Periodicamente, por ocasião da divulgação de algumas estatísticas, nomeadamente da OCDE e da OIT (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico e Organização Internacional do Trabalho, respectivamente), lá ouvimos falar do absentismo. Que em Portugal é relativamente elevado, que é preciso combatê-lo por forma a criar um sistema produtivo fiável, etc. Até aqui, de acordo.
Mas que moral têm aqueles rapazes de São Bento para nos imporem (aos portugueses, entenda-se) regras de combate ao absentismo, com os exemplos que vêm do lado deles?
Na semana passada o CDS-PP apresentou na Assembleia da República uma proposta de suspensão da avaliação dos professores. Talvez não de forma inocente, a votação foi agendada para sexta-feira passada. Contabilizadas as presenças, o cenário era o seguinte: o PS, dos 121 deputados tinha presentes 108; o PSD, do total de 75 tinha presentes 45; o CDS-PP, de 12 tinha presentes 9; o PCP tinha presentes 10 dos 11 deputados; o PEV tinha presente 1 dos 2 deputados e o BE foi o único partido que tinha presente a totalidade dos seus deputados: 8; estava ainda presente a deputada não-inscrita Luisa Mesquita. Contas feitas, de um total de 230 deputados, estavam presentes na votação 182, ou seja, o absentismo atingiu nesta ocasião a bonita cifra de cerca de 21%! Mais de um quinto! E isto num tema que tem feito títulos de telejornais, manchetes de jornal, das maiores manifestações que temos visto nos últimos anos!
Mesmo tendo em consideração que o trabalho dos deputados não se esgota nas sessões plenárias, é um número que não podemos deixar de ter em atenção. Eu sei que era véspera de fim-de-semana prolongado, e tal, mas a essa mesma hora a grande maioria dos milhões de portugueses que os elegeu e que lhes paga os salários também estavam no seu local de trabalho, cumprindo com as suas obrigações para com quem lhe paga o salário e, em última análise, para com o País. Deviam ter vergonha os líderes parlamentares e pedir desculpa aos portugueses.
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