sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Por que gosto do "Top Gear"


Desde pequeno que gosto de carros. Gosto da sensação de ter uma máquina que responde aos meus comandos e obviamente da sensação de poder controlar uma massa que pode ir de uma a mais de duas toneladas e meia. A observação dos fenómenos da física a enquanto se conduz é, para mim, uma sensação revigorante: gosto de sentir a transferência de massas durante uma travagem, as diferença que podemos experimentar em abordagens diferentes a uma mesma curva, etc. Para além disto, existem os aspectos estéticos e a paixão. Esta será porventura a mais difícil de explicar; por que se gosta de um carro e não se gosta tanto de outro. São, está claro, aspectos que variam de pessoa para pessoa, mas são eventualmente os que fazem a diferença na hora da compra.

Habituei-me a ver alguns programas ou magazines de carros que foram passando pelas nossas televisões; ou a ler algumas revistas que se dedicam ao assunto. Mas rapidamente perdia o interesse: na maior parte dos casos, não são mais do que um desfilar de números de potência, cilindrada, volume de carga ou do porta-luvas, gadgets curiosos, etc. E para mim, nada disto é decisivo na hora de escolher.

Por isso há uns anos apaixonei-me por uma revista sobre automóveis que para mim continua a ser a melhor na sua área: a Evo. Aqui, além de poder ler os ensaios ao que melhor se faz na indústria automóvel, a linguagem transmite na perfeição a paixão de quem faz o trabalho. As sensações que transmite na condução, os aspectos estéticos ou pura e simplesmente a adrenalina que um carro nos pode fazer libertar, tudo lá está. Para mim, ísto é o que verdadeiramente distingue o jornalista especializado em automóveis e o que se limita a descrever e discorrer sobre um conjunto de números, fornecidos pelos fabricantes.

Na televisão (por cabo), pode-se também assistir a um programa muito dentro deste espírito: Top Gear. Produzido pela BBC, passa no Discovery Channel diariamente. Podemos assistir a ensaios de um Bugatti Veyron, e a seguir de um Citroen C1. E em todos, com pontos fortes e fracos, cada qual no seu "campeonato". E a linguagem transmite exatctamente a paixão de quem gosta de automóveis . Que se vê, por exemplo, após um ensaio ao Ferrari 599, quando o apresentador refere que é dos carros mais fantásticos que alguém pode conduzir, mas que nele não produziu o clic que lhe faria comprá-lo, porque não mostrou nem alma, nem coração. E os carros, para quem não se limita a fazer-se transportar por eles, têm muito a ver com isto...

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