sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Hotel de Turismo - que futuro...?


Pelo que tenho ouvido nos últimos meses, o estado actual do Hotel de Turismo está para se manter.
Só o Presidente da Câmara diz que acredita que o projecto vai para a frente dentro em breve; diz que acredita, embora eu duvide que ele acredite realmente...
E o Hotel está entregue à sua sorte porque tem o pior proprietário que um edifício pode ter em Portugal: o Estado. Se o Estado fosse multado pelo Património que tem em más condições, nem 10 Troikas nos valeriam!
Numa altura em que quase todos os investimentos públicos foram parados, em que não há capacidade de tesouraria para cumprir compromissos, só mesmo alguém muito ingénuo acredita que a obra de recuperação do Hotel seja prioritário ao ponto de ser excepção neste movimento de congelamento de novos investimentos. Ingénuo ou mal-intencionado...
Espero francamente que não venha, por necessidade do Estado em realizar alguma liquidez no meio desta enorme crise financeira, a cair nas mãos de um qualquer especulador que acabe por o deixar chegar ao ponto de irrecuperável.

domingo, 9 de outubro de 2011

Medicina Moderna


Aqui há umas semanas atrás foi a peregrina ideia de criar um imposto especial sobre a junk-food. Interessante conceito, que teria certamente subjacente a definição do que cairia nessa categoria por parte de um clínico.
Na semana passada, mais 2 grandes tiradas: o Governo deve incentivar as pessoas a fumar, porque o que pagam em impostos dá para os seus tratamentos, com o bónus de haver a probabilidade de morrerem mais cedo e com isso se poupar no pagamento de pensões; e a constatação de que Portugal já está em bancarrota e não vai cumprir os seus compromissos assumidos internacionalmente.
E pergunto eu: este homem não dorme? Tantas ideias!!!
Pela minha parte dêm-lhe um comprimidozito para dormir; além de prevenir o esgotamento dele, prevenirá também o nosso.
Porque a ideia de taxar a junk-food é das coisas mais ignorantes que tenho ouvido: são os hábitos alimentares que prejudicam a saúde, não a comida em si. Exemplificando: se eu numa refeição comer 3 ovos estrelados e um bife de vitela de 600gr, isto não é uma refeição equilibrada do ponto de vista dietético. E conheço quem seja capaz de o fazer... Mas a mesma refeição com um ovo e um bife de 200gr. já pode ser equilibrada.
A ideia de incentivar o consumo do tabaco, mesmo sendo uma ironia como o mesmo referiu ser, é de tão mau-gosto que o representante dos médicos portugueses devia ser aconselhado a conter a sua veia irónica quando fala em público e, supostamente, em representação da classe.
Por fim, a sua análise macro-económica à verdadeira situação do País só tem um defeito: falta de sustentação e análise científica em dados concretos (que eu saiba, até ao momento, não os apresentou). Assim ao nível de diagnosticar um cancro em fase terminal pela aparência adoentada do paciente. Embora eu acredite que, com tão fina veia irónica, o Sr. Bastonário fosse capaz de o fazer...

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Steve Jobs



A recente morte de Steve Jobs, um dos co-fundadores da conhecidíssima marca "Apple" tem levado às mais diferentes manifestações de apreço por parte dos fans da marca. A comunicação social tem dedicado algum tempo a falar do seu incomum percurso de vida e nas redes sociais multiplicam-se as alusões ao facto. É portanto impossível passar ao lado do (triste) acontecimento.



Entre os muitos "gadgets" cuja autoria se lhe atribui, estão os Mac, Ipod, Iphone e Ipad.



Todos eles são hoje produtos de grande reconhecimento, que muitos desejam.



Pessoalmente, o produto mais revolucionário de Jobs foi o Ipod: este representou uma completa revolução na forma como passámos a relacionar-nos com a música.



Se quisermos recordar-nos, ainda não há muito tempo que para termos acesso a música dos nossos autores favoritos, tínhamos de comprar o album (LP primeiro, CD mais tarde...). Ainda que gostássemos apenas de 1 ou 2 temas, víamo-nos obrigados a comprar um album com 15 ou 16. Depois havia a questão do espaço: era preciso algum para armazenarmos a nossa música, porque tinha sempre subjacente um suporte fisico: um LP, um CD, uma cassete... Depois havia a questão da portabilidade: eu tive um walkman; mais tarde; mais tarde, um discman. Ambos do melhor que a miniaturização permitia. Mas que me fazem rir quando hoje os comparo com o leitor de mp3 que uso para correr!



O Ipod foi assim o aparelho que mudou muitos dos paradigmas da nossa relação com a música: tornou-a mais democrática, facilitando o seu acesso (hoje compramos as faixas que queremos e não temos de nos sujeitar àquilo que as produtoras nos põem no pacote que nos desejam vender); mas também facilitou a sua portabilidade: posso ouvir as minhas músicas onde quiser: quando corro, no carro, em casa, etc.



Claro que isto trouxe novos problemas, como a pirataria em torno da música. mas não confundamos as 2 coisas: uma é a facilidade no acesso à música, outra é a facilidade em cometer um crime. Se eu deixar a porta de casa aberta, não é por isso que qualquer um pode entrar e levar o que quiser. Com a música sucede o mesmo.



Mas se o Ipod é, na minha opinião, o seu invento mais bem-sucedido, os outros não lhe ficam atrás; o Iphone é hoje um standard na indústria dos terminais móveis, tendo ganho um lugar de destaque que lhe permite uma grande diferenciação face aos seus concorrentes; o Ipad é também objecto da cobiça dos fans dos gadgets, indo muito além de um mero tablet; e o Mac é também o único caso que conheço de uma plataforma de hardware (agora) compatível com PC cuja venda faz ganhar dinheiro ao respectivo fabricante. Quando os maiores e mais antigos "gigantes" da indústria dos PC (veja-se por exemplo a IBM) abandonaram o negócio do Hardware para se dedicarem ao Software, porque seria este motor de vendas das máquinas, a Apple apostou - com sucesso - em fazer precisamente o contrário: fazer com que fosse o seu Hardware o motor de venda do Software.



