terça-feira, 26 de junho de 2012

Notas

A tourada lá acabou por se realizar, apesar dos protestos.
No sábado, junto à hora do almoço, ouvi num noticiário da Rádio Altitude uma peça sobre o assunto.
A jornalista falou do evento, mencionou os protestos de associações de defesa dos animais - referindo serem essencialmente nas redes sociais, o que não é inteiramente verdade uma vez que houve outras iniciativas - ouviu o diretor da Agência de Promoção da Guarda e até um historiador local, acerca da existência nos anos 20 do século passado de uma praça de touros na Guarda, para justificar aquilo que alguns chamam tradição. Da parte das tais associações de defesa dos animais, não ouvi uma palavra.
Relativamente àquilo que disse o responsável pela Agência de Promoção da Guarda, apenas algumas notas, para encerrar este (triste) assunto:
1. tentar meter no mesmo saco uma tourada, um evento automóvel ou um evento desportivo é absolutamente desprovido de qualquer sentido; há quem não goste? Admito que sim; mas quantos protestos recebeu quando organizou o evento automóvel? E o jogo de futebol? E a tourada? Decerto este será um bom indicador da diferença colossal que separa este último dos 2 primeiros. Porque mesmo que não goste de futebol - e não gosto - sei que, para além de haver muita gente a gostar, não me compadeço da bola e dos chutos que ela leva; nem das extremas solicitações mecânicas a que é sujeito um carro de rallie; já de um animal acossado, sem hipótese de fuga e que definitivamente não quer estar ali...
2. não lhe compete decidir quem pode ou não protestar; quem protesta está no seu direito, independentemente da ligeireza com que o Sr. António Saraiva avalia a sua capacidade; conheço gente que tem cães em apartamentos que todos os dias, religiosamente, quer neve quer faça sol, leva os cães à rua mais que uma vez para o necessário exercício; como conheço gente que mora em espaçosas vivendas com bons jardins que tem o cão preso pelo pescoço o dia inteiro; portanto o tamanho da casa do autor de um protesto não é, por si só, um bom indicador da qualidade de vida do(s) animal(ais) que escolheu;
3. Dizer que se não fossem as touradas as raças de touros bravos já se teriam extinto é, para além de cópia da cartilha dos lobbies pró-taurinos, um rude golpe naquilo que a comunidade de biólogos dá por adquirido;  Darwin - que por acaso é o nome do cão da minha família - abriria a boca de espanto ao ouvi-lo...

3 comentários:

Anónimo disse...

Infelizmente, cada vez mais acho que as pessoas só ouvem/vêem aquilo que querem ouvir. Pena é que isto vá até as nossas esferas de governação que deviam ter como principal atributo uns ouvidos e olhinhos muito grandes, em vez do "despotismo esclarecido" a que nos habituam. Acrescento que isto de usar a tradição como argumento serve para o que serve! Daqui a nada defende-se a forca/a escravatura/os guettos nas cidades com base na tradição, dá para tudo...A tradição sim, mas os nossos valores e evolução civilizacional a reger-la! e tanto mais a dizer sobre este assunto....

trepadeira disse...

Caro Rui

Ainda se pode ver a questão por outros ângulos,este:
http://wehavekaosinthegarden.blogspot.pt/2012/05/tourada-portuguesa.html

Este:

"Para quem tinha duvidas da ligação da Tauromaquia à extrema direita deverá consultar o sitio do "Farpas Blog" http://farpasblogue.blogspot.com/ do dia de hoje - 25 de Abril.

O próprio jornal encontra-se oficialmente de luto, e chama recorrentemente de traição ao dia de hoje e dia da saudade ao 24 de Abril.

Para animar as hostes, o seu director (actualmente a cumprir pena de prisão) vangloria-se de estar a passar o dia com um emblema de lapela do ELP (exercito de libertação de Portugal, fundado pelo antigo subdirector da PIDE Barbieri Cardoso) organização extremista e terrorista de direita conhecida por actos subversivos de vandalismo".

Ou este:

"Há muito que se sabia que os amantes da tortura animal tinham como origem ideológica a extrema direita, bolorenta, xenófoba e salazarista.

Porém, fui recentemente alertado para o facto de os 2 grupos pró-touradas no facebook, muitos dos seus criadores e administradores serem também membros do grupo do partido nazi/skinhead português?

É caso para dizer, diz-me com quem andas, dir-te-ei quem tu és....

Quem duvidar, cruze os nomes neste grupo e no grupo dos skinheads".

Não quero sequer pensar que foi de prpósito,seria demasiado grave,mas,antes de qualquer apoio,deve-se pesar bem a situação,o desconhecimento não pode ser desculpa,é,a ser assim,incompetência para a função.

A tradição só é invocada à falta de qualquer outro argumento válido,para justificar barbaridades e,ou,irracionalidade.

mário

Anónimo disse...

tradiçao na guarda nao e a tourada mas sim a sardinhada.deixem os anomais livres no campo que e o sitio deles se gostam assim tanto de tourada entao tomem o lugar do touro