terça-feira, 6 de outubro de 2009

Turismo


Após o regresso de um breve período de férias, tive hoje a oportunidade de ouvir alguns excertos do debate na Rádio Altitude, com elementos de algumas das candidaturas à Câmara da Guarda, sobre o tema do Turismo. Confesso que não ouvi na íntegra, porque geralmente só tenho oportunidade de ouvir rádio enquanto ando de carro.

Do que ouvi, existem coisas com as quais concordo e outras que nem tanto.

A ideia do Parque, confesso que me deixa um bocado confuso: não sei exactamente o que se pretende. Além de que, do que ouvi a Rui Quinaz, se trata de uma ideia numa fase muito embrionária. Dizer-se que tem de se procurar um parceiro é estar numa fase prévia ao pré-projecto! Não me parece adequado trazer um tema destes para uma campanha na fase em que está. Trata-se de um mercado muito restrito a nível mundial, com 4 ou 5 players de peso. E trata-se de um mercado que está inteiramente nas mãos de privados...

Nas acessibilidades à Serra da Estrela, cujas potencialidades todos reconheceram que a Guarda não está a aproveitar, existe a ideia que o que a Guarda precisa é uma estrada de acesso à Serra - presumo que se queiram referir ao maciço central - para não termos de depender dos acessos por Gouveia ou pela Covilhã. E aqui, devo dizer que discordo completamente desta ideia. Só num País com os hábitos de rico como o nosso esta ideia continua a vingar! Ainda não se percebeu que as acessibilidades são commodities, ou seja, algo que qualquer um pode ter, e que por si só não consituem factores diferenciadores. Acho que é mais uma questão de orgulho em termos a "nossa" própria estrada. Um orgulho que custa muito caro! E que faz com que qualquer dia, com o rumo que as coisas estão a tomar, os turistas que sobem ao maciço central apenas consigam ver... alcatrão! Estradas e mais estradas, por todo o lado, para todo o lado. Com os impactos negativos que isso traz a uma reserva com as características da da Serra da Estrela. Sou mesmo dos que acha que nas zonas mais elevadas, o trânsito automóvel deveria ter fortes restrições, e não ser encorajado. Por que é que em vez de estradas, não pensamos em aproveitar as tais potencialidades da Serra? É que isso faz-se transformando essas oportunidades em negócios rentáveis; as potencialidades, por si sós, não sendo exploradas, não têm qualquer utilidade. O papel da Câmara aqui deve ser o de implementar uma estratégia de comunicação que faça da Guarda uma porta de entrada na Serra; o de afirmar a cidade como uma cidade de montanha, oferecendo serviços nesse cluster. A mim não me interessa por que estrada é que as pessoas vêm e vão, se passam em Gouveia ou na Covilhã; interessa-me que seja criado um ambiente favorável aos negócios em torno do montanhismo, da natureza, da Gastronomia, etc.

O papel da Câmara deve ser aquele que indicou no debate Leopoldo Mesquita a propósito do Hotel de Turismo: o de fazer com que haja turistas - eu seria ainda mais abrangente: que haja gente! - na Guarda. Depois disso, tudo o resto virá pelas mãos de quem deve: os empresários. Virão hoteis, empresas de transporte, de animação, etc.

A vocação da Câmara não é de empresário; é de fazer com que estes tenham as melhores condições para aqui se fixarem e aqui desenvolverem os seus negócios, criando e distribuindo riqueza.




PS: no jornal da hora do almoço, a propósito da Campanha da candidatura do PSD, ouvi um dos elementos da lista dizer qualquer coisa como "aderi a este projecto sem reservas, e por isso convido-vos a aderir também..."; esta falta de concordância entre verbo e sujeito fica mal a todos os que são (ou pretendem vir a ser) figuras públicas; mas fica ainda pior a um professor de literatura...!

1 comentário:

trepadeira disse...

São opiniões destas que nos vão dando alguma esperança.Ainda mais alcatrão e mais cimento?
A serra só será destino turístico pela sua especificidade,nunca copiando,esventrando,inginheirando tudo.
Desde há muito vimos a propor uma zona de observação de fauna e flora no Vale do Mondego.Parte do trabalho está feito e disponível.
Conversa de surdos.
Existem,ali,cerca de 60% de todas as espécies da península.
Em vez de aproveitarmos o que temos,com poucos custos,inventa-se um não sei quantos "land" para aculturar,ainda mais,a Guarda.
Ninguém virá à Guarda ver artificialidades já exploradas à exaustão,com efémera e atribulada duração,noutros locais.
Também não iremos viver todos do turismo.
Há que desenvolver a produção característica desta região,com cluster ou,sem cluster.
Os cluster parecem com tendência para serem vampirizados e não chegarem aos destinatários.
Cordialmente,
mário