quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Simuladores

Praticamente desde que surgiram os primeiros computadores pessoais - Sinclair 1000, ZX Spectrum, e por aí fora - que foram máquinas que me cativaram. Desde cedo aprendi a programar, primeiro em BASIC, Cobol, Pascal, coisas agora obsoletas com as novas ferramentas de programação por objectos.
Uma das funcionalidades de que sempre gostei são os jogos. Com o tempo, mantive o gosto por 2 tipos de jogos de video: os simuladores e os jogos de estratégia.
Por isso, ainda hoje uso o Flight Simulator (da Microsoft) jogado em rede, com centenas, às vezes milhares de jogadores em todo o mundo, pilotando ou fazendo controlo de tráfego aéreo, recriando um ambiente virtual pleno de semelhanças com a realidade. Uso também o Gran Turismo para Playstation como simulador de condução - o melhor que conheço.
Do lado dos jogos de estratégia, comecei pelo Civilization e pelo Settlers. Eram magníficos títulos, com belíssimos gráficos (à época) e que me deram muitas horas a "torrar" a paciência. Há uns tempos, por acaso, descobri um jogo do género, jogado em rede na Internet, absolutamente gratuito. Joga-se no vulgar browser, com gráficos que apesar da simplicidade são muito eficazes, de forma muito prática: como está sempre online, passa-se por lá 2 ou 3 vezes por dia, em 5 minutos dão-se instruções e a coisa lá fica a correr. Muito giro! Se quiserem saber mais dêm uma vista de olhos aqui.

Ilustre Guardense

Ao ler este post no blog Cafe Mondego, lembrei o companheiro que era Rui Costa nos tempos em que estudámos juntos, entre o 5º e o 8º ano. O Rui não era - como provavelmente hoje não é - um génio; era um miúdo normal, que alinhava nas brincadeiras do grupo, sempre muito bem disposto, um aluno trabalhador. Era o "fornecedor" oficial de música nas festas, com o seu enorme gravador portátil.
O seu percurso após ter terminado os estudos superiores, fruto do empenho que coloca no seu trabalho, trouxe pelo menos a recompensa do reconhecimento público da importância daquilo que faz. Imagino, se o Rui não mudou muito, que lhe traga também imenso prazer pessoal! Ainda não há muito tempo o encontrei por cá, por alturas de um Natal, e das breves palavras que trocámos fiquei com a ideia que se mantém, no essencial, o Rui que conheci na adolescência.
Por isso fiquei feliz em saber que o trabalho do Rui foi distinguido - por que é disso que se trata - com a publicaçao na revista Nature Neuroscience.
Parabéns Rui!

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Crónica Diária - Rádio Altitude

Ouvi dizer que desta vez foi assim:

"É recorrente começar por dizer que vivemos tempos em que a informação circula muito rapidamente. Todos o sabemos. Quer seja pelas tecnologias de informação e comunicação, que colocam ao dispor de qualquer um de nós um conjunto de ferramentas que nos permitem rapidamente passar a ser fonte de informação, a ser um cidadão-repórter, quer seja pelo facto de quanto mais informação temos mais necessidade dela daí advém, num ciclo vicioso que muitas vezes resulta num excesso impossível de processar, que deixa de ser informação para passar a ser ruído.
Neste sistema, de múltiplas fontes de informação, das centrais de comunicação e da necessidade de rentabilizar projectos editoriais, surge por vezes uma perversão a que costumamos chamar boato.
O boato é uma notícia que corre publicamente, não confirmada, um rumor. Geralmente, a sua fonte não é divulgada. Fica assim aberta uma autêntica “Caixa de Pandora”, que tudo permite, sem nunca ter de responder perante nada, nem ninguém.
Nos últimos anos, em diversos sectores da sociedade – política, justiça, para citar os casos que assumem maior gravidade – o recurso a esta cobarde perversão tem sido uma constante, sem que a sociedade em geral e o sistema de justiça em particular tenham podido de alguma forma impedir ou sequer travar o fenómeno.
Cai-se assim na situação em que eu ouvi dizer, tu ouviste dizer, portanto como já somos dois deve ser verdade… As provas nunca chegam a aparecer, as evidências são poucas ou nenhumas, a base do boato fica assim pela aparência umas vezes, pela simples existência de oportunidade noutras.
O boato tornou-se assim uma arma de arremesso para a qual poucas ou nenhumas defesas existem. Que afecta, de forma mais ou menos permanente, e com mais ou menos gravidade, a vida daqueles que visa. Estes são, na maioria dos casos que conheço, pessoas que pela sua atitude ou pela sua forma de estar na sociedade têm alguma exposição pública. Já por diversas vezes ouvi dizer que este tipo de coisa acontece a “quem se põe a jeito”. Não posso deixar de discordar veementemente com esta forma de encarar a exposição pública de todos quantos querem ser uma voz na sociedade. A exposição não pode ser pretexto nem desculpa para ataques cobardes, soezes, movidos por interesses pessoais de poder ou contra-poder, ou não raras vezes por pura inveja.
É bom que tomemos consciência de que aquele que lança o boato conta sempre com a nossa cumplicidade; um boato lançado mas que não circula, extingue-se em pouco tempo, como um fósforo. Por outro lado, quando lhe damos eco, quando de alguma forma contribuímos para manter o boato a circular, estamos, por acção ou omissão, a servir os interesses daquele que o lançou mas nunca dará a cara por ele. Ou seja, estamos a tornarmo-nos, nós próprios, reféns de uma estratégia de terrorismo social que mais cedo ou mais tarde se há-de virar contra nós.
Portanto, é bom que cada um de nós pense, quando repetimos algo que não sabemos ou já não nos lembramos muito bem onde e a quem ouvimos, se podemos realmente responder pelo que estamos a dizer; e também que todos aqueles que trabalham com informação, dos quais a face mais visível são os jornalistas, não percam de vista as obrigações de seriedade e rigor a que estão obrigados no âmbito da sua actividade, embora sobre estes recaia um maior escrutínio público; mas que é fácil por vezes “resvalar”, isso é…
A má-língua é instituição nacional desde há muito; mas a irresponsabilidade no seu uso pode e deve ser combatida. Nós podemos!
"
O podcast pode ser ouvido aqui.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

