Quem me conhece sabe que não sou pessimista. Pelo contrário, sou optimista por natureza. Mas ser optimista não é o mesmo que ser inconsciente; nem o mesmo que "enterrar a cabeça na areia"... Sou um optimista consciente das dificuldades que se avizinham; são muitas, vão durar muito tempo. Mas não tenho dúvidas que as vamos ultrapassar e sair da actual crise mais fortes! A este propósito, na quarta-feira da semana passada na Rádio Altitude foi assim:
"Sobre a crise, que começou por ser financeira e agora se estende a praticamente todos os sectores de actividade económica, já se disse quase tudo o que há a dizer. Já se dissecaram as causas, já se discutiram os previsíveis efeitos, já foram apontadas as receitas para se lhe escapar ou mesmo apenas sobreviver.
Esta crise afecta de forma diferente diferentes classes profissionais: as ameaças não são iguais para empresários e empregados por conta de outrém, para trabalhadores qualificados ou indiferenciados. Por outro lado, tem/terá também diferentes implicações de acordo com o nível salarial de cada um de nós. Tudo isto foi dito, repisado, desmontado até à exaustão em rádios, jornais, canais de televisão e restantes canais de media, em excepcionalmente longos jornais, reportagens ou debates.
Há no entanto um aspecto da crise de que tenho ouvido falar pouco e que cada vez mais me preocupa: o período após o fim ou, utilizando a gíria marítima, a ressaca.
Se é certo que existirão ajustamentos – metáfora dos economistas para falências, desemprego e consequente redistribuição dos inúmeros recursos nos mercados – de que forma podemos esperar que nos venham ter às mãos os efeitos desses ajustamentos?
Por outro lado, penso que ninguém terá a ilusão de que, mais cedo ou mais tarde, não teremos de começar a pagar os milhões das medidas anti-crise que têm sido anunciadas e que se destinam a minorar os seus efeitos mais nefastos, numa óptica de solidariedade social…
Vejamos: Potugal tem tido, nos últimos anos – quase 10 – um crescimento abaixo da média dos países da Comunidade; tem sido, no clube europeu, um crónico incumpridor em matéria de défice das contas públicas e endividamento externo. Um caso claro de um País que tem vivido acima das suas reais possibilidades, comprometendon desta forma o seu futuro. E isto quando tudo estava bem! Independentemente da côr política dos governantes, que iam alegremente assobiando para o lado.
Basta pensarmos que se a este estado de coisas juntarmos o esforço que vai ser feito com os tais pacotes de medidas anti-crise, para famílias e empresas, tudo a crédito como habitualmente, no final vamos ficar com uma bela conta por pagar. E a cereja no cimo do bolo é que, basta olharmos para o estado actual das taxas de juro que percebermos que elas, mais cedo ou mais tarde, só poderão evoluir num único sentido…
A conta será grande e provavelmente muitos de nós não viverão o suficiente para a ver saldada, ficando a incerteza sobre se o País que construímos e deixaremos aos nossos filhos lhes compensará aquilo que terão de pagar por ele…
Que a crise acabará lá para finais de 2010 – princípios de 2011 é o menos, como costuma dizer-se; os nossos problemas não acabarão certamente aí e os avisos só ainda não foram mais claros, em minha opinião, por estarmos em ano de múltiplas eleições e ninguém – do país político – desejar agora dar azo à veia pessimista do povo.Por mim, não tenho dúvida que vamos ter pela frente anos – e não serão 2 nem 3 – muito exigentes, em que a nossa capacidade de resistência vai ser posta à prova e em que socialmente muitos focos de conflito acabarão por se tornar explosivos. Se é certo que, como dizem os macro-economistas, depois da crise teremos necessariamente uma nova ordem mundial, temos de estar preparados para uma travessia no deserto e para encararmos o mundo e a nossa forma de nele viver de uma maneira diferente, que ainda por cima ninguém sabe muito bem explicar-nos qual é. Mas sabemos que as travessias no deserto são tanto menos difíceis quanto mais cedo se iniciarem os preparativos para a jornada. E esta vais concerteza ser longa…"
Esta crise afecta de forma diferente diferentes classes profissionais: as ameaças não são iguais para empresários e empregados por conta de outrém, para trabalhadores qualificados ou indiferenciados. Por outro lado, tem/terá também diferentes implicações de acordo com o nível salarial de cada um de nós. Tudo isto foi dito, repisado, desmontado até à exaustão em rádios, jornais, canais de televisão e restantes canais de media, em excepcionalmente longos jornais, reportagens ou debates.
Há no entanto um aspecto da crise de que tenho ouvido falar pouco e que cada vez mais me preocupa: o período após o fim ou, utilizando a gíria marítima, a ressaca.
Se é certo que existirão ajustamentos – metáfora dos economistas para falências, desemprego e consequente redistribuição dos inúmeros recursos nos mercados – de que forma podemos esperar que nos venham ter às mãos os efeitos desses ajustamentos?
Por outro lado, penso que ninguém terá a ilusão de que, mais cedo ou mais tarde, não teremos de começar a pagar os milhões das medidas anti-crise que têm sido anunciadas e que se destinam a minorar os seus efeitos mais nefastos, numa óptica de solidariedade social…
Vejamos: Potugal tem tido, nos últimos anos – quase 10 – um crescimento abaixo da média dos países da Comunidade; tem sido, no clube europeu, um crónico incumpridor em matéria de défice das contas públicas e endividamento externo. Um caso claro de um País que tem vivido acima das suas reais possibilidades, comprometendon desta forma o seu futuro. E isto quando tudo estava bem! Independentemente da côr política dos governantes, que iam alegremente assobiando para o lado.
Basta pensarmos que se a este estado de coisas juntarmos o esforço que vai ser feito com os tais pacotes de medidas anti-crise, para famílias e empresas, tudo a crédito como habitualmente, no final vamos ficar com uma bela conta por pagar. E a cereja no cimo do bolo é que, basta olharmos para o estado actual das taxas de juro que percebermos que elas, mais cedo ou mais tarde, só poderão evoluir num único sentido…
A conta será grande e provavelmente muitos de nós não viverão o suficiente para a ver saldada, ficando a incerteza sobre se o País que construímos e deixaremos aos nossos filhos lhes compensará aquilo que terão de pagar por ele…
Que a crise acabará lá para finais de 2010 – princípios de 2011 é o menos, como costuma dizer-se; os nossos problemas não acabarão certamente aí e os avisos só ainda não foram mais claros, em minha opinião, por estarmos em ano de múltiplas eleições e ninguém – do país político – desejar agora dar azo à veia pessimista do povo.Por mim, não tenho dúvida que vamos ter pela frente anos – e não serão 2 nem 3 – muito exigentes, em que a nossa capacidade de resistência vai ser posta à prova e em que socialmente muitos focos de conflito acabarão por se tornar explosivos. Se é certo que, como dizem os macro-economistas, depois da crise teremos necessariamente uma nova ordem mundial, temos de estar preparados para uma travessia no deserto e para encararmos o mundo e a nossa forma de nele viver de uma maneira diferente, que ainda por cima ninguém sabe muito bem explicar-nos qual é. Mas sabemos que as travessias no deserto são tanto menos difíceis quanto mais cedo se iniciarem os preparativos para a jornada. E esta vais concerteza ser longa…"
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