No fundo, o que Steve Jobs fez foi, remando contra a corrente, ganhar um lugar de destaque na Indústria dos dispositivos electrónicos pessoais. Não esquecendo as suas incursões na indústria do entertenimento (p.ex. na PIXAR, que criou e vendeu mais tarde à Disney Studios), onde também fez sentir o seu "toque de Midas"!



E tudo isto vindo de um Homem de origens humildes, que dormiu no chão do apartamento de amigos para se poder manter na Universidade - onde de resto nunca concluiu qualquer curso, apesar de ter frequentado uma série de disciplinas que o próprio referiu terem contribuído para as competências que desenvolveu.



Steve Jobs foi um Homem capaz de ver à frente do tempo em que viveu, sem perder o contacto com esse tempo. Como alguém referiu, um Leonardo da Vinci do sec. XX.

Férias

Tive mesmo de tirar umas férias do blogue, e de blogar! Cansei-me.

Não sei se porque, post após post, tudo se mantém na mesma... ou por ter esgotado, momentaneamente, a minha capacidade de olhar à volta e perceber o que me rodeia.

Mas hoje acordei com saudades!

terça-feira, 14 de junho de 2011

Crónica Diária - Rádio Altitude

A minha crónica do passado dia 8 de Junho:

"Os resultados das eleições do passado Domingo deixaram clara a vontade da maioria dos portugueses de uma mudança política. Num país que nos últimos anos tem votado maioritariamente à esquerda, só assim se explica a inequívoca e expressiva maioria que a direita obteve.
Mas na minha opinião, o que os portugueses sinalizaram com esta votação expressiva na direita, não se resume à vontade de uma mudança de actores. Vai mais longe. As pessoas estão cansadas desta forma de fazer política. De perceber que uma parte significativa dos políticos age na maior parte das vezes mais por interesse pessoal do que no interesse daqueles que representa, que lhe confiaram o seu voto. E isto cria um sentimento de frustração que afasta as pessoas da política. Assim se explica, em parte, a elevada abstenção – mais de 40% - que de novo se verificou nestas lesgislativas. A outra parte da explicação reside, como já aqui tenho referido, no puro desinteresse das pessoas na participação cívica. Que se reflecte neste e noutros domínios.
Estas eleições e o seu resultado devem fazer-nos reflectir. Pessoalmente, ao ter visto um Governo Socialista tomar as medidas que tomou – adiamento da idade da reforma, redução de prazo para subsídio de desemprego, para citar as mais óbvias, só posso concluir que o Estado Social que ambicionávamos e tanto nos prometeram não passou afinal de uma miragem, pelo simples motivo de que não conseguimos sustentá-lo. Por muito que nos digam que devíamos ser capazes; que temos potencial; as evidências, ao longo dos últimos 15 anos, desmentem-no. Reconhecer isto a tempo é um passo na preservação de algum desse Estado Social.
Voltando aos resultados das eleições, impõe-se no nosso sistema político uma mudança. Têm de ser dados à sociedade sinais de que as coisas mudarão para todos. O actual sistema de nomeações políticas deve ser imediata e profundamente revisto. As nomeações políticas não podem continuar disfarçadas de contratações. O nomeado, convidado, indigitado, ou como queiram chamar-lhe, tem de ter o decoro de no final do ciclo, independentemente da sua duração, saber reconhecer que também a sua nomeação, o seu convite ou indigitação chegou ao fim do prazo de validade.
Atitudes de quem faz da política emprego diminuem quem as toma. E diminuem os cargos que ocupam. Sou a favor que os cargos de responsabilidade sejam remunerados de acordo com as exigências que impõem. Mas devem criar-se mecanismos que evitem que tais cargos se tornem pasto para políticos sem outro currículo que não seja a militância partidária.
Os próximos 3 anos vão ser muito duros, para o Governo e para nós – cidadãos. Vão ser especialmente duros para os mais desprotegidos – desempregados e pessoas com poucos recursos económicos. Por isso, espero do próximo Governo uma especial atenção às questões sociais, por forma a preservar em todos os portugueses a dignidade.
Penso que os portugueses serão generosos ao ponto de enfrentarem sem dramas as dificuldades que se avizinham. Assim percebam nos seus dirigentes a vontade de ultrapassar as dificuldades temporárias com abnegação, em nome do futuro do país.
Na fase em que estamos, os fortes marcarão a história. Os fracos, esses devem sair quanto antes do caminho… "

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Final de Campanha

Chegamos ao fim de mais uma campanha eleitoral com a sensação de que são mais as coisas que não conhecemos do que aquelas que efectivamente percebemos, quando se trata das diferentes propostas que os pretendentes a Primeiro-Ministro apresentam...
Mas nesta fase, consegue-se já antecipar o que acontecerá a partir de Domingo à noite: PSD e CDS apresentar-se-ão ao Presidente da República com uma solução conjunta de Governo. Só isso explica o facto de ontem Passos Coelho ter sublinhado que não incluirá o PS num futuro Governo que chefie. Que não incluísse Sócrates, como anunciou no início da campanha, é absolutamente compreensível. Mas excluir o PS sem ter já um acordo com o CDS deixá-lo-ia refém deste último; a não ser que a "solução final" já estivesse alinhavado, como creio ser o caso. Apenas mantêm o acordo em segredo por compreensível calculismo eleitoral, evitando com isso uma concentração de votos da esquerda no PS.
Por cá, também foi interessante assistir ao conjunto de iniciativas em que os candidatos participaram durante a campanha. E foi curioso notar as diferenças de estilo entre os vários intervenientes na contenda... De estilo e de experiência, embora esta às vezes não chegue para se disfarçar suficientemente o primeiro.
Agora é connosco: no Domingo, lá estaremos para cumprir com a nossa parte.

PS: o momento hilariante da campanha, a nível local, foi ver Alves Ambrósio ao lado de Paulo Portas! As voltas que a vida dá... :)

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Crónica Diária - Rádio Altitude

crA da quarta-feira passada:




Com eleições legislativas à porta, temos o habitual corrupio dos políticos desdobrando-se em acções de campanha, preocupados com o contacto com o público, em conhecer os problemas do Distrito, os projectos em curso, e tudo o que demais pressentem que poderá fazer a diferença relativamente aos adversários.

