresariais nos técnicos que todos os anos concluem a sua formação no IPG e nas escolas profissionais; é necessário dar-lhes uma estrutura de apoio, altamente profissionalizada, que faça com que seja mais fácil ficar na Guarda do que regressarem aos seus locais de origem – precisamente o contrário do que hoje se verifica. Uma incubadora é tanto mais importante quanto se confirmou, há cerca de 2 meses, através de um estudo realizado por uma docente da Universidade do Porto, que os alunos que frequentam o IPG são dos que reúnem mais características de “empreendedores” de todos quantos estudam em estabelecimentos de ensino no interior do País. A Guarda não se pode dar ao luxo de continuar a ignorar este enorme potencial e de ter um IPG a formar técnicos para engrandecer outras regiões, sendo nós meros espectadores do sucesso dos outros.
O terceiro é uma requalificação do actual Parque Industrial. Arranjo de arruamentos e passeios, ordenamento do trânsito tendo em atenção que a largura das ruas não permite que se estacione e se circule nos 2 sentidos e limpeza e vedação dos lotes devolutos são medidas urgentes para devolver àquela zona da cidade um ar minimamente urbano; ainda mais agora, que uma nova superfície comercial se prepara para abrir e a zona vais ser muito mais frequentada, é necessário dar atenção a uma zona da cidade que vai ser a porta de entrada para gente de fora da Guarda.
Em quarto lugar, desejo um verdadeiro compromisso com a requalificação do centro histórico. Que vá além de promessas vagas e se comprometa com datas. Não posso deixar de lamentar que não se tenha voltado a ouvir falar dos audio-guias; que a prometida sinalética comum para monumentos e establecimentos não exista senão no campo da fantasia; que a requalificação do centro histórico não tenha sido, nos últimos dez anos, mais do que repetidos ciclos de tira-e-põe de contentores de lixo, a renovação das infra-estruturas básicas de saneamento e electricidade, a pavimentação de 2 ou 3 ruas e a recuperação de algumas casas. Não que estes não tenham sido investimentos importantes, mas quando se fala em requalificação, espera-se algo mais. E não se espera certamente que se privatize uma parte da muralha…
Por último, desejo que 2009 seja o ano em que os empresários da Guarda vejam também satisfeitas as suas necessidades de crescimento. Falo da PLIE e da ideia que fica quando dela se fala, de que se trata de uma estrutura apenas para captar investidores no exterior. É necessário também olharmos pelos empresários da Guarda, alguns há muitos anos à espera de uma oportunidade de investimento na Região. Desejo pois, que além das 3 empresas recentemente anunciadas para se irem localizar na PLIE, se lá venham a localizar durante 2009 empresas da Guarda que, mercê do seu crescimento, necessitam hoje uma infra-estrutura industrial que contemple as diversas actividades de suporte que as modernas áreas de localização empresarial colocam ao dispor das empresas. Desejo no fundo que fique claramente demonstrado que os motivos para as críticas dos empresários da Guarda relativamente à ausência de condições para o desenvolvimento dos seus negócios possam ser finalmente eliminados e estes cumpram agora o seu papel de criadores de riqueza e emprego na região.
A Guarda precisa de muito mais do que estes equipamentos que enumerei – disso não tenho também grandes dúvidas. Mas este será certamente um bom começo…
"

Pode ser ouvida aqui.

