Com o início do ano escolar e o turbilhão de notícias à volta do Orçamento 2011 e das suas implicações para a vida de todos nós, o tempo e a vontade de ir deixando por aqui os pensamentos não têm abundado.
Mas hoje, 15 de Outubro, no dia em que começaram a ser cobradas portagens nas SCUT, não podia deixar o assunto sem uma breve referência.
Já anteriormente tive oportunidade de dizer que em Portugal não há uma estratégia de longo prazo para o desenvolvimento do interior; é um assunto de que alguns se lembram durante as campanhas eleitorais, para logo a seguir ser metido nas gavetas ministeriais até melhores dias. Se alguém duvida disto que digo, a introdução de portagens, conforme Resolução de Conselho de Ministros já em vigor, deverá servir para aclarar ideias acerca do assunto...
No caso da Guarda, temos 2 vias que vão ser afectadas: A23 e A25. Ambas foram construídas em cima de estradas que existiam anteriormente e que foram construídas com fundos comunitários para apoio ao desenvolvimento e coesão territorial. Na altura da sua construção, muitas críticas houve por não terem sido feitas logo como auto-estradas. Não foram, segundo soube há muitos anos, porque os programas que as apoiaram não poderiam ser usados para a construção de auto-estradas. Faz, de resto, todo o sentido: não se criam programas de apoio a desfavorecidos para lhes pagar as contas de pastelaria ou o leasing do Jaguar.
Mas estas vias foram substituídas, milagrosamente sem custos - sabe-se agora que "sem custos" significa construa agora e sujeite-se à nossa agiotagem daqui por poucos anos - pelas modernas A23 e A25. Que passam, pelo menos numa parte significativa da sua extensão, por cima dos anteriores IP1 e IP5. Estas podiam servir de alternativa às actuais auto-estradas; as estradas nacionais, definitivamente não! E quem disser o contrário está certamente a gozar indecentemente connosco.
Por isso acho um retrocesso imenso a introdução de portagens nestas 2 vias; nas outras, francamente, não conheço detalhadamente as estradas e alternativas nas regiões em questão, por isso me centro mais naquilo que conheço.
Mais uma vez, o Estado vem gorar as expectativas de quem investe no interior; de quem tenta contrariar a tendência de perda de população a que assistimos todos os dias.
Terem-nos deixado, nesta altura, sem alternativas é criminoso; e quem tomou tais decisões deveria ser responsabilizado por isso! A A23 é determinante para a qualidade de vida de todos aqueles que no eixo Guarda-Covilhã fizeram as suas opções de trabalho e residência; da mesma forma que a A25 o é para o eixo Guarda-Viseu. A introdução de portagens vai deixar-nos mais distantes de tudo, de todos.
Um Pai não abandona um filho que lhe pede ajuda! Por isso, penso que a Guarda não esquecerá os responsáveis por esta proscrição e saberá ser justo com eles quando fôr chamada para tal.
PS: pode ficar a ideia que apelo a que se se castiguem uns em favor dos outros. Tal não é o caso: sabe-se que os 2 partidos do chamado "arco do poder" têm a mesma posição sobre esta matéria, pelo que a solução não seria diferente no caso de ser um ou outro a governar. A forma de mostrar o nosso descontentamente - se é que existe - terá de ter isto em conta. Pelo menos para aqueles que vão para Lisboa com subsidios de deslocação pagos por todos não se esquecerem de quem lhes deu a oportunidade de fazer a diferença.
1 comentário:
mas há mais partidos para além desses dois.
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