segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Maternidade


Hoje, a maternidade da Guarda esteve de novo na ordem do dia. Porque o ambiente é de desconfiança em relação ao seu futuro, que decorrerá da nova carta hospitalar que se espera que brevemente seja apresentada pelo Ministério da Saúde; e porque nesta altura existe sempre alguma curiosidade relativamente ao "bebé do ano" - como convencionou chamar-se ao primeiro bebé nascido na maternidade em cada novo ano.
Ouvi mesmo na rádio a Directora do Serviço de Obstetrícia referir-se à maternidade, às suas instalações, à equipa, ao número de partos, etc. Sobre as instalações, não podia estar mais de acordo com ela: estão longe de ser as ideais, mas como o Hospital vive uma fase de transição para novas instalações - que faço votos que ocorra em breve - esse é um aspecto que deverá ficar resolvido. Quanto à equipa, já não estou tão de acordo com ela...
Tenho da Maternidade do Hospital da Guarda uma ideia diferente da maioria das pessoas. É óbvio que quero que a Guarda tenha uma Maternidade. Que as mulheres da Guarda possam ter filhos na sua terra. Essa é uma questão de saúde, de identidade até! Mas não quero a Maternidade que temos actualmente; quero a Maternidade a que temos direito: com instalações adequadas; com uma equipa profissional; com um serviço que realmente valha aquilo que custa. Porque o meu óbice relativamente à Maternidade da Guarda é este: é demasiado cara para aquilo que oferece. Pelas instalações de que dispõe, desde as enfermarias às casas-de-banho, tudo é desadequado aos objectivos que serve. Mas também a equipa: não basta serem simpáticos; não precisam sequer ser demasiado afetuosos; basta que sejam muito profissionais. E se alguns o são, isso não faz com que a equipa o seja!
Alguém já se preocupou em perceber por que é que há mulheres que vão ter os seus filhos a outro Hospitais, mesmo aqui ao lado? Não me refiro a ter uma vaga ideia do caso A ou B; refiro-me a falar com as pessoas - ou um grupo significativo delas - e realmente estudar o assunto. Desde a última vez em que se falou do fim da Maternidade e a população saiu à rua para exigir - e bem! - a sua manutenção, alguma coisa mudou nas práticas, na dinâmica da equipa, etc.? Daquilo que conheço, não. E é pena...
É certo que a Guarda precisa e quer a sua Maternidade. Mas também os profissionais que lá trabalham têm a responsabilidade de contribuir para a melhoria do serviço e captar assim cada vez mais parturientes - da Guarda, e até das zonas limítrofes. De as envolver e fazê-las participar de um grande momento. Estou convencido que o futuro da Maternidade da Guarda passa por aí. O futuro ou a sua ausência...


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