A cerca

O espaço a que chamamos "Cerca do Sanatório" é um dos mais belos recantos da cidade. Além de representar um enorme privilégio termos uma mancha com aquelas características praticamente no centro da cidade. Só que a cerca tem um grave problema: o seu dono!
Só o Estado, esse ente sem rosto que tudo tem e tudo pode, seria capaz de tratar tão mal um Património (com maísculas, notem) com aquela riqueza. Em termos florestais, porque representa um verdadeiro "pulmão" para a cidade aquela mancha de arvoredo; em termos de biótopo, porque se trata do único parque de sequóias da Europa, com 54 árvores plantadas, com menos de cem anos. Se pensarmos que não atingiram ainda metade da altura com que vão ficar e vivieram menos de um décimo daquilo que é norma entre estas coníferas, temos necessariamente de as encarar com enorme respeito! Nós, cidadãos da Guarda, já que o dono não parece muito preocupado em fazê-lo... Já para não falar dos pavilhões que por lá tem a cair de podres há tantos anos, sem que ninguém se preocupe em os requalificar, pelo menos ao nível de consolidação da estrutura e arranjo de fachadas.
Temos de reconhecer a visão inspiradora de todos os que contribuíram para a cerca seja aquilo que hoje conhecemos.
A semana passada dei conta de alguns funcionários municipais (pelo menos foi o que me pareceu) andarem "de volta" de uma árvore na Av. Rainha D. Amélia. Cortando ramos e vedando o trânsito à volta do local onde estava plantada. No final, restou pouco mais que as raizes, uma vez que foi cortada pela base do tronco. E não me pareceu, pelo que vi dos restos do tronco, que a árvore estivesse podre ao ponto de representar uma ameaça para os transeuntes.
Esta semana, ao ouvir na Rádio Altitude a crónica de Adelaide Campos, fiquei a pensar: "ó Rui, terás ouvido bem? Aquela árvore já lá estava quando construiram o muro da cerca?" E voltei então ao local do crime, para confirmar a ideia. O que acabou por acontecer. Aquele é de facto o único "nicho" existente no muro para albergar uma árvore. Em toda a sua extensão, não existe mais nenhum, o que é um forte indício que o nicho não foi planeado antes para depois ali ser plantada uma árvore, foi antes um artifício usado pelos construtores para poderem manter a árvore que já lá devia estar. Isto demonstra o enorme respeito que existia, em tempos idos, pela Natureza. Hoje, não tenho dúvida que a opção seria arrancar a árvore, construir o muro e, na melhor das hipóteses, plantar outra árvore... Sem respeito nenhum pelo património que uma árvore adulta representa!
E agora: alguém vai voltar a plantar uma árvore naquele local? É que é o mínimo que o respeito impõe...

domingo, 11 de janeiro de 2009

Regresso à normalidade.

Aos sábados de manhã, salvo raras excepções, gosto de me levantar tarde, sair para comprar o jornal, tomar um café e comprar peixe fresco para o almoço. Ontem, quando me preparava mais uma vez para o fazer, hesitei; a minha rua coberta de neve, ninguém à vista, frio q.b. Mas logo me decidi: recuso-me a enfrentar este "nevão" com outra atitude que não seja a de normalidade! Não seria coerente defender que a Guarda é a "Cidade da Neve" em Portugal e depois correr a enfiar a cabeça debaixo da almofada cada vez que neva. Que é como quem diz sair a correr do emprego para ir para casa mais cedo por causa da neve e demais variantes.
Na Guarda neva! Sempre foi assim. É raro o ano em que tal não aconteça. Por quê então tamanha correria de cada vez que neva? Não é suposto enfrentarmos a neve com normalidade, tranquilidade?
Acho que o que mais contribui para o transtorno que a queda de neve sempre causa na Guarda é uma espécie de atitude de "negação" que adoptamos relativamente à neve; só assim se explica que mesmo no segundo ou terceiro dia após o início da queda de neve haja tantas senhoras nas ruas tropeçando, escorregando, com os seus belos sapatos ou as suas belas botas... de salto alto! Eu gosto de andar de sapatilhas; não acho é que seja um calçado adequado para se usar na neve! Com os carros é quase a mesma coisa; apesar de umas correntes de neve serem hoje relativamente acessíveis e se colocarem em 5 ou 10 minutos, é muitíssimo raro ver alguém com elas. Eu sei que nem sempre é possível usá-las, quando a neve é pouca; mas no nevão de sexta-feira passada, havia bastantes sítios onde poderiam ser usadas.
Não tenho a certeza sobre o que podemos fazer para mudar este modo de actuar; sei que me incomoda que pareçamos um bando de algarvios de cada vez que a neve cai na Guarda...

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Até que enfim!

Há cerca de uma hora começou a nevar. Pensei que desta vez ia nevar em todo o País excepto na Guarda! Felizmente enganei-me; já "batem leve, levemente"...

