quinta-feira, 11 de junho de 2009

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No Jornal "O Interior" da semana passada li uma notícia que me deixou surpreendido e ao mesmo tempo com uma dúvida.
A notícia dava conta de alguns técnicos de Diagnóstico do Hospital que fizeram greve, porque, ao que dizem, "são os únicos técnicos superiores da função pública que não são pagos como tal"... (cito de memória).
Começo por dizer que acho muito bem que as pessoas lutem pelos seus direitos e o façam de uma forma aberta e frontal. Mas, no caso vertente, trata-se de técnicos que entretanto concluíram estudos superiores, com a obtenção do respectivo grau académico, pelo que querem equivalência em termos de remuneração com os chamados "técnicos superiores". Assim mesmo.
Não querem candidatar-se a técnicos superiores. Não querem mudar de carreira. Querem apenas que administrativamente sejam reclassificados para passarem a ganhar mais.
Como já aqui tive oportunidade de escrever, este tipo de reinvindicação faz-me alguma confusão.
E isso leva-me à tal dúvida que referi no início: será que quando a rapariga que vem cá a casa passar a roupa a ferro concluir o seu curso superior, que eu acho muitíssimo bem que ela faça, terei de a reclassificar para "técnico superior", com a consequente actualização de salário? E o mais grave: quem passará nessa altura a roupa...?

2 comentários:

Anónimo disse...

É inacreditavel a leviandade com que o autor trata este tema. Se os seus argumentos são correctos então porque não reposicionamos todas as carreiras que ao longo de décadas foram subindo administrativamente? A questão é justa porque o precedente foi aberto... ou será que os professores não ensinam agora como há 10 anos ou os médicos não tratam como há 20...
Alem de tudo isso comete novo erro ao tentar equiparar a rapariga que lhe faz o serviço doméstico, para o qual deduzo eu não lhe exige o referido curso superior, ao contrario daqueles que por imposiçao foram obrigados a frequentar a licenciatura para poderem exercer. Pergunto-lhe eu, se o trabalho que efectuam é realmente o mesmo, porque raio têm esses técnicos de pagar mais um ano de formção se no essencial vão fazer o mesmo e ganhar o mesmo? Perda de tempo? "Alimentar" os professores e escoldas de ensino superior?

Rui Ribeiro disse...

Gostava de deixar claro que não acho leviana a forma como comentei a notícia - porque é disso que se trata, não de uma discussão sobre o tema. Não é um comentário irreflectido, porque se trata daquilo que acredito estar certo - tanto que eu próprio continuei os meus estudos (e penso continuar ainda mais) já depois de estar empregado e nunca me passou pela cabeça pedir que "administrativamente" me reclassificassem; tenho é a certeza que cada vez faço melhor aquilo que me é pedido; e concerteza também nunca me ouviu defender o contrário disto, pelo que não vejo onde está a leviandade. De resto, eu respondo pelo pelas minhas opiniões. A questão do precedente, para mim, não justifica o que quer que seja: erros passados não podem servir de desculpa para erros futuros, bem pelo contrário.
Voltando à notícia, confesso que não retive que técnicos em concreto estiveram envolvidos na greve; não conheço é nenhum caso de alguém que esteja contratado para uma tarefa e tenha sido obrigado a tirar um curso superior para continuar a desempenhá-la... (ainda para mais ao serviço do Estado!). Que hoje já sejam obrigados a ter esse curso para acesso à carreira, é uma questão completamente diferente. Quanto ao motivo para prosseguirem os seus estudos, repito o argumento que deixei quando me referi a esta questão a primeira vez: serem melhores profissionais, mais competentes, mais informados, etc. E claro, se a ambição pessoal, perfeitamente legítima, lhes pedir mais, poderão a partir desse momento certamente concorrer a lugares mais exigentes, com o correspondente acréscimo de rendimento. Não concordo é que se fique confortavelmente no mesmo lugar à espera de uma decisão administrativa que substitua um normal processo de recrutamento.