Em 4 de Fevereiro, foi assim:
Muito se tem dito e escrito sobre a crise que tem varrido o mundo dos negócios. São mais ou menos conhecidos os motivos que estiveram na sua origem e alguns dos seus principais protagonistas – quer tenham sido causadores quer visados. O seu epicentro foi nos EEUU, mas rapidamente alastrou a todas as regiões do Globo, com particular incidência naquelas que têm maior grau de desenvolvimento que, paradoxalmente, são também aquelas que mais dependência vieram a revelar dos sistemas financeiros. Veja-se o caso da Islândia.
Sabe-se tudo isto, mas não se sabe ainda a verdadeira dimensão da crise – quer a sua extensão, quer a sua duração. Esta dependerá em parte do sucesso das políticas que têm vindo a ser implementadas em diversas áreas.
Portugal, como Economia periférica e aberta que é, começou cedo a sofrer as agruras da crise, e a procissão ainda vai no adro, como costuma dizer-se por cá.
Independentemente do sucesso das medidas governamentais, não podemos ter ilusões: é certo que o desemprego vai subir, é certo que muitas empresas vão fechar e é certo que teremos de abdicar de uma parte – mais ou menos significativa, consoante a situação individual de cada um – do nível de vida a que nos temos habituado. Em situações como esta, a rapidez de resposta é decisiva; não é o momento de esperar para ver, é o momento de agir. Os que ficarem a ver, verão provavelmente o seu infortúnio.
Em momentos como o actual, acaba por ser evidente aquilo que todos os manuais de gestão e economia nos dizem, mas que não é visível em épocas de prosperidade: que os agentes económicos mais bem preparados continuarão a sua actividade e a sua progressão na cadeia de criação de valor, tendo os restantes tendência para acabarem por desaparecer. Na verdade, em épocas de prosperidade as economias tendem a ser menos eficientes.
Na crise a que assistimos, será decisiva a rapidez e a capacidade de resposta. Mas, inevitavelmente, alguns ficarão pelo caminho. Para estes, é preciso promover o insucesso responsável, um conceito pouco cultivado entre nós. Porque gostamos de apregoar sucessos aos quatro ventos, mas preferimos varrer os insucessos para baixo do tapete.
Todos os que estão no mundo dos negócios, sabem que uma actividade empresarial comporta riscos. Um deles, o risco de o projecto de negócio ser mal-sucedido. O insucesso responsável visa, nestes casos, que por um lado este insucesso não tenha repercussões na envolvente da empresa – clientes, fornecedores, colaboradores, etc – e por outra que desse insucesso se retirem ensinamentos que possam ser utilizados em futuros projectos. É com este conceito em mente que algumas empresas de capital de risco valorizam, na análise do perfil do candidato a operações de financiamento, o seu passado de insucessos. Porque é previsível que não se voltem a cometer erros passados. E porque só o verdadeiro empreendedor arrisca nova aventura empresarial depois de ter conhecido o insucesso.
Penso portanto que este é o tempo indicado para dar eco a este interessante conceito, por um lado porque se adivinham para os tempos mais próximos alguns insucessos, por outro porque precisamos da experiência e do espírito empreendedor daqueles que têm boas ideias de negócio, audácia e vontade para as levar à prática.
Do lado das políticas públicas, este é um momento que dificilmente se repetirá no futuro: estão hoje à disposição dos empresários – actuais ou futuros – um conjunto de instrumentos de financiamento, com uma amplitude e intensidade de incentivos que poucos pensaram voltar algum dia ver. De linhas de crédito com juro bonificado, a incentivos com ou sem reembolso, até incentivos que chegam nalguns casos a 50% do investimento, os apoios públicos actualmente em vigor abrangem a grande maioria dos sectores de actividade e necessidades de investimento das empresas. Não chegará para todos, porque muitos destes apoios estão sujeitos a regras de selectividade, ou seja, projectos mais competitivos, com maior incidência em factores dinâmicos de competitividade, apresentados por empresas financeiramente mais sólidas estarão à partida mais bem colocados para a obtenção de apoios. Convém não esquecer que quando falamos de apoios públicos, é de dinheiro dos contribuintes – que somos todos nós – que estamos a falar. E naturalmente, todos exigimos que o nosso dinheiro seja aplicado da melhor forma possível. Também não serão extensíveis a todas as necessidades, de todas as empresas. Quanto a isso, não podemos ter ilusões: não haverá nunca um sistema de apoios a empresas (ou outras entidades) perfeito, que se aplique a todas as situações, até pelo simples facto de existirem nalguns sectores restrições que nos são impostas.
O momento é de agir, de aproveitar financiamentos e fortalecer as empresas. A maior parte, senão todas, passarão por dificuldades. Mas as que estiverem mais bem preparadas sobreviverão, e tenho a certeza que sairão desta crise mais fortes. Das outras, ainda que tenham de se extinguir, tenho também a certeza de que algo se poderá aproveitar; assim todos o queiramos…
Para ouvir, clique aqui.
