quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Crónica Diária - Rádio Altitude

Crónica na Rádio de 16 de Fevereiro:
"Em tempos difíceis, exige-se-nos que sejamos duplamente criteriosos na hora de aplicarmos o nosso dinheiro ou, de forma mais abrangente, os nossos recursos. E são difíceis os tempos que vivemos…
Por isso, custam-me entender algumas opções de investimento que têm sido tomadas na Guarda. Estradas irrepreensivelmente arranjadas em locais que qualquer um de nós considera como ermos, e um parque industrial com vestígios de alcatrão nalgumas das suas ruas são apenas um exemplo. Não é que as pessoas que vivem em meios mais rurais não tenham direito ao progresso. Que a visão humanista da distribuição de recursos deve também estar presente na hora do seu rateio. Mas nalguns casos, mais do que atender a factores de mobilidade, o que se verificou foi uma verdadeira perversão da ruralidade de sítios que são, quer queiramos quer não, eminentemente rurais. E preocupa-me essa perversão, bem como o ónus que fica para o futuro com a manutenção dessas vias alcatroadas. Sim, que uma coisa é manter um caminho em bom estado de circulação, outra muito diferente é manter uma estrada alcatroada, com os rigores invernais que açolam a nossa região.
Também o sistema de iluminação pública deveria ser revisto. Com a nomeação de uma Comissão Técnica, que estude o sistema existente, as suas falhas e, admito, excessos, e proponha ajustamentos, soluções de poupança, melhorias na relação custo/benefício. Existem hoje sistemas de iluminação variável, em função da detecção de movimento, que permitem enormes poupanças. Existem novos tipos de sistemas de iluminação mais eficientes. Este é um caminho que muita gente, à escala da sua possibilidade, tem vindo a fazer. Impõe-se também que a autarquia, que suporta custos monstruosos com o sistema de iluminação pública, se esforce por aplicar melhor os parcos recursos de que dispõe. E que tem tanto por onde aplicar.
Sem grandes obras estruturais em curso, seria porventura a altura propícia para se proceder a uma reorganização interna – um caminho que diversos organismos e mesmo empresas privadas estão actualmente a seguir. Não sou dos que dizem que na Câmara da Guarda tudo funciona mal, mas conheço o suficiente para estar convicto de que há espaço para melhorias, que se traduzirão em poupança do lado de lá, e mais transparência e acessibilidade do lado de cá.
E por falar em obras estruturais, foi com muita satisfação que tomei conhecimento do início das obras do Centro de Remo no Pocinho, em Vila Nova de Foz Côa. No enclave norte do Distrito, Foz Côa tem a sua identidade dividida entre a Serra e o Rio. Um Património riquíssimo do ponto de vista arqueológico. Mas também do ponto de vista do património paisagístico.
Conheço a dinâmica que o remo tem tido na Barragem do Maranhão, onde diversas selecções de países do norte da Europa treinam frequentemente. O Pocinho, com este investimento e com a adequada cobertura hoteleira – que importa assegurar – ficará com condições fantásticas para ambicionar ser uma referência num mercado de nicho, altamente especializado e profissional. Do ponto de vista do turismo, essa característica distintiva fará toda a diferença na hora de concorrer com outras regiões, com outros empreendimentos. E isso, por si só, poderá representar para Foz Côa um novo fôlego, a juntar ao recente Museu Arqueológico.
O Distrito da Guarda tem hoje um conjunto de pontos de referência turística que, de forma isolada, têm já alguma capacidade de atracção. Que uma política articulada de promoção conjunta pode elevar fortemente. Pelo que faz cada vez mais sentido que os diversos parceiros se reúnam debatam entre si estratégias comuns de promoção, nacional e internacional. Um fórum do turismo no Distrito, promovido pelos investidores e com a participação das entidades oficiais faz pois todo o sentido. Devem ser os privados o motor de tal iniciativa, como forma de sinalizar claramente a vontade de aproveitar todo o potencial do Distrito em matéria de Turismo. Não ficando, como em tantas outras ocasiões, à espera que sejam as entidades públicas a promover o debate, ficando depois os privados reféns dessas iniciativas.
Há condições na Guarda para sermos melhores. Basta jantarmo-nos e caminharmos em conjunto.
"

À mulher de César não basta ser séria!


O Presidente da República, Cavaco Silva, mandou divulgar publicamente ter abdicado do seu vencimento de Presidente da República (no valor de 7.415 Euros mensais), ficando apenas a auferir duas pensões de reforma (uma de catedrático da Universidade Católica e outra da actividade que exerceu no Banco de Portugal, totalizando ambas 10.042 Euros mensais). Tendo sido uma "opção" que foi obrigado a fazer por força da publicação da Lei de Orçamento de estado para 2011, que acaba com a possibilidade de acumular pensões com vencimentos do Estado. Cavaco Silva optou assim pela situação que para ele é mais vantajosa economicamente.

