terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Centro Histórico

Sobre a forma como o Centro Histórico da Guarda, muito se diz e promete, principalmente durante as Campanhas Eleitorais. Depois, tudo volta ao mesmo: ignorância ostensiva. Não se conhece um plano estratégico para o Centro Histórico; não há um fio condutor. Se por um lado, na reconstrução, se obriga a manter a traça original - o que acho muito bem, por forma a manter uma imagem coerente no edificado - por outro, na construção nova, é permitida a traça contemporânea numa das ruas mais antigas da cidadela medieval! Por outro lado, na aprovação de obras de reconstrução, obriga-se a deixar à vista alguns dos muros subterrâneos por se tratar de excertos da muralha; noutros casos, permite-se que extensões significativas da muralha (e não dos seus alicerces) sejam tapadas por construções. Não dá para entender e, na hora de apresentar um conjunto coerente, pouco temos para visitar. Não há divulgação de percursos, os famosos audio-guias não passaram até agora de intenções (e provavelmente despesa), qualquer turista que se aventure naquela que deveria ser a zona nobre da cidade, a sala de visitas, está por sua conta e risco. E isto deixa-me triste, por um lado, e furioso, por outro. Porque uma cidade que celebra 809 anos tem de ter Património para mostrar. Tem de fazer justiça às sua raízes, e a Guarda não a tem feito. É óptimo inaugurar uma Biblioteca nova nas comemorações do dia da cidade, mas não acho que seja digno mostrar a visita do Presidente da República desde uma tenda montada na Alameda de Santo André! É aquela a imagem de nós que queremos passar para o exterior? Será que essa imagem não merece nenhuma preocupação?
Este Domingo almocei num restaurante da zona histórica; deslocando-me do carro para o restaurante, passei por diversos turistas, que lá me foram pedindo orientações. Senti pena deles e vergonha por nós! Por não os sabermos receber à altura! E gostava francamente que isto mudasse; já era hora...
Nota final: recentemente, a Câmara aprovou uma redução de 30% do IMI a pagar pelas casas localizadas no Centro Histórico que estiverem em boas consdições, que tenham sofrido obras recentemente, etc; é de louvar a intenção, mas fai falhar na requalificação do Centro Histórico por 3 razões: porque uma casa em ruínas provavelmente continuará a pagar menos IMI do que após a reconstrução com os tais 30% de desconto, porque uma casa no Centro Histórico está sujeita a fortes condicionalismos que têm de ser compensados por outras vias, se queremos gente lá a morar, e porque no fundo tanto vou beneficiar eu, com uma casa com centenas de anos, reconstruída por forma a manter a traça original, como o meu vizinho 2 ou 3 portas ao lado, que concluiu recentemente uma moradia de estilo contemporâneo, que nada tem a ver com o centro histórico. Nem sequer o facto de ter substituído um imóvel decadente, pura e simplesmente porque no local da implantação existia apenas um largo com vista... sobre a muralha!

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