IN Guarda

De acordo com o que tem sido dado a conhecer na imprensa regional, o Retail Park em construção junto ao Parque Industrial, deverá entrar em funcionamento no final do primeiro trimestre do ano. Os responsáveis deram também a conhecer que a loja-âncora do conjunto será a Decathlon.
Perante estas informações, parece-me uma boa notícia; a Decathlon tem realmente capacidade para ser uma verdadeira âncora. Além de uma marca forte, tem aquilo que faz falta na Guarda, que é capacidade de atrair clientes numa zona de influência relativamente alargada. Se pensarmos que aqui à volta, as lojas mais próxima são Aveiro, Coimbra e Salamanca, fica uma grande mancha no interior para ser atraída.
Tenho alguns amigos que com alguma regularidade se deslocam a estas lojas, para adquirir equipamento para hipismo e cayaks - modalidades que têm um enorme potencial nesta zona. Aliás, nunca percebi como é que na Guarda não existe qualquer loja que venda este tipo de artigos. Por ridículo que possa parecer, até há pouco tempo, para comprar calças de montar e toques, por exemplo, a loja mais perto era em... Fuentes de Onõro!
São pois boas notícias.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Andamos a explorar os deputados!!!

Ou pelo menos, é essa a opinião de Almeida Santos. Parece que o histórico socialista acha que os deputados estão a ser escravizados, e portanto não deveria haver votação às sextas-feiras, que são dias com pouca gente no Parlamento. Dá até o exemplo do Advogado que pode ter um julgamento e, portanto, não pode estar no hemiciclo. Das duas uma: ou Almeida Santos está senil e não tem ideia da alarvidade que disse ou, pelo contrário, AS veio dar voz ao sentimento reinante por São Bento. E a ser este o caso, é preocupante. Não deveria um Deputado colocar os interesses das pessoas que o elegeram e lhe pagam o salário acima dos seus? Como é possível manter-se a promiscuidade de Advogados que de manhã estão a aprovar leis na AR, e à tarde estão com os seus clientes que delas beneficiam?
Qualquer dia, põem-nos a votar por SMS, para não terem a "maçada" de ir ao Parlamento... É já só o que falta!!!

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Лебединое Озеро

Lê-se "Lebedinoye Ozero" e é o título original russo do conhecidíssimo "O Lago dos Cisnes", que pudemos ver na Guarda no passado dia 3. Tratou-se de um espectáculo belíssimo, pelo Ballet Estatal Russo de Rostov (Rússia). Já tinha tido oportunidade de ver este espectáculo, há cerca de 12 anos, pela Companhia Nacional de Bailado (se a memória me não atraiçoa), mas confesso que adorei rever! Para mim, só poderia ter sido melhor com uma orquestra ao vivo (que é um espectáculo dentro do espectáculo).
Mas não é sobre a performance em si mesma que quero falar; é antes sobre as condições em que o espectáculo se realizou. Como só tive a certeza de que poderia ir quarta-feira antes do espectáculo, só nesse dia fui procurar bilhetes; todavia, nesse dia, a bilheteira do TMG não abriu. Quinta-feira foi feriado. E na sexta, às 17.00H, lá estava eu à porta da Bilheteira, convencido que ainda deveria haver bastantes lugares disponíveis. É que, após uma época com tanta festa, tanta despesa, e sendo Janeiro tradicionalmente um mês comercialmente muito fraco (excepção feita aos saldos), achei que para ver um espectáculo para o qual cada bilhete custava 30,00 Euros não deveria haver assim tantos espectadores. Enganei-me rotundamente - e que bom engano!
Havia já pouquíssimos lugares disponíveis e foi assim que, sem surpresa, no sábado vi o Grande Auditório do TMG quase cheio - havia alguns lugares disponíveis nas filas atrás dos túneis de entrada na sala.
Ou seja, em poucos anos criou-se numa cidade do interior, onde custa sair à noite no Inverno porque está frio, um público receptivo para um espectáculo que apenas passará nas maiores salas do País. Com tudo o que de bom isso implica para quem gosta de morar na Guarda e ver bons espectáculos. Que pode ser induzido algum turismo associado a este facto. Significa que a Guarda pode integrar os roteiros de passagem de espectáculos que geralmente só podem ser vistos em cidades de maior dimensão!
Significa que a aposta feita neste Cluster - a Cultura - começa lentamente a dar frutos. Como de resto qualquer investimento a prazo.
Não sei que análise fizeram os outros presentes do facto de, numa noite de 3 de Janeiro, o TMG ter tido sala cheia num espectáculo de Ballet clássico. Eu, fiquei entusiamado.