Curiosamente, foi divulgado na semana passada que o gabinete de atendimento que o Governo Civil disponibiliza aos deputados em funções na Assembleia da República eleitos pelo Distrito não foi utilizado durante a última legislatura. É pois legítima a sensação de que os eleitos – ou pelo menos os que o têm sido até agora – só se preocupam em contactar as pessoas e instituições para lhes pedir o seu voto. Depois disso, pelos vistos, não sentem grande necessidade de vir continuar a contactar, conhecer projectos etc.

Por tudo isto, penso que esta é a altura ideal para prestar contas. É certo que, dos candidatos com maior probabilidade de serem eleitos, nem todos foram eleitos pela Guarda na anterior legislatura. Mas mesmo esses, têm a obrigação de prestar contas pelo trabalho dos seus antecessores. Pelos resultados alcançados – ou mesmo pela sua ausência.

Esta é a minha última crónica antes das eleições de onde sairá um novo Governo, que terá necessariamente de quebrar aquilo que vem sendo prática nos últimos 20 anos: um Governo de um só Partido. Será um Governo que terá pela frente imensas dificuldades; a primeira será logo o seu nascimento, a que se seguirão outras que derivam da situação financeira do País e dos compromissos que foi necessário assumir para salvaguardar a solvabilidade do Estado. Por isso, não quero deixar passar a oportunidade de lembrar aqui que, pessoalmente, considero que foi recentemente feito à Guarda um acto de traição que muito nos irá penalizar no futuro. Refiro-me, obviamente, à introdução de portagens nas A23 e A25. Muitos terão esquecido o tema por a introdução do pagamento ter sido adiada. Mas convém aqui lembrar que a decisão está tomada e que quer o PS quer o PSD – os 2 partidos com maior probabilidade de figurar no próximo Governo – têm a intenção de a levar avante. Com a introdução de portagens em vias construídas sobre outras que lá existiam, ficamos na prática sem alternativas para as nossas deslocações inter-regionais. E sendo a nossa localização geográfica uma das bases da aposta numa especialização regional com base na logística, ficam comprometidos os esforços e investimentos nessa especialização porque o negócio foi onerado por custos de contexto que anularam as vantagens da nossa região. Deu-se aos investidores, mais uma vez, um sinal de que os custos de contexto em Portugal variam imenso, ao sabor das agendas dos sucessivos Governos, criando uma instabilidade que é prejudicial à captação de novos investimentos. E se acham que é pouco, a suspensão da circulação de comboios na linha da Beira Baixa contribui para o agravamento da questão da mobilidade inter-regional. Afinal, que papel pode a Guarda ter na Logística nacional, se só tem acessos pagos, por estrada, e pela linha da Beira Alta, por comboio? Alguém no seu perfeito juízo considera ainda que a Guarda dispõe de bons argumentos para ganhar importância neste negócio? Não me parece…

Para mais, começa a perceber-se que, mais uma vez, não fica mais barato ao Estado cobrar portagens, por causa da forma como foram estabelecidas as compensações às concessionárias das ex-SCUT…

Por tudo isto, considero que ainda não é tarde para todo este processo ser repensado e a Guarda obter um compromisso mais satisfatório em matéria de introdução de portagens. Ainda não está perdida a oportunidade de o processo ser reavaliado e corrigir a injustiça que foi a decisão de introduzir portagens na A23 e A25. Espero ao longo desta e da próxima semana algum sinal neste sentido.

É bom que nós Guardenses, deixemos claro que, tal como Roma, a Guarda não paga a traidores!

terça-feira, 24 de maio de 2011

RE: Pedro Passos Coelho na Guarda, esta quarta-feira, dia 25


Ex.mos Srs.,

Em resposta ao vosso pedido para apoiar a mudança, lamento informá-los que não estou disponível. Trata-se de um dia de trabalho, o que por si só seria impeditivo da minha presença.
Aproveito ainda para informar que também não estarei disponível para almoços com os restantes líderes partidários, pelo mesmo motivo; assim, escusam de me enviar novo email para o endereço que vos tinha fornecido exclusivamente para receber informações relacionadas com a vossa Missão e Objectivos. Afinal, constato que apesar de serem uma Associação de Entidades respeitáveis, se comportam - no que se refere à reserva que têm sobre os dados de que dispõem sobre os utilizadores dos vossos sites - ao nível dos piores Spammers que por aí pululam. E como a confiança é um bem que dificilmente se recupera depois de perdida, aproveito para vos dizer que dificilmente voltarei a confiar em informações com origem na GuardaDigital.
Solicito ainda que removam o meu endereço das vossas listas, embora nesta altura seja já difícil saber quantas pessoas ou entidades possam ter tido acesso a ele...
Lamentavelmente,

Rui Ribeiro


Nota: cópia de mensagem de email enviada à GuardaDigital, na sequência da recepção de uma mensagem por eles enviada pedindo-me para estar presente num Almoço com apoiantes de Pedro Passos Coelho. Mais informações aqui.

Crónica Diária - Rádio Altitude

Mais uma que aqui fica:

Na semana passada ficámos a saber que na próxima época balnear, das duas praias fluviais que em anos anteriores têm sido distinguidas com a bandeira azul, só uma hasteará a respectiva bandeira. Isto porque a praia de Aldeia Viçosa não vão esta ano poder ostentar aquela distinção.
De acordo com informações prestadas pelo Presidente da Junta – a entidade que gere a praia fluvial – à imprensa, em dois parâmetros de qualidade da água as análises revelaram que a praia fluvial não cumpria o establecido. Este facto foi de certa forma desvalorizado pelo Presidente da Junta, que atribuiu o sucedido a um azar com os dias de recolha de amostras, por estes terem coincidido com alegadas descargas na Barragem do Caldeirão para turbinagem. Garantindo inclusivamente que a água tem a qualidade de sempre e que as pessoas podem ficar descansadas. E com estas palavras, desvalorizou de certa forma tudo aquilo que a Bandeira Azul representa.
Bem pode agora vir dizer que no próximo ano tudo será feito para reconquistar a distinção. Será sempre incoerente a busca por algo que se desvalorizou no passado. Obviamente, a Praia Fluvial de Aldeia Viçosa tem água de boa qualidade. De outra forma, não poderia sequer ser utilizada como estância balnear, porque à Bandeira Azul sobrepõe-se a Legislação Nacional em matéria de qualidade da água.
O que a Bandeira Azul verdadeiramente representa é uma garantia de excelência, de qualidade. Qualidade aqui entendida no duplo sentido de excelência e de conformidade. Não sou especialista em qualidade; mas sei que se há uma característica que um sistema de gestão da qualidade tem necessariamente de ter é poder assegurar que determinada ocorrência se faz sempre da mesma forma. E é isso que precisamente não foi possível demonstrar na Praia de Aldeia Viçosa. Porque, pelo que percebi, há demasiada variabilidade nos parâmetros de qualidade, que os põe fora dos limites establecidos.
Tratando-se de uma das 2 Praias Fluviais que têm recebido a Bandeira Azul, espero que a Junta, bem como as demais entidades com responsabilidade no sucedido, comecem desde já a tomar todas as providências para que no próximo ano a história não se repita. É certo que a bandeira Azul tornou aquela praia mais conhecida e que criou hábitos de visita nas pessoas; mas também é certo que existe sempre o risco da não atribuição este ano poder ser visto como factor negativo; e havendo escolha, as pessoas escolhem sempre aquilo que tem melhor qualidade perceptível. Em tempos de contenção como os que vivemos, parece-me que estas estruturas balneares ganham ainda mais importância, pela proximidade, pela oportunidade que representam. Pelo que tudo deve ser feito para que as pessoas possam usufruir de estruturas de qualidade; já que mais não seja para não se ficar com a ideia que gastámos tanto e afinal em coisas inúteis.
Não ficaria completa esta minha crónica sem que me congratulasse com a distinção que a Praia Fluvial de Valhelhas de novo ostentará durante a próxima época balnear.
Tem sido imenso o investimento naquela infra-estrutura e, pelos vistos, sem perder de vista a qualidade. Os meus Parabéns por mais esta distinção.
E agora, que o Sol nos faz já sonhar com Praia, seja em Valhelhas ou em Aldeia Viçosa, vamos aproveitar e passar umas tardes ao ar livre, em família ou com amigos, e tirar partido da Natureza belíssima de que dispomos – por enquanto sem encargos.
Boa época balnear a todos!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Estação dos Correios


Hoje foi o dia em que a estação dos Correios que funcionava no Parque da Saúde fechou! Ou melhor, não abriu. Segundo os CTT, tinha poucos clientes e portanto não compensava tê-la aberta.
Depois de ouvir na Altitude a entrevista ao Presidente do Conselho de Administração da ULS da Guarda, fiquei ainda a saber que os CTT não pagavam qualquer renda pelo espaço.
Por acaso, era a Estação de Correios que mais usava. Não tinha muita demora e fica num trajecto que diariamente faço mais de uma vez. De todas as vezes que lá fui, de manhã, à tarde, a diversas horas, não me lembro nunca de ser o único cliente! Por isso acho a história da pouca afluência (mais) uma história mal-contada.
Mas vamos lá fazer umas continhas: o espaço não tinha custos; o funcionário, ali ou noutra estação, vai continuar a trabalhar nos CTT; os custos de funcionamento daquela estação resumiam-se, muito possivelmente, a electricidade e comunicações. Ou seja, não havia de ser nada do outro mundo!
Atendendo a que pela minha experiência os tempos de espera iam no máximo a 5 minutos e que nos correios do Largo João de Deus nunca demorei menos de meia-hora a ser atendido, os utilizadores da estação dos correios do parque de saúde vão ficar a perder. E muito. Em proximidade dos serviços. E em tempo perdido!
Gostava que houvesse um recuo na decisão dos CTT.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Crónica Diária - Rádio Altitude

Crónica desta semana:

Comemorámos esta semana 37 anos sobra a data que mais profundamente marcou Portugal nos últimos anos. Na mesma altura em que pela terceira vez na nossa história recente temos em casa os técnicos do FMI auditando as nossas contas com vista a um resgate financeiro.

As televisões brindaram-nos com as habituais entrevistas, ao cidadão comum e a um conjunto de homens que estiveram mais directamente ligados ao movimento que iniciou a revolução – o MFA - dando-nos uma imagem que vai da indiferença de alguns, à crispação de poucos, com o rumo que as coisas tomaram. Acabando, invariavelmente, pela pergunta que há anos ouço ser feita neste dia: “Será que valeu a pena?” Ora, para mim, o facto de a pergunta poder sequer ser feita é, por si só, a melhor resposta. Não são precisas mais palavras.

Tendo passado 37 anos, acho de certa forma natural que as comemorações não assumam hoje a importância que assumiram no passado. Parece-me óbvio, que aqueles que viveram os acontecimentos tenham ficado de tal forma marcados por eles que será sempre um momento central das suas vidas. Para os restantes, dando-se-lhes mais ou menos relevância, faz parte da história. Apenas isso. Com a ressalva de que é o acontecimento histórico que mais reconhecimento tem entre a população.

O momento que vivemos é doloroso: o nosso orgulho, a nossa soberania, os nossos ideais – tudo tem sido posto em causa pela maldita crise. Mas mesmo na situação difícil em que estamos, acho que vale a pena arregaçar as mangas e ir à luta pelo nosso País. Mesmo não sendo tudo aquilo que gostaríamos, ainda assim vale a pena.

Porque, apesar das injustiças, não perdemos a capacidade de nos indignarmos com elas. Porque apesar da pobreza, somos um povo solidário. Porque apesar dos problemas no ensino, continuamos a preocupar-nos em ser melhores, em fazer mais com menos.

O nosso País tem paisagens deslumbrantes, com montanhas que nos esmagam na nossa pequenez, com um mar imenso que nos abre todos os horizontes, com um céu limpo que nos deixa sonhar com dias melhores.

