sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Estacionamento


Hoje acordei com uma notícia sobre estacionamento: parece que na sessão de ontem da Câmara Municipal foi amplamente discutida a cedência ou não de um lugar reservado para a carrinha de campanha da candidatura do PSD às autárquicas. Com muita pena minha, o pedido acabou por ser recusado. Não que eu ache que privados devam ter direitos especiais em espaços públicos. Ou mesmo instituições - ou os seus funcionários - devam ter tratamento preferencial face aos demais cidadãos na fruição de um espaço que é de todos. Não! Tenho pena porque, com o rumo que as coisas levam, vejo aproximar-se cada vez mais o dia em que eu próprio terei um espaço de estacionamento só para mim! Perguntar-me-ão: "Oh Rui! Então mas com que mérito ou direito terás tu um lugar privado de estacionamento???" E assim postas as coisas, é bem verdade que nada fiz para me tornar merecedor de tal honraria. Mas eu explico: com o rumo que as coisas têm tomado nos últimos anos, a maior parte das pessoas já tem um lugar privado de estacionamento; basta esperar um pouco mais até eu ser o único que o não tem. E nessa altura, o lugar que sobrar - seja lá onde fôr - é meu, uma vez que mais ninguém precisará dele.



PS: tudo isto é um claro exagero para dizer que discordo por completo da atribuição de lugares de estacionamento públicos; são bens de todos, construídos e mantidos com dinheiro do Estado, e como tal não acho bem estas distinções "bacocas" de atribuir lugarzinhos de estacionamento; salvo, obviamente, excepções devidamente regulamentadas: a reserva de estacionamento para pessoas com comprovadas dificuldades motoras, veículos oficiais das forças de segurança e protecção civil (carros patrulha, ambulâncias, etc) e casos verdadeiramente excepcionais.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Ciência na Guarda


Foi recentemente publicado no Journal of immunoassay & immunochemistry um artigo relativo a um trabalho de investigação integralmente conduzido e produzido na Guarda, no Serviço de Patologia Clínica do Hospital Sousa Martins. O facto prova que é importante que a Guarda tenha instituições e pessoas interessadas e motivadas para produzir conhecimento (fazer ciência) e não em atingir estatísticas. E prova ainda a importância de fixar na Guarda Quadros Técnicos, que lhe dêm uma dimensão e projecção internacional.

A Guarda já foi a cidade da saúde, no contexto português; e teve, por isso mesmo, um Hospital/Sanatório de grande importância à época. Hoje, o Hospital prepara-se para crescer e é importante que sirva uma população que já hoje é bastante envelhecida - com tendência para o ser cada vez mais - mas também é importante como instrumento de desenvolvimento a vários níveis, entre eles a afirmação da região como produtor de serviços globalmente transacionáveis e de conhecimento - factores que não são sensíveis à localização geográfica.


(Declaração de Interesse: Patrícia Fonseca, uma das autoras do trabalho, é minha mulher; a importância deste trabalho tem todavia sido reconhecida a vários níveis: foi a base da tese de Mestrado que defendeu em Dezembro passado com nota máxima e foi apresentado em Congressos Internacionais de Imunologia, tendo recebido inclusive um convite para ser apresentado pelos autores)

sábado, 22 de agosto de 2009

(In?) Justiças

1. Foi por estes dias libertado, por razões humanitárias (cancro em fase terminal) um dos autores materiais do atentado de lockerbie, que havia sido condenado a prisão perpétua por um tribunal Inglês. Apesar de os nosso instintos mais primários nos poderem sugerir que alguém que comete uma monstruosidade daquelas não merece qualquer consideração (ou que merece uma morte lenta e dolorosa), manda a elevação que se reconheça que só uma democracia plena e avançada (como a Inglesa) teria aquela atitude! É obviamente "perturbador" (como referiu o Ministro Inglês da Justiça) ver alguém que cometeu tamanha ignomínia ser recebido como heroi nacional, mas essa é outra questão. Para mim, acho que é uma grande lição que o Reino Unido deu ao mundo, inclusive aos Estados Unidos, apesar das críticas do seu Presidente. Que não podemos estranhar, tratando-se de uma nação que mantém no seu ordenamento jurídico a pena de morte.
2. Ouço e leio muitos comentários, a propósito do (mau) funcionamento da nossa justiça, clamando que neste ou naquele caso, por vezes por "dá cá aquela palha", teria de ser aplicada prisão imediata. Devemos entender que no nosso sistema jurídico a privação da liberdade é a pena maior que pode ser aplicada, donde deve ser inequívoca a gravidade da situação em que pode ser utilizada. Por isso, essa atitude de "deviam era ser presos", ou "a polícia deteve-os mas o juiz libertou-os no dia seguinte e aguardam julgamento em liberdade" irrita-me um bocado e cheira-me nalguns casos ao pior que havia no regime "da outra senhora". Mas não posso compreender de todo que os responsáveis pelo tiroteio da semana passada na Rua da Corredoura (na Freguesia de São Miguel) aguardem julgamento em liberdade, com termo de identidade e residência!!! Trata-se de gente que disparou mais de 10 tiros numa das zonas mais densamente povoadas da cidade, em pleno dia; sei que várias pessoas temeram pela sua segurança (a "peripécia" foi-me contada pelos meus Pais, na primeira pessoa). Então uma pessoa que é capaz de uma atrocidade daquelas, no meio da cidade, passeia-se calmamente pela rua? Que sentimento de segurança transmite o Estado aos seus cidadão nestas circunstâncias? É este o contrato social que tem com os habitantes e transeuntes daquela zona?