O Papão

Antigamente, metiam-nos medo com o Papão.
Depois veio a sociedade da informação e a world-wide web, o que fez com que o Papão tivesse ficado obsoleto. Mas parece que já foi encontrado um substituto à altura: a Inspecção Fiscal.
Eu explico: ontem, na Repartição de Finanças da Guarda, fui simpaticamente avisado pela funcionária que me atendeu que, se os 20 Euros de Imposto de selo que estava a declarar terem sido pagos afinal não tiverem sido, sujeito-me a uma Inspecção Fiscal. E perante o meu sorriso displicente e um "deixe lá, quem não deve não teme", ainda acrescentou "mas se fôr inspeccionado não é só sobre isto, é sobre tudo o resto". Lá argumentei que já no ano passado tinha sido inspeccionado por 2 (!) vezes, sem qualquer consequência, pelo que inspecções fiscais são coisa que não me preocupa minimamente. A funcionária esboçou um sorriso "amarelo"e cada um de nós foi à sua vida, ela convencida estar perante uma emulação de um administrador do BPN (com esquemas off-shores e quejandos) e eu consciente que, para o fisco (de que aquela funcionária é a face visível), sou um miserável com muito que esconder e que foge a inspectores das finanças como o diabo da cruz!
O pior é que já não é a primeira vez que me acenam com o espectro da "Inspecção Fiscal" (música da cena na banheira do "Psycho"...).
Deixem-me contar, como num flashback, as cenas passadas. No ano passado, quando recebi a minha liquidação de IRS, constatei que me tinha enganado a preencher a declaração, o que fez com que me tivessem sido exigidos mais 1500 Euros do que devia. Como para mim 1500 Euros é dinheiro que se veja, dirigi-me à Repartição de Finanças onde expliquei o sucedido a um funcionário. Lá me respondeu que o valor que me era pedido devia ser pago, sob pena de ir para "execução fiscal"; o que implicaria que o fisco, na falta de pagamento, iria penhorar-me o salário, contas bancárias ou outros rendimentos para assegurar o pagamento. Poderia apresentar uma "Reclamação Graciosa", pedindo a correcção do erro e o recálculo do valor a pagar, mas sem qualquer efeito suspensivo no que toca ao pagamento que me estava a ser pedido. Como não estava para ter o que quer que fosse penhorado, lá paguei a quantia exigida e dispus-me a apresentar a dita reclamação. Foi então que com ar sério, o funcionário me disse que para reclamar, teria de me sujeitar a uma inspecção. E fiquei com a sensação que aquilo foi dito com intuito disuasor. Teria então de me apresentar na Repartição com todos os documentos justificativos dos valores inscritos na Declaração. Despedi-me do funcionário, à noite retirei o molho de documentos relevantes da respectiva pasta, e na manhã seguinte lá me apresentei para formalizar a reclamação, para espanto do funcionário que me havia dado o aviso no dia anterior. Conferidos os documentos, a reclamação seguiu para análise e, passados 2 ou 3 meses recebi a comunicação de que havia sido dado provimento à minha reclamação e o fisco me ia devolver os 1500 Euros pagos em excesso.
De tanto mexer nos documentos, dei-me conta que também há 2 anos havia cometido uma falta declarativa para com a administração fiscal. Lá voltei à Repartição para, de forma absolutamente voluntária, regularizar toda a situação, para ficar descansadinho. Informaram-me sobre como resolver a situação, paguei as coimas que tinha a pagar, e fui para casa descansado. Passado algum tempo, fui contactado por um inspector das Finanças, dizendo que me ia inspeccionar, perguntando quando o poderia fazer; respondi que nessa mesma tarde, apenas precisando de tempo para, na hora do almoço, passar em casa para recolher os documentos. Lá me explicou o inspector que, dadas as dúvidas levantadas à regularização que fiz, havia sido determinada a inspecção. Após a conclusão dos trabalhos, nenhuma falta foi detectada pelo que o processo foi arquivado.
Perante isto e com a consciência de ter todas as minhas obrigações fiscais cumpridas (do qual aliás me orgulho), não posso senão sentir-me muito à vontade quando me alertam para o Papão da Inspecção Fiscal.
E a funcionária da Repartição, poderá dizer o mesmo...?

2009

A todos os que por aqui passam, desejo que 2009 seja um ano repleto de realizações.
Tem-nos sido prometido um ano difícil: perante isto, podemos partir desmoralizados (e preparados para sofrer) ou altamente motivados para "dar a volta por cima". Espero sinceramente que seja este o caso.
Bom ano!