Temos uma planície imensa, que a qualquer hora e em qualquer dia, nos permite escutar o silêncio e encontrarmos a nossa paz; temos montanhas cheias de vida, que a cada ciclo nos lembram que o tempo tudo renova e que o futuro é um símbolo da renovação.

Temos um património gastronómico diversificado, de grandes contrastes, que faz jus à nossa fama de povo engenhoso na hora de enganar as dificuldades. Talvez porque há muito tivemos de ganhar essa capacidade…

Somos um país de gente educada, que em todo o mundo é bem recebida e em quem se pode confiar para os trabalhos mais delicados.

Também em termos económicos, temos do que nos orgulhar: diversas empresas portuguesas são líderes mundiais no seu sector de actividade e a I&D portugueses são cada vez mais considerados pela comunidade científica.

Somos um país em que na generalidade dos lugares, podemos sair de casa a qualquer hora do dia e passearmos por onde quisermos sem que ninguém nos incomode, sem grandes preocupações com a nossa segurança. Onde os amigos aparecem em casa uns dos outros, mesmo sem avisar, e são sempre bem recebidos!

Por tudo isto, eu gosto de Portugal. Gosto de cá viver, embora também gostasse que fosse melhor na justiça, na sáude, na educação.

Ainda assim, acho que vale a pena lutar por ele; para que continue a ser o nosso país, feito à nossa imagem. Tudo isso, pesados todos os aspectos negativos e positivos, vale alguns sacrifícios que de certeza teremos de fazer nos próximos anos.

Mas faz com que o sacrifício seja mais ligeiro. Sinto que no final, vai valer a pena!

Candidatos

Depois de divulgados os candidatos a deputados - que são aqueles que os nossos votos elegerão, e não o primeiro-ministro - pelo Distrito da Guarda, a desilusão é grande no que toca aos 2 principais partidos. Ambos têm como cabeça de lista pessoas que nunca por cá vimos. Que não nos conhecem, não sabem como pensamos, como vivemos. Ou seja, serão eleitos pela Guarda como poderiam ser eleitos por outro sítio qualquer.


Eu sei que os deputados, depois de eleitos devem agir sempre na defesa dos interesses do país e não do Distrito que os elegeu. Que o mandato é nacional. Mas por alguma coisa cada Distrito elege um número determinado de deputados. De outra forma, os votos iam todos para o monte e quem tivesse mais, mais deputados teria eleitos. Isto deve ser para permitir que haja uma representatividade de cada uma das zonas do país. E ao colocarem a liderar as listas para deputados gente que, independentemente dos seus méritos políticos, não é de cá, está-se na minha opinião a subverter esse princípio. Estão a dar os nossos votos por garantidos, o que é sempre uma coisa que me irrita. Ainda me ia rir se as pessoas agora decidissem não votar em nenhum destes 2 partidos. E os tais 2 senhores não fossem eleitos, apesar de estarem a contar sê-lo sem margem para dúvidas. Aposto que em próximas eleições as coisas seriam muito diferentes... Mas sei que tal não acontecerá. E eles também!


Nos segundos lugares, igual desapontamento: de um lado, alguém que foi eleito e passados meia dúzia de meses renunciou ao mandato, vem agora pedi-lo de volta; do outro, o tal Sr. que à hora da consulta médica em Coimbra estava na Guarda em trabalho político, para desapontamento do clínico. Valha-nos ao menos o facto de ter posto o país à frente da sua saúde...

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Desagravo...?


Na semana passada soube pela rádio que Américo Rodrigues seria distinguido no dia 25 de Abril com a Medalha de Mérito Cultural pela Ministra da Cultura.
A primeira reacção foi de regozijo. Aprecio muito o trabalho que Américo Rodrigues tem feito no TMG, que penso que é hoje um dos ex libris da nossa cidade. Para além disso, é um cidadão participante: quando outros na posição dele ficariam quietos e calados no conforto do cargo que desempenham e da sua relevância, Américo Rodrigues optou por participar activamente na vida da cidade, não se inibindo de manifestar a sua opinião sobre o que se vai passando, mesmo quando ela não é politicamente correcta ou afronta os poderes instalados.
Não concordo sempre com ele; mas consciências e vozes livres como a dele fazem falta em todo o lado - e na Guarda são praticamente um oásis. A ele até lhe valeu recentemente um voto de repúdio na Assembleia Municipal, num episódio que envergonha aquele que deveria ser um estandarte da Democracia.
Depois de digerir a notícia, fiquei curioso: como terá sido feita a escolha da personalidade a distinguir...? Durou pouco a minha ignorância: logo no dia seguinte ouvi o Sr. Governador Civil explicar que tinha sido ele a propôr o nome de Américo Rodrigues para tal distinção.
Ou seja, em mais uma acção em que a imagem da Guarda sai reforçada, há dedo de Santinho Pacheco. Que diga-se, tem feito mais pela promoção da imagem do Distrito do que qualquer outra entidade... Francamente, tenho pena que pouco mais tempo permaneça no cargo. Mas quando sair, deixará a fasquia bem alta para quem lhe suceder e sairá certamente com o apreço de muitos guardenses!
E também neste episódio, Santinho Pacheco deixou claro o seu desapego a jogos de bastidores da pequena-política, a tricas partidárias, a cumplicidades que diminuem os verdadeiros políticos.
Boa!!!, Sr. Governador.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Crónica Diária - Rádio Altitude

Mais uma crónica:

"Em 2010, segundo os últimos números conhecidos, a dívida externa de Portugal foi de 87% do PIB. Nos Estados Unidos, foi de 99%. O défice das contas do Estado foi de 8,6%. Nos Estados Unidos foi de 8,9%.
Quererá isto dizer que, a julgar pelas contas públicas, a situação dos Estados Unidos é pior do que a nossa? Não sei. O que sei é que a situação das nossas contas públicas não explica, por si só, as dificuldades que temos enfrentado em nos financiarmos nos mercados internacionais. Que levaram a que, para salvaguardar a nossa solvabilidade, tenhamos de ter pedido ajuda externa, com as penalizações que daí advirão. Porque, não tenhamos ilusões, as medidas que nos vão ser impostas não o serão para ajudar a pôr em ordem as contas públicas. Servirão, exclusivamente, para que aqueles que nos vão emprestar dinheiro recuperem o mais rapidamente o capital investido – bem como os respectivos juros – bem entendidos.
Iremos pagar esta ajuda externa com língua de palmo, sem que isso signifique que haja uma verdadeira correcção da situação que nos conduziu a este atoleiro. E iremos pagá-la adoptando uma política fortemente recessiva, que atrasará a nossa recuperação económica e comprometerá a nossa capacidade de investimento nos próximos 3 a 4 anos – a confirmarem-se os cenários que têm sido dados como mais prováveis pelos analistas, que por vezes mais não fazem do que deitar-se a adivinhar…
E isto será válido tanto para entidades públicas como privadas.
Há apenas uma pequena nuance: a austeridade não nos vai ser imposta, como alguns parecem querer fazer-nos acreditar. A austeridade em que vamos viver nos próximos anos teremos de ser nós a impô-la a nós próprios, se quisermos reunir as condições exigidas por quem nos pode emprestar dinheiro. Não é algo que vem de fora; é uma escolha nossa. Porque há sempre por onde escolher. Embora, neste caso, poucas dúvidas tenha que entre os males possíveis, a ajuda do FEEF e do FMI é o mal menor.
Se pensarmos na Guarda, a situação não é muito diferente. As principais entidades públicas vêm a sua actuação futura fortemente comprometida devido à situação difícil que o país atravessa. Nem seria de esperar que fosse diferente. Mas eu esperaria que não se manifestasse em questões tão básicas como aquelas a que vamos assistir. Se pensarmos que 2 das maiores instituições públicas da Guarda são o Hospital e o Município, e que não terão como fugir à austeridade que teremos de nos impor a nós mesmos, não será difícil perceber que alguns dos planos que estas instituições têm terão inevitavelmente de ser, no mínimo e na melhor das hipóteses, adiados.
Do lado do hospital, temo que a 2ª fase da expansão – que levaria à requalificação do pavilhão mais antigo onde ainda existem serviços em funcionamento – seja vítima deste processo. E se acho que há sacrifícios que têm de ser feitos, também confesso que não esperaria que, no sec. XXI, ainda tivéssemos um pavilhão hospitalar com as características daquele. Isto num país que se dá ao luxo de ter construído em 2004 estádios que hoje praticamente não são utilizados e que custaram milhões.
Do lado da Câmara, se já hoje se luta com dificuldade em arranjar verbas para requalificar o Parque Industrial que necessita obras há mais de 10 anos, então que fará nos anos que aí vêm... Se já hoje vive sufocada com o peso dos juros da sua imensa dívida, o que acontecerá após a mais que previsível subida das taxas de juro que já começou este mesmo mês, com o Banco Central Europeu a subir a suas taxas de referência… Mesmo sabendo que, apesar desta difícil situação, não se coibiu de adquirir recentemente mais um edifício para o seu espólio, ao invés de utilizar esse dinheiro para satisfazer compromissos anteriormente assumidos.
De uma coisa temos de nos mentalizar todos: o nosso modo de vida vai ter de ser alterado. E o sector público, neste caso, terá de dar o exemplo… Mesmo não perdendo de vista que foi o sector financeiro que despoletou toda esta situação, os políticos portugueses dos últimos 20 anos – salvo poucas honrosas excepções – foram demasiado ávidos na altura de assumir compromissos para o futuro. E o futuro chegou mais depressa do que aquilo que estavam à espera!"

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Indústria na Guarda


As 2 primeiras fábricas - merecedoras desse nome - que conheci foram a extinta fábrica da Renault e a dos Lacticínios do Mileu. A primeira porque o meu Pai lá trabalhou muitos anos. A segunda porque a visitei para fazer um trabalho escolar, quando teria uns 10 ou 11 anos.
Da primeira retenho a sofisticação do equipamento, o tamanho e organização. Da segunda, a amabilidade com que o responsável nos recebeu e nos guiou ao longo da fábrica, dos processos, dos equipamentos, não regateando tempo para todas as explicações que miúdos de 10 anos precisam para perceber como se produzem lacticínios em ambiente industrial.
A Renault, após dar lugar a Reicab, e esta à Delphi, fechou definitivamente no ano passado.
Os Lacticínios do Mileu, a crer nas notícias esta semana veículadas pelo jornal "O Interior" poderá não ter destino diferente. Ou seja, dois marcos da nossa cidade em risco de desaparecer em pouco tempo.
Leio no jornal que a sobrevivência pode estar numa candidatura ao PRODER. O que me preocupa ainda mais, porque a minha experiência na gestão de candidaturas a sistemas de incentivos públicos demonstra que muito raramente uma empresa em dificuldades tem capacidade para executar um investimento objecto de comparticipação, ainda que o respectivo projecto seja apoiado. Além de que há condições de acesso ao financiamento que uma empresa em dificuldades dificilmente ultrapassa...
O empresário diz que há mercado, mas tem dificuldades em cobrar; e aponta alguma culpa às empresas de distribuição e às suas políticas de compras. Certo é que nos supermercados que frequento, nunca vi à venda por exemplo a manteiga do Mileu, que acho muito boa.
Se calhar devíamos preocupar-nos mais em "comprar o que é nosso", da Guarda. No próximo sábado vou tentar comprar um pacote de Manteiga, antes que esgotem definitivamente...