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Candidatos


E pronto: estão lançados os nomes que compõem as listas de candidatos à Câmara da Guarda, Juntas de Freguesia e Assembleia Municipal. Uns eram esperados, outros talvez não...

Há quem clame por outros actores, mas rien ne va plus: os dados estão lançados e é com eles que vamos jogar, que é o mesmo que dizer que são estes os candidatos entre os quais vamos ter de escolher. De entre eles, sairão os que guiarão os destinos da Autarquia nos próximos anos.

Confesso-me do lado dos indecisos: de um lado um líder forte com uma equipa fraca, do outro um líder fraco com uma equipa mais forte; depois há os que vêm só para baralhar as contas, em nome da pluralidade - e bem!

Agora, aguardam-se programas. Mas antes teremos um problema mais grave a resolver: o do Governo. E aqui as contas serão mais complicadas...

Duas notas finais: 1) tenho andado "desligado" da actualidade, por motivos profissionais, desde há 2 semanas; por isso não sabia da recusa de Ricardo Neves de Sousa em integrar a lista de deputados do PSD à Assembleia Municipal. Conheço o Ricardo, já tive oportunidade de trabalhar com ele, sei o que vale; a imprensa local reconhece que é um dos deputados cessantes com mais intervenções (preparadas, não para dizer disparates no calor do momento); e quando se sabe o que se quer, quando os planos e a ambição dependem de seriedade intelectual e credibilidade, é preciso saber qual a hora de avançar, mas também quando parar; 2) á campanha "local" está no início, mas a máquina de comunicação de J. Valente está neste momento anos-luz à frente da de C. Carvalho - e não sou eu o primeiro a dizê-lo; estará C. Carvalho a pagar por ser um independente que leva nas suas listas um número significativo de cidadãos com igual estatuto...? Ou a máquina do PSD perdeu o fulgor que lhe conhecíamos?

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Comentadores


A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) emitiu uma recentemente uma directiva que vem impedir os candidatos eleitorais de manterem espaços de opinião/debate em órgãos de comunicação social. Tudo em nome, claro está, de uma causa maior: a igualdade de oportunidades enter os diversos candidatos.
E assim se passa um atestado de menoridade aos chefes de redacção, conselhos editoriais ou quaisquer que sejam os órgãos de que os diversos media dispõem para decidir o que publicam/difundem ou não!
É nestes aspectos que o nosso Estado revela o que de pior tem: intromete-se demasiado nas escolhas individuais de cada um.
Que este tipo de limitação exista nos media controlados pelo Estado, ainda posso aceitar; agora em meios de comunicação privados, em que devem prevalecer as escolhas individuais, já não compreendo. Não acho aceitável que o Estado possa interferir na escolha de quem pode ter ou não voz num meio de comunicação que eu só ouço ou leio se quiser.
Obviamente que quando um editor decide convidar ou publicar determinada pessoa é porque reconhece que as suas opiniões interessam ás pessoas a quem chegam; se não o faz em relação a outras pessoas, é porque não lhes reconhece essa capacidade. Sucede porém que hoje existe, mesmo à escala regional, uma quantidade de rádios, jornais, etc. que assegura um mínimo de concorrência. Que faz com que fique assegurada a tal igualdade de oportunidade. Não acredito que uma pessoa com opiniões e dotes que lhe permitam participar em programas de debate ou opinião seja ostensivamente impedido de manifestar as suas opiniões nos diversos órgãos de comunicação social que chegam a determinada região!
Trata-se de mais um caso, infelizmente ainda frequente na nossa Democracia, em que se entende que igualdade é tratar de forma igual realidades diferentes. Com desprezo pela diferença a que todos temos direito!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Disponível

Uma das originalidades da nossa política, é a "disponibilidade" dos seus actores. O que é isso da "disponibilidade"?
Eu explico: sempre que algum político quer muito ocupar determinado cargo, não diz simplesmente, em público ou dentro do seu partido "Olhem, eu gostava muito de ser Presidente da Câmara"; tenho uma série de projectos que gostava de concretizar, tenho as ideias x e y para o município, e teria muito gosto em as colocar em prática". Não! Isto seria ser demasiado cândido. Tanto, que provavelmente as pessoas desconfiariam de ocultas segundas-intenções. Então é aí que entra a disponibilidade. Com o pretendente a candidato a declarar-se publicamente "disponível" para determinado cargo ou, ainda mais discretamente, "disponível" para os combates políticos que se avizinham.
É que assim, fica na posíção de prestar um grande favor a quem o escolhe como candidato e quiçá mesmo a quem o elege. Como se de um sacrifício pessoal se tratasse!
É assim, que Crespo de Carvalho e Joaquim Valente começaram por "estar disponíveis"; depois de os Partidos muito insistirem com eles, lá acederam à maçada de serem candidatos à Câmara da Guarda. Claro que esta é uma situação que se verifica em todo o lado, não é só por cá...
Não seria mais claro e honesto dizer claramente às pessoas as suas intenções? A política tem mesmo de ser este jogo de meias-palavras que toda a gente sabe o querem dizer, mas que ninguém se compromete a dizê-las?