quinta-feira, 15 de julho de 2010

Alta cilindrada!


Se há coisa que me faz sorrir é ler em jornais, blogues, etc. ou ver na TV notícias onde se refere existirem veículos de "alta cilindrada".

É certo que ainda não vai longe o tempo em que a cilindrada da maioria dos carros que víamos na rua andava nos 1000 a 1300 cc. Nessa altura, dominavam os pequenos utilitários. E quando os comparávamos com os carros que eram mais vulgares em países mais desenvolvidos que o nosso, p.ex. França ou Inglaterra, fazia sentido considerar ou outros como veículos de alta cilindrada.

Mas hoje não é assim! O nosso parque automóvel modernizou-se imenso (ainda hoje ouvi que Portugal foi o País europeu onde a venda de automóveis novos mais cresceu no 1º semestre, comparando com o período homólogo do ano passado) e já não notamos tanta diferença relativaente aos tais países que - esses sim - continuam mais desenvolvidos que nós.

Geralmente, a expressão é usada quando são referidos veículos ao serviço de membros do governos ou outros dignatários. E salvo algumas excepções, a expressão não tem qualquer lógica na sua aplicação.

Por isso me rio quando ouço a expressão "alta cilindrada". Porque hoje a cilindrada já não tem a mesma correlação com potência que tinha há 15 ou 20 anos atrás; e porque na maior parte dos casos a expressão aplica-se a veículos que é vulgar encontrarmos nas mãos de qualquer pequeno empresário ou quadro técnico bem colocado.

Na maior parte dos casos falamos de Volvos S80, BMWs série 5 e afins. Carros que são completamente ignoráveis quando estacionados na garagem da sede de qualquer banco da nossa praça. Ou mesmo no parque de estacionamento reservado a funcionários de um hospital público!


Para terminar: eu sei que é um post sem grande interesse; mas acabo de ler a expressão e apeteceu-me escrever sobre o assunto. Além disso estamos na silly season...

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Crónica Diária - Rádio Altitude



No dia 30 de Junho, a minha última crónica no Altitude foi:





"O País político discute, desde há várias semanas, tudo o que há para discutir sobre as portagens das SCUT. A discussão passa por saber quais as vias nas quais vão ser introduzidas portagens, se deve ou não haver isenções ou comparticipações, o calendário da implementação dos pagamentos e o modelo de cobrança a ser aplicado.
No momento em que escrevo tudo isto está ainda em aberto.
A discussão, apesar de aparentemente longínqua, diz-nos respeito e vai afectar-nos de forma significativa. Porque somos actualmente servidos por 2 SCUTs – a A23 e a A25; e porque muito do nosso modelo de desenvolvimento enquanto cidade – no sentido de entidade administrativa - passa pela capacidade de gerarmos um ambiente favorável aos negócios no sector logístico, escolhido há uns anos como prioritário, e em torno do qual têm sido realizados avultados investimentos públicos, de que a PLIE é o exemplo mais conhecido e, na actual fase, também alguns privados.
Assim, enquanto cidadãos, a introdução de portagens em qualquer uma das vias que mencionei fará mais dispendiosas as nossas deslocações. E também as de todos quantos nos visitam, podendo funcionar como factor disuasor para turistas. Para as empresas será também gravoso este cenário, ao tornar inevitavelmente mais caros os produtos e serviços que por cá são comercializados para fazer face a este eventual acréscimo de custos.
Mas se é verdade que a actual situação nos favorece, também é verdade que não nos favorece só a nós, que cá moramos, mas a todos quantos cá passam, mesmo que cá não deixem um cêntimo.
E a terem de ser introduzidas portagens, sou da opinião que devem ser fixados critérios de isenção, de natureza sócio-económicos, para residentes – particulares e empresas - nas localidades servidas por estas vias de comunicação. Quando deixarmos de nos enquadrar dentro dos critérios definidos, deixaremos também de ter a respectiva isenção, de uma forma totalmente transparente, planeada e por todos antecipável. Desta forma, contribui-se para a correcção de assimetrias territoriais por via da solidariedade e coesão nacionais, com o bónus de se passar a dispor de uma vantagem competitiva face aos concelhos do litoral. Este poderia muito bem passar a ser mais um argumento para a atracção de investimento, nomeadamente no sector das actividades logísticas, que nos são actualmente tão caros. E como na cobrança serão utilizados principalmente meios electrónicos, a operacionalização desta medida seria imensamente facilitada.
Penso que todos temos consciência que manter a actual situação, com SCUTs que originam encargos anuais na ordem dos 750 milhões de Euros pelo menos até 2025, não é possível no momento difícil em que actualmente vivemos. Mas entendo que há espaço para se conseguir negociar uma forma de descriminação positiva para os Concelhos menos desenvolvidos de que possamos beneficiar, pelo menos enquanto se mantiver o atraso que temos em relação à média nacional. É isto o mínimo que espero de quem nos representa junto do Poder Central.
Para terminar, e dado que esta é a minha última crónica no Altitude desta temporada, gostava de desejar a todos os ouvintes um bom Verão, que tenham umas boas e reparadoras férias, das quais possam regressar sem terem de pagar portagens… "

quinta-feira, 1 de julho de 2010

TMG, Vuvuzelas e Poder Local

De acordo com o que tem sido veiculado em diversos posts do blog Café Mondego e também no Capeia Arraiana, a recente moção apresentada pelo Presidente da Junta de Aldeia Viçosa na Assembleia Municipal, no sentido de ser feito um corte de 20% nas verbas atribuídas ao TMG ainda este ano, em nome da crise, não passou de uma atitude de vingança pessoal daquele edil contra o Director Artístico do TMG, Américo Rodrigues. O motivo da vendetta de Baltasar Lopes prende-se alegadamente com o boicote que planeou para um concerto que teve lugar na sua própria freguesia, no Domingo à noite, pela Fundação Trepadeira Azul, com quem mantém há algum tempo relações tensas com um historial recheado de queixas judiciais. E com o facto de Américo Rodrigues o ter confrontado com a vergonha que era boicotar uma iniciativa cultural de relevo na sua própria freguesia.
É pois importante que a situação seja clarificada a vários níveis:
- Baltasar Lopes deve explicações sobre o que verdadeiramente motivou a sua extemporânea proposta (que de resto teve de ser transformada em "recomendação" por ser uma ilegítima ingerência na gestão do município, que compete à Câmara;
- aqueles que votaram favoravelmente a Recomendação devem também clarificar se teriam votado da mesma forma se tivessem conhecimento dos factos que agora foram trazidos a público;
- em face das explicações que surgirem, é necessário que se averigue se o comportamento de Blatasar é ou não passível de censura política, para repôr a credibilidade da Assembleia Municipal.
Eu não quero saber dos arrufos de Baltasar com Rodrigues. Não me importo nada que toquem vuvuzelas um à porta do outro - não são pessoas que estão aqui em causa.
Preocupa-me que um projecto que demorou a implementar e a afirmar-se e que hoje é uma referência na região, que a mim particularmente me enche de orgulho ter na minha cidade - o TMG - seja envolto nesta lamentável novela. Que alguém use um cargo político para cilindrar um opositor passando por cima do interesse colectivo que é sua obrigação defender.
É que uma boa imagem pode demorar anos a construir e bastam alguns meses para a destruir completamente.
E estamos a falar de um Património que é de todos os guardenses.