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Sobre circos



Não, este não é um post sobre o que se tem passado no Portugal político.
O assunto é o circo, na acepção de espectáculo.
Pode até ser o maior espectáculo do mundo. Por mim, acho fantásticos os números de contorcionismo - de que os chineses são exímios praticantes -, de ilusionismo, trapezistas e, como não podia deixar de ser, tenho óptimas recordações de números de palhaços, quer ao vivo quer na televisão.
Ainda hoje, tudo isso exerce sobre mim algum fascínio; até o modo de vida daquela gente, que conhece o país como poucos, sempre de um lado para o outro.
A minha única reticência no que ao circo diz respeito prende-se com o uso de animais. Não os números que e fazem com eles; mas as condições em que são mantidos e, especialmente, em que são transportados.
Tivémos desde dia 1 de Abril um circo na nossa cidade. Entre as principais atracções, deram destaque a Tubarões do Pacífico e Focas, num aquário de 30.000 Litros.
Percebo que há 30 anos atrás, por estas paragens quase ninguém tivesse visto um tubarão ou uma foca; o Circo era, para além da componente lúdica, uma oportunidade para contactar com animais nunca vistos por estas paragens.
Mas nos dias de hoje, da TV por cabo, dos programas National Geographic, da Internet, ou do Oceanário de Lisboa, ainda fará sentido sujeitar os animais a uma vida de cativeiro e transporte em condições deploráveis para mostrar tubarões na Guarda? Não creio.
Por isso, apesar dos insistentes pedidos da minha filha, que estava muito entusiasmada com a perspectiva, disse-lhe que desta vez não lhe faria a vontade. Porque acredito que compete a nós - consumidores - dar com o nosso comportamento os sinais certos aos empresários do sector. Obviamente, quando me fôr possível, levá-la-ei (de novo...) ao Oceanário onde poderá observar esses magníficos animais com o mínimo de dignidade. Porque é da dignidade daqueles animais que estamos a falar. E porque é minha intenção educá-la no respeito pela natureza e todas as formas em que a vida nela se manifesta. Tenho a certeza que isso fará dela melhor pessoa.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

De novo... eleições!


E pronto, concretizou-se o cenário que desde há um ano e meio estava anunciado: o Governo demitiu-se, a Assembleia da República foi demitida e foram convocadas eleições para daqui a cerca de 2 meses.

Deixando de fora a campanha eleitoral, não sei muito bem o que esperar até lá.

Mas bem escusam os partidos da oposição de vir agora pressionar o Governo a tomar determinadas atitudes, alegando que está em plenas funções. Não está! É um Governo demissionário, cuja legitimidade para tomar determinadas opções é muito condicionada. Pensassem nisso antes. Agora, é cruzar os dedos até às próximas eleições, porque só depois delas teremos (espero eu) um Governo com plena capacidade para tomar as medidas que já deveriam ter sido tomadas há pelo menos 2 meses atrás...

Para o bem e para o mal, o Primeiro-Ministro-demissionário é um Homem obstinado. Não remodelou, quando pressionado a fazê-lo; não pedirá ajuda externa, apesar de todas as pressões nesse sentido. Disso estou inteiramente convicto.

Mas pensando mais no umbigo - neste caso, na Guarda - confesso que aguardo com alguma curiosidade as listas de candidatos; e mais curiosidade ainda tenho em saber o que dirão os candidatos do PS, os mesmos que na última campanha disseram à Guarda que não haveria portagens nas Auto-Estradas que nos servem e que agora votaram favoravelmente a medida, sem nunca se terem preocupado em justificar-se perante as pessoas da Guarda. Ah, e se se vier a confirmar que o Governo não pode introduzir as portagens por estar demissionário, isso não vale como desculpa alguma, uma vez que a medida foi votada na AR e - este ou outro Governo - deverão implementar as portagens a coberto dessa medida.

Crónica Diária - Rádio Altitude

A minha crónica de 30 de Abril:


"De entre a catadupa de más notícias que ultimamente temos recebido, foi quase sem surpresa que soubemos na semana passada que o chefe de Governo apresentou ao Presidente da República a demissão. Em qualquer país democraticamente evoluído, isto criaria nos cidadãos apreensão e preocupação, levando-os a envolverem-se. Como já nos tinha sido anunciada tantas vezes e há tanto tempo, a notícias chegou-nos sem grande surpresa. Como o fim de uma longa espera, que percebemos com alívio. O cenário mais provável é o de eleições antecipadas; e neste, atrevo-me a antecipar – ou pelo menos desejar – que as pessoas se mobilizem para votar em massa, para fazer uma opção clara, contrariando os elevados níveis de abstenção que se têm verificado em eleições anteriores. Mesmo sabendo que as eleições legislativas são das que mais mobilizam os eleitores… Mesmo não tendo sido divulgadas ainda propostas concretas, é importante que elas sejam conhecidas, discutidas, clarificadas. Porque há escolhas importantes para fazer. A situação das nossas finanças públicas é, como se sabe, muito delicada; exige que se tomem medidas musculadas, quanto mais depressa melhor. Sabemos que Portugal tem vivido acima das suas possibilidades e isso não era dramático num cenário de crescimento da economia mundial, porque existiam recursos financeiros abundantes e baratos que podíamos ir utilizando para sustentar os nossos vícios. Sabemos também que muitos desses recursos financeiros baratos que fomos utilizando eram, afinal, enormes bolhas especulativas. Que quando rebentaram percebemos terem afinal muito menos substância que aquela que o seu invólucro permitia adivinhar… E foi quando se percebeu que os tais recursos financeiros não eram assim tão abundantes que eles deixaram de ser baratos, como sempre acontece na economia real. E ao deixarem de ser baratos, demo-nos finalmente conta que os nossos vícios nos estão a sair demasiado caros e que teremos de passar sem eles; ou, pelo menos, sem alguns… Claro que falo aqui em vícios em sentido figurado, pois muitos deles são indispensáveis para as nossas vidas, como sejam a saúde, o direito à reforma, à educação, etc. O facto de lhes chamar vícios tem mais a ver com a forma como estão organizados do que com a substância em si, que nenhum de nós hesitaria em considerar importante. Assim, as escolhas a fazer serão quanto à forma de moderarmos o nosso apetite – e digo nosso enquanto nação – pelos nossos vícios. Não basta dizermos que temos de gastar menos e melhor; que temos de ser mais criteriosos a aplicar o nosso dinheiro. É preciso perceber exactamente como tornar esses desígnios em realidade, porque será com esta que teremos de passar a conviver no nosso dia-a-dia. Temos de exigir que tudo isto nos seja devidamente explicado, para podermos fazer as nossas opções de forma esclarecida, de acordo com aquilo que achamos que será o melhor caminho para o nosso país. Costuma dizer-se que os momentos de crise acabam por se revelar boas oportunidades de mudança, para quem vê as oportunidades que surgem com as dificuldades. E eu espero que este seja o momento em que de alguma forma os cidadãos se possam reconciliar com a política e se voltem a envolver nela, a participar. Não basta ficarmos à espera que a moralizem, que a elevem, que façam o que quer que seja. Tudo isso está nas nossas mãos; basta chegarmo-nos à frente, envolvermo-nos e darmos a cara pelas nossas opções. Isso sim será o melhor contributo para a moralização e a elevação da política. Deitemos-lhe as mãos!"

terça-feira, 29 de março de 2011

Investimentos...


