quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Trânsito


Ouvi ontem pela manhã que na Operação de Natal e Ano Novo a GNR contabilizou mais acidentes que igual período do ano passado. O responsável que falou à rádio dizia-se mesmo muito preocupado com os indicadores referidos.

Já hoje, à hora do almoço, vi o Ministro da Administração Interna apresentar as estatísticas referentes à sinistralidade na estrada no ano 2009, evidenciando o facto de se terem registado menos mortes que no ano anterior.

Ouvindo estas 2 notícias, constato que em Portugal, a sinistralidade rodoviária é ainda uma área onde as autoridades nos tratam como se fôssemos atrasados mentais. Se não vejamos: como é possível, em 2 dias consecutivos, serem as próprias autoridades a apresentar resultados evidenciando uma coisa e o seu contrário? A resposta é simples: num dos casos, a conclusão é irrelevante porque não se comparam 2 realidades iguais. Basta consultar os registos meteorológicos para os períodos em que decorreu a operação de Natal e Ano Novo nos anos 2008 e 2009 para, facilmente, se concluir que as condições não são sequer parecidas, o que enviesa os resultados da comparação, tornando-a INÚTIL. E o que conduz a isto? O período de tempo em análise ser demasiado curto para lhe permitir relevância estatística. Tentem lá comparar o nº de mortes na estrada, digamos, no dia 6 de Janeiro de 2010 e no mesmo dia de 2009 e tirem as vossas conclusões...

Assim, continuo à espera do dia em que veja aparecer alguém com coragem para fazer algo que inverta a lógica actual de "fonte de receitas" para uma lógica de verdadeira prevenção de acidentes. Ou querem convencer-me que 2 agentes sentados num carro escondido numa recta (de preferência a descer) ao invés de estarem na berma da estrada, fora do carro, bem visíveis nessa mesma recta previne os acidentes de aí acontecerem? Mas conseguem, sem sombra de dúvidas, levantar muitos mais autos de contra-ordenação! É bom para os cofres do Estado. E se tiver um acidente, olhe... fosse mais devagar.

3 comentários:

rgs disse...

Porque será que dois agentes sentados num automóvel parcialmente escondido levantam mais autos que dois agentes visíveis na berma da estrada?
Talvez, porque grande parte dos condutores portugueses incluindo o autor do blogue, quando conduzem um veículo, ao avistarem a polícia vão tão devagar que até atrapalham a circulação, mas quando a perdem de vista, é prego a fundo, enviando as regras de segurança para as ortigas.
Eu que conheço e cumpro os limites de velocidade, não me incomodo nada que estejam parcial ou totalmente escondidos com radares, câmaras de filmar e tudo o mais.
Caro Rui Ribeiro, se o senhor cumprir o que aprendeu aquando da sua candidatura para a obtenção da carta de condução, esteja descansado, por muito que a polícia esteja escondida numa tentativa de caça à multa, não o incomodará.
Enquanto a nossa cultura for de criticar quem ou como se tenta punir os prevaricadores, continuaremos a ter acidentes graves que só no ano findo ceifou (739)SETECENTAS E TRINTA E NOVE vidas (dados oficiais), sendo que apenas são contabilizados os que morreram no local ou a caminho do hospital.
Se todos nós formos cumpridores, não acabamos com as mortes nas estradas, mas reduzímos em muito esta triste realidade.
Desde miúdo ouço que a polícia deve prevenir em vez de reprimir blá, blá, blá.
A prevenção começa e termina em cada um de nós.
Vamos denunciar e reprovar aqueles que praticam actos que põem em causa a segurança deles e de terceiros.
Para finalizar o meu comentário proponho o seguinte:
Durante este ano, vamos impedir que os polícias que trabalham com radares consigam tirar fotografias, bastando para tanto, cumprir os limites de velocidade.

MANTENHA-SE VIVO
A SUA FAMILIA E AMIGOS AGRADECEM.

Rui Ribeiro disse...

Concordo com grande parte do que diz. Mas há pelo menos 2 aspectos que me merecem reparo:
1) não sei o que o leva a crer que quando avisto a polícia vou tão devagar que até atrapalho a circulação; e olhe que eu não sou dos que diz que cumpre sempre os limites de velocidade;
2) não sei em que é que sustenta a ideia de que o excesso de velocidade é o culpado pelos acidentes e mortes na estrada.
Eu quero que se punam os comportamentos que levam aos acidentes e ás mortes. Por isso me indigno de, no ano passadao, ter visto tantos radares (certamente centenas, durante o ano todo), mas só 1 vez ter visto ser controlado o meu nivel de alccolemia e quase à porta de minha casa.
Quanto à velocidade, é a forma mais fácil de pegar no problema. Continuo é sem compreender por que é que hoje a velocidade máxima numa auto-estrada é de 120 Km/h, o mesmo que em 1973 o meu Pai tinha para o seu Renault 12, que tecnica e tecnologicamente estavam muito aquém da chave do carro que eu conduzo hoje...

rgs disse...

Caro Rui Ribeiro, é bom saber que está de acordo com grande parte do que escrevi.
Quanto aos dois aspectos que merecem reparo da sua parte, obviamente devo dar uma explicação:
Em relação ao primeiro, confesso que nada me leva a crer que a sua atitude seja a que descrevi, foi apenas uma forma de expressão.
Quanto ao segundo reparo, envio dois links:
http://www.velocidade.prp.pt/Page/4418/default.aspx

http://www.ansr.pt/Default.aspx

Através deles, poderá ficar mais esclarecido da relação existente entre Velocidade/Acidentes e Mortes.
Sei que não é a única causa, mas sem sombra de dúvidas, que aliado ao álcool é responsável por mais de 90% dos acidentes e de mortes no nosso País.
Volto a recordar que no ano de 2009morreram 739 pessoas.
São milhares de pessoas que vivem o luto dos seus entes queridos, sendo que muitos, foram vítimas da irresponsabilidade de terceiros.
Temos de criticar as atitudes irresponsáveis dos condutores e não a forma como as polícias as tentam combater.
Continuo a afirmar que não me incomoda a forma mais ou menos camuflada como os radares se encontram.
QUEM NÃO DEVE NÃO TEME.
Em relação ao limite máximo de velocidade em auto-estrada, não concordo que deva aumentar, uma vez que a melhoria técnica dos veículos, não tem por objectivo o aumento das velocidades, mas sim uma maior economia, proporcionando ainda um maior conforto e segurança dos seus ocupantes.
Um bom fim de semana.