Sucede porém que todos os políticos em idênticas condições tiveram de fazer igual escolha. Entre eles, o Governador Civil da Guarda. Só que neste caso, a postura foi diferente.

De acordo com o Jornal "Nova Guarda", Santinho Pacheco optou por receber o vencimento de Governador Civil, apesar de este ser mais baixo que a pensão de reforma das suas actividades profissionais que auferia. Diz o Governador Civil que está nas funções "(...) com muito gosto, com muita honra (...)", e que "Onde todos pagam nada é caro.".

Perante situações idênticas, duas posturas diferentes. Porque na política, a ética e sentido de serviço público escasseiam cada vez mais, não podia deixar de assinalar o exemplo dado pelo Governador Civil da Guarda.

Não basta bater no peito e proclamar respeitabilidade e honorabilidade; à mulher de César, não basta ser séria!

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Em autogestão...?


Enquanto me dirigia hoje pela manhã para o meu local de trabalho, aproveitei, como na maior parte dos dias, para ouvir as notícias.

Das notícias de hoje, a que teve maior destaque foi a greve do pessoal da CP - a empresa pública de transportes ferroviários. Não conheço muito sobre esta empresa; sei que tem uma exploração deficitária, que se mantém no pressupostos da prestação de um serviço público, e pouco mais...

Mas do que ouvi, 2 aspectos merecem o meu reparo e a minha preocupação:

1. um tribunal arbitral decretou serviços mínimos, que os trabalhadores da empresa não cumpriram; segundo um representante do sindicato dos ferroviários, não foram cumpridos os serviços mínimos decretados porque o sindicato entende que o acórdão do tribunal arbitral não apresenta fundamentos para a decisão tomada e eles não concordam com ela;

2. na linha Sintra-Cascais a CP instruiu os maquinistas ao serviço para pararem em todas as estações, mas constatou-se ao longo do início da manhã que essas instruções não estavam a ser cumpridas pelos referidos maquinistas.

Portanto, os trabalhadores da CP não concordaram com o Tribunal arbitral nem com a própria empresa, pelo que fizeram aquilo que eles acharam ser correcto.

É impressão minha ou reina por lá alguma falta de autoridade...?

Sugestão


Atendendo à situação económica do País, que se vê na necessidade de cortar despesas - baixando até os ordenados dos seus funcionários - deixo uma sugestão para alguma poupança: que todos os 28 ou 29 mil carros do estado (ninguém sabe ao certo quantos são...) passem a circular apenas em vias sem portagem. Todos, sem excepção.
Tendo em conta que, segundo os nossos governantes, só são introduzidas portagens em vias para as quais existe alternativa, por que não usar essas alternativas? Ou as alternativas que servem o "povo" não são boas para os agentes do estado, entre eles os governantes?
Assim poderiam até avaliar melhor essas estradas que em Lisboa dizem que são alternativas válidas.
Por exemplo quando viessem à nossa zona para a tradicional recolha de queijo da serra, poderiam vir pela estrada nacional, demorando 5 ou 6 horas. Eu sei que é muito tempo, para gente tão ocupada; mas o tempo deles não é igual ao nosso...?

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Internet Segura


No próximo dia 10 de Fevereiro, o Agrupamento de Escolas da Área Urbana da Guarda (Santa Clara) realizará uma acção de sensibilização sobre a segurança na Internet destinada aos pais dos alunos da Escola (alunos dos ensinos básico e secundário).
É um tema que merece a preocupação de muitos pais, que se vêm confrontados com a necessidade de controlar a exposição dos mais novos aos diversos perigos da utilização da Internet, por um lado, mas a dar-lhes também alguma privacidade - a que têm direito - por outro.
Eu pretendo estar presente.
Mais informação disponível aqui.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Crónica Diária - Rádio Altitude

Hoje pela manhã, a minha crónica foi:

"No fim-de-semana passado, 2 notícias respeitantes a outros tantos eventos locais mereceram a minha atenção.
A primeira – a de que o Governador Civil convidou uma série de personalidades de reconhecido mérito, com raízes na Guarda, para falar sobre o futuro do Distrito – foi, na minha perspectiva, notícia por um bom motivo. Podemos ter todas as reservas a respeito dos resultados que poderão advir da realização do encontro. Até porque, por ser a primeira vez que se faz algo deste género, se poderão criar expectativas irrealisticamente elevadas, que depois são goradas, na medida em que não saíram daquele fórum, dos dados que se conhecem, ideias que venham revolucionar completamente a região da Guarda ou a forma como os locais ou os visitantes se relacionam com ela. Por muito que fosse esse o nosso desejo... Mas há pistas importantes a seguir. Orientações estratégicas que podem servir de farol para a governação da região, que tenho visto tão desnorteada nos últimos anos. Mas há um aspecto que me parece fundamental na realização desta reunião: a imagem que se passou da Guarda. É natural, tratando-se de gente de reconhecidos créditos, que uma reunião destas atraia a comunicação social, nomeadamente as televisões. As imagens que vi associadas ao evento, num Hotel da Guarda no primeiro dia e no Museu de Foz Côa no segundo, são imagens de modernidade, de equipamentos actuais, de uma região com capacidade de organizar eventos mediáticos, de receber condignamente mesmo os mais ilustres. Embora tenha havido quem não tenha conseguido resistir a pespegar a estas imagens outras de uma região feita de gente com mais de 80 anos, bengala e roupa coçada, penso que a mensagem, no todo, foi positiva para o Distrito.
O segundo evento a que me referi no início desta minha crónica foi a tentativa de suplantar o mítico record mundial da confecção do maior tacho de arroz doce do mundo, um desiderato que todos os países do mundo civilizado têm perseguido, havendo mesmo quem afiance à boca pequena que a interrupção do programa de defesa norte-americano “Guerra nas Estrelas” foi decidida para poder concentrar esforços na confecção de um tacho de arroz doce que convencesse o mundo da supremacia clara dos Estados Unidos. Passando a um registo mais sério, apesar de a ideia ser mobilizadora e demonstrativa do espírito comunitário que ainda existe nas nossas aldeias – que é um Activo importante a preservar e divulgar – parece-me que neste caso a imagem projectada foi em tudo antagónica à do encontro promovido pelo Governo Civil. Digo isto, mais uma vez, com base nas imagens televisivas que vi do evento: um salão feio, sem mesas, o arroz passado para alguidares plásticos antes de ser servido em taças também plásticas, a equipa de cozinheiros sem trajos adequados, tudo numa imagem de uma enorme falta de gosto. Não quero cometer a injustiça de não reconhecer mérito a quem se esforça por fazer qualquer coisa pela sua terra, às pessoas que trabalharam toda a manhã para que fosse possível alcançar o objectivo que se propuseram; mostraram que, quando motivadas, as pessoas de Aldeia Viçosa são capazes de verdadeiras maratonas de empenho.
Mas não posso deixar de lamentar que a imagem que se passou do evento não seja atractiva para quem a vê por esse país fora. Será de crer que alguém tenha ficado motivado para vir a Aldeia Viçosa depois de ter visto as imagens do evento? Não creio…
Para terminar, atrevo-me a sugerir: não seria mais proveitoso para Aldeia Viçosa e para as suas gentes que, ao invés de ter o maior tacho de arroz doce do mundo, tivesse o melhor arroz doce do mundo…?"

Declaração

Eu, Rui Ribeiro, declaro publicamente que se fôr obrigado a abdicar de algum dos meus rendimentos, abdicarei voluntariamente daquele que tiver menos valor.
Depois desta declaração, fico com uma dúvida: quantas vezes terei eu nascido...?

Presidenciais

O tempo tem sido muito escasso para passar aqui e cá deixar aquilo que me vai ocorrendo.
As presidenciais já lá vão, mas há 2 notas que não posso deixar de registar aqui:
1. é preocupante a crescente abstenção; há muitas explicações para ela, todas terão uma parte de verdade e todas juntas explicarão o fenómeno; tenho para mim que, na maior parte dos casos é por puro comodismo que as pessoas não vão votar; encaram as eleições como um direito, mas não como uma obrigação cívica. Isso nota-se não só em eleições mas no grande défice de participação cívica das pessoas. Gerações anteriores fizeram grandes conquistas, no que toca aos direitos que hoje todos podemos gozar; mas temos de ser nós, os contemporâneos, a mantê-los com a nossa participação, senão qualquer dia...
2. no final de eleições há sempre comentários pouco abonadores para quem os faz e para o jogo da democracia; talvez devido à paixão com que alguns vivem estes momentos. Retenho ainda os comentários que ouvi ao coordenador da campanha de Manuel Alegre na Guarda. Conheço a pessoa em questão e cruzo-me com ele na rua várias vezes. Mas gostava de deixar claro que, apesar disto, não vivo no mesmo país que ele...