(O)posição

A propósito de alguns excertos do "Forum Altitude" de hoje, também eu sou dos que lamentam que o partido da oposição - na Guarda e no País - não tenha ainda anunciado o seu candidato à Câmara da Guarda.
Este ano vai ser pródigo em eleições - recordo que serão 3 - e está mais que na hora de se iniciar um debate sério, esclarecedor do que cada candidato quer para a cidade, nas diversas áreas em que a autarquia tem um papel decisivo. Porque estamos numa época em que escolhas decisivas devem ser feitas, em que temos de escolher o que vamos semear hoje para colher nos próximos anos. Não há muita mais margem para experiências. É hora de todos acautelarmos o nosso destino - que a Democracia põe nas nossas mãos através do direito ao voto - e fazermos as nossas opções. E tratando-se de um dos dois partidos que mais votos tem reunido, o conhecimento do seu candidato é fundamental para o debate e para as escolhas de cada um. É indispensável para uma melhor Democracia. Para todos os que se preocupam e querem o melhor para a Guarda, que querem ajudar a colocá-la no lugar que merece.

Obras

Já num post anterior aqui falei do IN Guarda. Mantenho a minha opinião sobre este empreendimento: a sua pertinência, a capacidade de atracção que acredito que terá, a audácia empresarial que revela. É em suma um investimento bem-vindo, pela parte que me toca.
O que não posso é compreender o que se passa "à volta" da obra! É que as máquinas e camiões que entram e saem da obra deixaram várias ruas do Parque Industrial num estado vergonhoso. Primeiro foi a lama que foram largando e espalhando por todo o lado. Agora que o tempo vai mais seco, essas ruas mantêm-se escorregadias, de tanta terra que têm por lá espalhada! Concordo que a obra é necessárias, constitui um incómodo necessário e temporário, e que devem ser dadas todas as facilidades a quem vem investir na nossa terra. Mas uma coisa é facilitar, outra muito distinta é sermos subservientes. Um miserável equipamento de lavagem de pneus à saída do estaleiro não é de certeza absoluta algo que empresas da dimensão das que estão lá a operar não possam suportar...
O perigo que representam aquelas ruas para a circulação justifica, por si só, que alguém olhe por esta situação! Mas parece que ninguém está para se chatear...