Muito se tem dito e escrito sobre a crise que tem varrido o mundo dos negócios. São mais ou menos conhecidos os motivos que estiveram na sua origem e alguns dos seus principais protagonistas – quer tenham sido causadores quer visados. O seu epicentro foi nos EEUU, mas rapidamente alastrou a todas as regiões do Globo, com particular incidência naquelas que têm maior grau de desenvolvimento que, paradoxalmente, são também aquelas que mais dependência vieram a revelar dos sistemas financeiros. Veja-se o caso da Islândia.
Sabe-se tudo isto, mas não se sabe ainda a verdadeira dimensão da crise – quer a sua extensão, quer a sua duração. Esta dependerá em parte do sucesso das políticas que têm vindo a ser implementadas em diversas áreas.
Portugal, como Economia periférica e aberta que é, começou cedo a sofrer as agruras da crise, e a procissão ainda vai no adro, como costuma dizer-se por cá.
Independentemente do sucesso das medidas governamentais, não podemos ter ilusões: é certo que o desemprego vai subir, é certo que muitas empresas vão fechar e é certo que teremos de abdicar de uma parte – mais ou menos significativa, consoante a situação individual de cada um – do nível de vida a que nos temos habituado. Em situações como esta, a rapidez de resposta é decisiva; não é o momento de esperar para ver, é o momento de agir. Os que ficarem a ver, verão provavelmente o seu infortúnio.
Em momentos como o actual, acaba por ser evidente aquilo que todos os manuais de gestão e economia nos dizem, mas que não é visível em épocas de prosperidade: que os agentes económicos mais bem preparados continuarão a sua actividade e a sua progressão na cadeia de criação de valor, tendo os restantes tendência para acabarem por desaparecer. Na verdade, em épocas de prosperidade as economias tendem a ser menos eficientes.
Na crise a que assistimos, será decisiva a rapidez e a capacidade de resposta. Mas, inevitavelmente, alguns ficarão pelo caminho. Para estes, é preciso promover o insucesso responsável, um conceito pouco cultivado entre nós. Porque gostamos de apregoar sucessos aos quatro ventos, mas preferimos varrer os insucessos para baixo do tapete.
Todos os que estão no mundo dos negócios, sabem que uma actividade empresarial comporta riscos. Um deles, o risco de o projecto de negócio ser mal-sucedido. O insucesso responsável visa, nestes casos, que por um lado este insucesso não tenha repercussões na envolvente da empresa – clientes, fornecedores, colaboradores, etc – e por outra que desse insucesso se retirem ensinamentos que possam ser utilizados em futuros projectos. É com este conceito em mente que algumas empresas de capital de risco valorizam, na análise do perfil do candidato a operações de financiamento, o seu passado de insucessos. Porque é previsível que não se voltem a cometer erros passados. E porque só o verdadeiro empreendedor arrisca nova aventura empresarial depois de ter conhecido o insucesso.
Penso portanto que este é o tempo indicado para dar eco a este interessante conceito, por um lado porque se adivinham para os tempos mais próximos alguns insucessos, por outro porque precisamos da experiência e do espírito empreendedor daqueles que têm boas ideias de negócio, audácia e vontade para as levar à prática.
Do lado das políticas públicas, este é um momento que dificilmente se repetirá no futuro: estão hoje à disposição dos empresários – actuais ou futuros – um conjunto de instrumentos de financiamento, com uma amplitude e intensidade de incentivos que poucos pensaram voltar algum dia ver. De linhas de crédito com juro bonificado, a incentivos com ou sem reembolso, até incentivos que chegam nalguns casos a 50% do investimento, os apoios públicos actualmente em vigor abrangem a grande maioria dos sectores de actividade e necessidades de investimento das empresas. Não chegará para todos, porque muitos destes apoios estão sujeitos a regras de selectividade, ou seja, projectos mais competitivos, com maior incidência em factores dinâmicos de competitividade, apresentados por empresas financeiramente mais sólidas estarão à partida mais bem colocados para a obtenção de apoios. Convém não esquecer que quando falamos de apoios públicos, é de dinheiro dos contribuintes – que somos todos nós – que estamos a falar. E naturalmente, todos exigimos que o nosso dinheiro seja aplicado da melhor forma possível. Também não serão extensíveis a todas as necessidades, de todas as empresas. Quanto a isso, não podemos ter ilusões: não haverá nunca um sistema de apoios a empresas (ou outras entidades) perfeito, que se aplique a todas as situações, até pelo simples facto de existirem nalguns sectores restrições que nos são impostas.
O momento é de agir, de aproveitar financiamentos e fortalecer as empresas. A maior parte, senão todas, passarão por dificuldades. Mas as que estiverem mais bem preparadas sobreviverão, e tenho a certeza que sairão desta crise mais fortes. Das outras, ainda que tenham de se extinguir, tenho também a certeza de que algo se poderá aproveitar; assim todos o queiramos…
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