terça-feira, 17 de novembro de 2009

Remédios


Comemora-se amanhã o "Dia Europeu do Uso Racional do Antibiótico". Parece que a CE se viu na obrigação de lançar aos cidadãos um alerta, que há muito é conhecido na comunidade científica, e que tem que ver com a crescente agressividade das bactérias multi-resistentes. Para quem não sabe o que são, direi sucintamente que se tratam de micro-organismo que, por via da sua evolução, se tornam resistentes aos antibióticos. O que nos deixa completamente indefesos quando infectados. Imagine, no futuro, a imensa ameaça que representarão estes micro-organismos, se nenhum dos medicamentos actualmente em uso fôr efectivo contra doenças que hoje consideramos relativamente triviais - porque de fácil tratamento - fôr capaz de nos ajudar a debelar as infecções por eles causadas!

E já há casos gravíssimos conhecidos: a tuberculose multiresistente, na Rússia, é actualmente uma enorme dor de cabeça para as autoridades de saúde, a ponto de terem já avisado os outros países para terem muito cuidado relativamente a imigrantes, numa tentativa de conter o contágio. E isto numa doença que, como se sabe, é de contágio relativamente fácil.


O fenómeno tem a ver com vários factores: o uso indevido e/ou indiscriminado de antibióticos - por exemplo não seguir as instruções de toma, duração, etc, bem como a automedicação - mas também o crescente recurso a antibióticos nas explorações animais, introduzindo-se assim na nossa cadeia alimentar de forma quase imperceptível.

De acordo com o Expresso, Portugal está em nono lugar no ranking da UE dos países onde se prescrevem mais antibióticos. Que representou no ano passado um encargo de 69 milhões de Euros, só em antibióticos consumidos fora dos hospitais!


Portanto, cabe-nos a nós, consumidores, sermos mais criteriosos e rigorosos no que toca ao consumo de antibióticos. E mais exigentes e vigilantes, no que toca ao uso destes medicamentos nas explorações animais que se destinam ao consumo humano.

Amanhã é pois o dia para reflectirmos sobre o assunto. E já agora gostava que especialmente os clínicos reflectissem também, já que são eles os responsáveis pela prescrição deste tipo de medicamentos...

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