Ausência

Como alguns terão reparado, tenho passado pouco tempo aqui. Por isso, não pude deixar de me admirar com o facto de o contador de visitas continuar a progredir. Aliás, o ritmo a que esse contador progride foi uma das minhas maiores surpresas desde que iniciei esta odisseia.
Mantenho o que disse no primeiro Post que fiz neste blog: ele destina-se essencialmente a mim, pretendo antes de mais que seja um depósito de memórias, de divagações, de reflexões. Mas o respeito pelos que vêm aqui ler o que vou deixando não me permite ignorá-los ou menosprezá-los, pelo que decidi deixar uma explicação para a minha ausência: não se deve a perda de interesse, nem sequer a distanciamento em relação ao que por cá vai acontecendo; trata-se, pura e simplesmente de falta de tempo. Estou neste momento envolvido num projecto pessoal, que há muito tempo desejava, que me tem tomado todo o tempo livre. E que assim deverá continuar por mais algumas semanas. Fica a promessa: assim que puder, regresso "em força". Até lá, vou deixando alguns (breves) apontamentos...

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

O Fim

Foi hoje publicado o Despacho do Ministro da Ciência e do Ensino Superior que determina o encerramento do ISACE. Tenho pena, na medida em que se perde uma Instituição de Ensino Superio. Mas por outro lado, uma instituição que deixou de funcionar nos termos para que foi criado e que, na prática, deixou de servir a Guarda, também já não fazia grande sentido, pelo que temos de nos conformar com que o encerramento seja a melhor opção, dadas as circunstâncias.
O ISACE nasceu em 1990, no grande boom do sistema de ensino politécnico em Portugal. Nasceu como um projecto de ensino, mas a meu ver nunca foi um projecto científico coerente. Porque uma instituição de ensino superior não é uma mera escola, cuja única missão é o ensino-aprendizagem; deve ter uma componente, fundamental, de criação científica, como uma "fábrica de conhecimento". E esta componente, o ISACE não teve. E esta falha estratégica fez com que, no actual panorama de sobredimensionamento do sistema de ensino superior em Portugal, esta Instituição ficasse imediatamente em dificuldades.
O ISACE trouxe muita gente à Guarda, que fez láos seus estudos, pelo que tem de ser reconhecido o seu valor, em determinado horizonte temporal, e os bons serviços prestados à Guarda e aos Guardenses. Agora que deixou de fazer sentido, é bom que faça justiça ao seu passado e se deixe "adormecer"...

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Perigo ao Volante

A Axa (seguros) realizou um estudo em diversos países da Europa sobre se os condutores acham que conhecem bem o Código da Estrada (CE), se o cumprem, se se sentem seguros na estrada, etc.
Tem conclusões bastante interessantes, sobretudo cruzando os dados referentes aos diversos países em que o estudo foi realizado.
Um dos que mais me chamou atenção foi o facto de os condutores mais jovens, com carta há pouco tempo, reconhecem que se prevarica em excesso em Portugal. Este é um bom sinal...
Por mim, daquilo que conheço, vejo maus condutores em Espanha, França, Itália... Só que por lá as estradas de maior tráfego há muito que são adequadas ao fluxo que suportam. E isto faz toda a diferença.
Algumas conclusões podem ser vistas aqui.

(In)Justiça

Li num semanário que após terem sido detectadas irregularidades nas contas das candidaturas às últimas eleições presidenciais pela respectiva Entidade de Controlo, o Ministério Público decidiu arquivar os processos sem aplicar as coimas a que estavam sujeitos e que eram aplicáveis.
Como cidadão, a quem se exige (e bem) que cumpra com as suas obrigações e que se sujeita às penalizações previstas na lei sempre que assim não age, uma decisão destas não pode deixar de indignar. Primeiro porque não consigo perceber as razões do procedimento. O que se ganha com este arquivamento (do ponto de vista da sociedade de direito que o Ministério Público deve servir e de que é um dos pilares)? Depois, porque não posso compreender que o Ministério Público possa pura e simplesmente não cumprir a lei, criando a ideia de ser um Estado dentro do Estado.
Várias leituras são possíveis; umas serão mais legítimas que outras.
Mas na minha opinião, esta decisão não serve a Justiça, que é aliás uma área problemática no nosso Sistema Democrático, onde há imenso por fazer.
Ainda assim, não vou cair na tentação de dizer "Eu também quero uma excepçãozinha para mim, um "arquivamento" oportuno..." Não. Quero que se aplique a lei e quem a não cumpre seja devidamente punido.