Devo aqui ao blogue alguns textos, nas últimas semanas, que hei-de repôr muito brevemente. Mas ao saber da mais recente aquisição da Câmara da Guarda, não podia de aqui deixar algumas questões que o tema me coloca.
Falamos de uma Câmara que está actualmente fortemente limitada na sua capacidade de actuação pelas dificuldades financeiras que atravessa; que, segundo dizem alguns, deve muito dinheiro a fornecedores que não podem falar publicamente porque senão acabam os negócios com a Câmara (imagino então que sejam proveitosos...); que deve à banca muitos milhões de Euros, pelo que deduzo que terá actualmente encargos financeiros que pesarão cada vez mais, face à tendência de subida das taxas de juro que veremos nos próximos anos.
Perante este cenário, e com o produto da venda do edifício do hotel de turismo, não seria sensato amortizar alguma dessa dívida; deixar as vindouros um ónus menos pesado? Parece não ser este o caminho que o executivo quer seguir, ao ter anunciado a compra do edifício conhecido como "bacalhau", onde funciona a escola profissional da Guarda.
Obviamente nada me move contra o projecto; daquilo que conheço, é um projecto bem sucedido e que tem dado o devido contributo para que a Guarda possa oferecer aos seus cidadãos mais opções na hora de optar por uma via de formação. Mas existem concerteza outras opções. Existem sempre outras opções.
Se o património da Câmara tem crescido à custa de financiamento bancário para lá do desejável e, provavelmente muito em breve, do suportável, não estará na hora de ponderar a hipótese de tornar esse património mais operacional? Adequá-lo à sua real capacidade financeira?

domingo, 27 de março de 2011

Crónica Diária - Rádio Altitude

Crónica de 16 de Março:

"Notícias recentes na imprensa regional dão conta que a reorganização da rede escolar pública deverá, já no próximo ano, fazer mais algumas vítimas entre as poucas escolas que restam nos meios mais rurais do Distrito.
Sendo o primeiro a concordar com que se dê a todos os jovens oportunidades de aprendizagem em ambiente propício, quer ao nível das condições físicas dos edifícios, quer ao nível da sã convivência entre os alunos, preocupam-me as consequências que o encerramento de escolas vai ter nas aldeias do Distrito.
Se pensarmos que só o Concelho da Guarda tem 55 freguesias, que destas certamente mais de 90% são aldeias, com uma média de 2500 pessoas, rapidamente se conclui a importância que uma simples escola adquire em comunidades tão restritas. Se a isto juntarmos o perfil demográfico dos residentes – evidenciando uma população bastante envelhecida – não é difícil antever a aceleração do processo de morte de algumas destas aldeias.
Com o fecho das escolas, a fraca atractividade das actividades agrícolas na nossa região e a escassez de emprego nas nossas aldeias, os custos de por lá ficar a viver serão brevemente incomportáveis, não restando outra solução aos activos residentes senão a de procurar melhor vida nas vilas ou cidades, num movimento migratório que ditará o fim de muitas dessas aldeias.
Apesar de tudo isto ser mais ou menos evidente, não vejo da parte das autoridades com responsabilidade no planeamento territorial grandes preocupações.
Entre amigos, costumo dizer que o último governante a preocupar-se com a ocupação de todo o nosso território foi D. Sancho I – o que lhe valeu o cognome de O Povoador – e que depois dele poucos foram os que se debruçaram e fizeram esforços nesse sentido.
Razão pela qual hoje temos quase ¾ da população concentrados junto à faixa Litoral, com os custos que daí advêm – assimetrias regionais graves, custos na qualidade de vida das pessoas, custos ambientais, para citar os mais óbvios.
Com a intensificação da migração e o desaparecimento natural dos mais velhos, em menos de 20 anos a maior parte das nossas aldeias ficarão completamente desertas. Cabe-nos pois, reflectir se é este o destino que queremos para elas. E como queremos o nosso Concelho daqui a 20 anos.
A isto chama-se planeamento estratégico e é coisa que não estamos habituados a fazer. São as Comissões de Coordenação Regional que o fazem por nós. Mas participar nas suas decisões, nas Consultas Públicas, é um acto de cidadania. E divulgar essas consultas – ou quaisquer outras forma de participação – é um acto de boa gestão política.
Voltando ao início desta minha crónica, defendo para as crianças uma escola que lhes dê conhecimento e ajude a integrá-las na sociedade. E essa escola não funciona com 10 ou 12 alunos.
Defendo que o nosso Concelho mantenha e tire partido da ruralidade que lhe é característica. E isso faz-se com gente com formação. Que aproveite as condições que o mercado global apresenta para novos modelos de exploração dessa ruralidade.
Vale a pena pensarmos se queremos ter 100 aldeias, a maior parte delas moribundas, ou 30 núcleos de aldeias com gestão conjunta e com vitalidade própria.
Tudo isto de que falo é um processo que está em marcha e há muito se iniciou. Não vai ser possível pará-lo para tomar decisões colaterais. Mas as que forem tomadas condicionarão certamente o resultado final. Por isso, deixo o desafio a agências de valorização territorial e organismos com competência na valorização da envolvente para rapidamente promoverem uma discussão que possa dar resposta a pelo menos algumas destas questões. O Concelho, a suas gentes e a desejável coesão sairão certamente beneficiados."