Mais uma quarta-feira, mais uma crónica - ou umas postas de pescada, se preferirem. Fica a opinião:
"Na semana passada celebrou-se mais um aniversário da nossa cidade. O programa das comemorações contemplou este ano um conjunto de actividades que passaram pelo Desporto, Teatro, Música, para citar aqueles que mais me chamaram a atenção, culminando com a inauguração da nova Biblioteca Municipal na presença do Sr. Presidente da República.
Como referiram os responsáveis da autarquia, a inauguração da Biblioteca é o culminar de um processo de dotação da cidade de algumas infra-estruturas básicas na área da Cultura. Como sempre nestas coisas, há vozes críticas. A cultura, por ser uma área onde o intangível domina, tem por vezes pouco reconhecimento por parte do cidadão comum, que quer coisa que se veja. É pois preciso pararmos para pensar, e tentarmos perceber que o investimento na cultura é um investimento a prazo, nas pessoas, sendo mais importantes as actividades que lá se vão desenvolver que o betão que se gasta na obra. Pegando num exemplo relacionado com as comemorações da passada semana, das pessoas com quem falei e que assistiram ao espectáculo “Guarda – Rádio Memória”, nenhuma ficou indiferente à mensagem de orgulho das histórias e personagens da cidade que povoam a nossa memória. Evidentemente é necessária uma infra-estrutura com alguma envergadura para poder montar um espectáculo como “Guarda – Rádio Memória”. Por outro lado, de que nos serviria o TMG se lá não fosse desenvolvida uma programação que aproveite a capacidade ali instalada? É, por tudo isto, mais importante o que se lá faz do que o edifício em si.
Mas como sempre neste tipo de comemorações, depois dos festejos temos inevitavelmente de regressar ao dia-a-dia. E esse, segundo as previsões que temos conhecido, não se avizinham fáceis. A crise sobre a qual tanto se tem dito e escrito vai, segundo os diversos analistas, intensificar-se durante o próximo ano, o que significa para nós, consumidores, que até pelo menos 2010 vamos sofrer com ela. A juntar à crise de liquidez dos bancos, que faz com que uma grande parte dos portugueses veja aumentada a sua factura com o crédito à habitação, teremos um previsível aumento do desemprego e uma contracção da economia, ou seja, uma ausência de crescimento económico que se vai traduzir numa diminuição de rendimento e na perda de competitividade da nossa economia no sistema económico mundial.
A Guarda, naturalmente, não escapará a esta conjuntura, avizinhando-se tempos particularmente difíceis, sobretudo se pensarmos no relativamente reduzido número de empresas que por cá existem. A juntar-se à tendência que observámos nos últimos anos na fileira têxtil, temos agora o sector automóvel, ambos com empresas muito representativas na nossa região.
Será a hora de, mais uma vez, todos nos unirmos em defesa da nossa região, quer exigindo medidas que contrariem a perda de postos de trabalho, quer continuando a empreender, a inovar, a evidenciar capacidade de realização. As forças políticas locais terão um papel importante mas não exclusivo. Compete também a cada um de nós, através do exercício dos seus direitos de cidadão, contribuir para a solução dos problemas que se avizinham; se ficarmos apenas a exigir dos outros ou, pior ainda, a lamentar-nos com a nossa má-sorte, rapidamente seremos ultrapassados por aqueles que sabem que é na adversidade que se geram oportunidades irrepetíveis. Por aqueles que tiverem mais capacidade de resistência. Por aqueles que mais cedo perceberem que não se trata de ser optimista, mas sim de ser resiliente.
Será também um período onde vão ser decisivas lideranças fortes nas organizações, económicas e políticas, pelo que as escolhas que se avizinham terão uma importância acrescida para o futuro da nossa terra.
Por tudo isto, pelo muito que a Guarda precisará nos próximos tempos de cidadãos que ajam, pensem e decidam com lucidez, é importante continuarmos a investir na Cultura. Nas pessoas.
Termino desejando à Guarda – a todos nós – aquilo que é uso desejar-se nos aniversários: muitas felicidades e muitos anos de vida."
Como referiram os responsáveis da autarquia, a inauguração da Biblioteca é o culminar de um processo de dotação da cidade de algumas infra-estruturas básicas na área da Cultura. Como sempre nestas coisas, há vozes críticas. A cultura, por ser uma área onde o intangível domina, tem por vezes pouco reconhecimento por parte do cidadão comum, que quer coisa que se veja. É pois preciso pararmos para pensar, e tentarmos perceber que o investimento na cultura é um investimento a prazo, nas pessoas, sendo mais importantes as actividades que lá se vão desenvolver que o betão que se gasta na obra. Pegando num exemplo relacionado com as comemorações da passada semana, das pessoas com quem falei e que assistiram ao espectáculo “Guarda – Rádio Memória”, nenhuma ficou indiferente à mensagem de orgulho das histórias e personagens da cidade que povoam a nossa memória. Evidentemente é necessária uma infra-estrutura com alguma envergadura para poder montar um espectáculo como “Guarda – Rádio Memória”. Por outro lado, de que nos serviria o TMG se lá não fosse desenvolvida uma programação que aproveite a capacidade ali instalada? É, por tudo isto, mais importante o que se lá faz do que o edifício em si.
Mas como sempre neste tipo de comemorações, depois dos festejos temos inevitavelmente de regressar ao dia-a-dia. E esse, segundo as previsões que temos conhecido, não se avizinham fáceis. A crise sobre a qual tanto se tem dito e escrito vai, segundo os diversos analistas, intensificar-se durante o próximo ano, o que significa para nós, consumidores, que até pelo menos 2010 vamos sofrer com ela. A juntar à crise de liquidez dos bancos, que faz com que uma grande parte dos portugueses veja aumentada a sua factura com o crédito à habitação, teremos um previsível aumento do desemprego e uma contracção da economia, ou seja, uma ausência de crescimento económico que se vai traduzir numa diminuição de rendimento e na perda de competitividade da nossa economia no sistema económico mundial.
A Guarda, naturalmente, não escapará a esta conjuntura, avizinhando-se tempos particularmente difíceis, sobretudo se pensarmos no relativamente reduzido número de empresas que por cá existem. A juntar-se à tendência que observámos nos últimos anos na fileira têxtil, temos agora o sector automóvel, ambos com empresas muito representativas na nossa região.
Será a hora de, mais uma vez, todos nos unirmos em defesa da nossa região, quer exigindo medidas que contrariem a perda de postos de trabalho, quer continuando a empreender, a inovar, a evidenciar capacidade de realização. As forças políticas locais terão um papel importante mas não exclusivo. Compete também a cada um de nós, através do exercício dos seus direitos de cidadão, contribuir para a solução dos problemas que se avizinham; se ficarmos apenas a exigir dos outros ou, pior ainda, a lamentar-nos com a nossa má-sorte, rapidamente seremos ultrapassados por aqueles que sabem que é na adversidade que se geram oportunidades irrepetíveis. Por aqueles que tiverem mais capacidade de resistência. Por aqueles que mais cedo perceberem que não se trata de ser optimista, mas sim de ser resiliente.
Será também um período onde vão ser decisivas lideranças fortes nas organizações, económicas e políticas, pelo que as escolhas que se avizinham terão uma importância acrescida para o futuro da nossa terra.
Por tudo isto, pelo muito que a Guarda precisará nos próximos tempos de cidadãos que ajam, pensem e decidam com lucidez, é importante continuarmos a investir na Cultura. Nas pessoas.
Termino desejando à Guarda – a todos nós – aquilo que é uso desejar-se nos aniversários: muitas felicidades e muitos anos de vida."
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