terça-feira, 22 de maio de 2012

Crónica Diária - Rádio Altitude

Em 7 de Março, a crónica foi:

"As recentes obras de requalificação de algumas das ruas do centro da nossa cidade têm aspetos que devem, em minha opinião, ser revistos ou melhorados, sob pena de virem a causar prejuízos pessoais que implicariam responsabilidades para a Autarquia. 
Esta intervenção tem vários aspetos muito positivos para a mobilidade e a preservação estética da zona mais antiga da cidade. O fato de se estarem a suprimir os degraus nos extremos das passagens de peões – aquilo que geralmente designamos por passadeiras – para permitir mais facilmente o atravessamento das vias por quem empurre um carrinho de bebé ou mesmo quem se desloque em cadeira de rodas é um claro exemplo daquilo que as cidades podem e devem fazer para permitir aos seus cidadãos usufruir dos espaços a pé, ao invés de quase os obrigar a andar de carro no centro da cidade. 
Também o alargamento dos passeios, como o que se verificou por exemplo à porta da Igreja da Misericórdia vai nesse sentido e é sem qualquer duvida uma mudança muito positiva. 
Por outro lado, o uso do granito como material de eleição dá uma imagem coerente à intervenção e reforça a nossa identidade de cidade de montanha, de região onde o granito domina, a par com a floresta – ou pelo menos com o que dela resta – a paisagem. 
Até aqui, tudo aspetos positivos, mudanças que contribuem para uma melhor imagem da cidade. 
Já no que toca à supressão de passeios – como a que ocorreu por exemplo na rua dr. Lopo de Carvalho – esta levanta-me algumas dúvidas. Não sendo à partida contra a supressão, parece-me que ela deveria ocorrer num contexto de forte condicionamento do tráfego automóvel, o que não acontece na rua que citei a título de exemplo. Trata-se de uma rua com 2 sentidos de trânsito, que é para além disso quase o único acesso ao lado ocidental da cidade, o que faz com que tenha bastante trânsito, pelo menos durante o dia. E o que verifico nas minhas passagens diárias por aquela rua – a pé – é que o fato de não estar claramente delimitada a via de circulação automóvel e a via reservada aos peões, é causa de muita insegurança. Porque a rua é relativamente estreita e os automobilistas tendem a encostar-se mais às casas, deixando ainda menos espaço para os peões que aquele que os exíguos passeios suprimidos reservavam. Para não falar dos menos escrupulosos em estacionar bem encostados ás paredes das casas da rua, obrigando os peões a passar quase pelo meio da estrada. De resto, no limite pode mesmo aplicar-se a disposição do código da estrada que obriga os condutores a manter-se o mais à direita possível da via de circulação, inviabilizando a utilização da rua pelos peões – algo que me parece completamente contrário à – pelo menos aparente – filosofia da intervenção! 
O fato de não haver uma separação física entre a via de circulação automóvel e a via de circulação dos peões propicia uma utilização da via por parte dos automóveis – neste caso o elemento mais forte – que pode vir a ser causa de alguns acidentes. E portanto, mesmo não havendo uma separação tão marcada como a que é feita com um passeio elevado em relação à via, penso que deve ser estudada uma forma de delimitar fisicamente área reservada aos peões. 
Outra das questões que deve ser revista é a forma como estão a ser assinaladas as passagens de peões. As anteriores eram constituídas por paralelepípedos cinzentos e brancos – cores contrastantes que permitiam ao condutor uma identificação imediata do ponto de travessia. Ainda recorrendo-me da mesma rua como exemplo, as passadeiras que lá foram construídas são integralmente cinzentas, em tons ligeiramente diferentes, mas cujo contraste não permite uma identificação imediata de uma travessia para peões. Duas delas têm pelo meio caixas de acesso às redes técnicas subterrâneas, pelo que dificilmente alguém que não conheça a cidade interpretará aquelas áreas como zonas de atravessamento de peões. Obviamente deverá ainda ser colocada sinalização vertical; mas eram muito mais visíveis as “passadeiras” anteriores do que as novas que foram instaladas. E sabendo-se que quantos mais elementos de prevenção do erro tivermos mais seguro se torna o espaço, penso que com as atuais passadeiras se desperdiçam recursos, pois a sua forma de construção não permite identificar imediatamente a sua função. 
Deixo pois aqui, aos microfones da rádio, um apelo à autarquia para que reveja estes aspetos e procure uma solução que sirva os objetivos de melhorar a mobilidade no centro da cidade sem fazer qualquer cedência à preservação da integridade física dos peões."

1 comentário:

Anónimo disse...

Ainda bem que fala sobre isto. Concordo inteiramente com o que escreveu.