Crónica Diária - Rádio Altitude

Em 4 de Fevereiro, foi assim:

Muito se tem dito e escrito sobre a crise que tem varrido o mundo dos negócios. São mais ou menos conhecidos os motivos que estiveram na sua origem e alguns dos seus principais protagonistas – quer tenham sido causadores quer visados. O seu epicentro foi nos EEUU, mas rapidamente alastrou a todas as regiões do Globo, com particular incidência naquelas que têm maior grau de desenvolvimento que, paradoxalmente, são também aquelas que mais dependência vieram a revelar dos sistemas financeiros. Veja-se o caso da Islândia.
Sabe-se tudo isto, mas não se sabe ainda a verdadeira dimensão da crise – quer a sua extensão, quer a sua duração. Esta dependerá em parte do sucesso das políticas que têm vindo a ser implementadas em diversas áreas.
Portugal, como Economia periférica e aberta que é, começou cedo a sofrer as agruras da crise, e a procissão ainda vai no adro, como costuma dizer-se por cá.
Independentemente do sucesso das medidas governamentais, não podemos ter ilusões: é certo que o desemprego vai subir, é certo que muitas empresas vão fechar e é certo que teremos de abdicar de uma parte – mais ou menos significativa, consoante a situação individual de cada um – do nível de vida a que nos temos habituado. Em situações como esta, a rapidez de resposta é decisiva; não é o momento de esperar para ver, é o momento de agir. Os que ficarem a ver, verão provavelmente o seu infortúnio.
Em momentos como o actual, acaba por ser evidente aquilo que todos os manuais de gestão e economia nos dizem, mas que não é visível em épocas de prosperidade: que os agentes económicos mais bem preparados continuarão a sua actividade e a sua progressão na cadeia de criação de valor, tendo os restantes tendência para acabarem por desaparecer. Na verdade, em épocas de prosperidade as economias tendem a ser menos eficientes.
Na crise a que assistimos, será decisiva a rapidez e a capacidade de resposta. Mas, inevitavelmente, alguns ficarão pelo caminho. Para estes, é preciso promover o insucesso responsável, um conceito pouco cultivado entre nós. Porque gostamos de apregoar sucessos aos quatro ventos, mas preferimos varrer os insucessos para baixo do tapete.
Todos os que estão no mundo dos negócios, sabem que uma actividade empresarial comporta riscos. Um deles, o risco de o projecto de negócio ser mal-sucedido. O insucesso responsável visa, nestes casos, que por um lado este insucesso não tenha repercussões na envolvente da empresa – clientes, fornecedores, colaboradores, etc – e por outra que desse insucesso se retirem ensinamentos que possam ser utilizados em futuros projectos. É com este conceito em mente que algumas empresas de capital de risco valorizam, na análise do perfil do candidato a operações de financiamento, o seu passado de insucessos. Porque é previsível que não se voltem a cometer erros passados. E porque só o verdadeiro empreendedor arrisca nova aventura empresarial depois de ter conhecido o insucesso.
Penso portanto que este é o tempo indicado para dar eco a este interessante conceito, por um lado porque se adivinham para os tempos mais próximos alguns insucessos, por outro porque precisamos da experiência e do espírito empreendedor daqueles que têm boas ideias de negócio, audácia e vontade para as levar à prática.
Do lado das políticas públicas, este é um momento que dificilmente se repetirá no futuro: estão hoje à disposição dos empresários – actuais ou futuros – um conjunto de instrumentos de financiamento, com uma amplitude e intensidade de incentivos que poucos pensaram voltar algum dia ver. De linhas de crédito com juro bonificado, a incentivos com ou sem reembolso, até incentivos que chegam nalguns casos a 50% do investimento, os apoios públicos actualmente em vigor abrangem a grande maioria dos sectores de actividade e necessidades de investimento das empresas. Não chegará para todos, porque muitos destes apoios estão sujeitos a regras de selectividade, ou seja, projectos mais competitivos, com maior incidência em factores dinâmicos de competitividade, apresentados por empresas financeiramente mais sólidas estarão à partida mais bem colocados para a obtenção de apoios. Convém não esquecer que quando falamos de apoios públicos, é de dinheiro dos contribuintes – que somos todos nós – que estamos a falar. E naturalmente, todos exigimos que o nosso dinheiro seja aplicado da melhor forma possível. Também não serão extensíveis a todas as necessidades, de todas as empresas. Quanto a isso, não podemos ter ilusões: não haverá nunca um sistema de apoios a empresas (ou outras entidades) perfeito, que se aplique a todas as situações, até pelo simples facto de existirem nalguns sectores restrições que nos são impostas.
O momento é de agir, de aproveitar financiamentos e fortalecer as empresas. A maior parte, senão todas, passarão por dificuldades. Mas as que estiverem mais bem preparadas sobreviverão, e tenho a certeza que sairão desta crise mais fortes. Das outras, ainda que tenham de se extinguir, tenho também a certeza de que algo se poderá aproveitar; assim todos o queiramos…


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