quinta-feira, 1 de março de 2012

Bacalhau

Por estes dias, a atualidade política tem sido alimentada pelo caso do Bacalhau. Refiro-me obviamente à intenção de compra, por parte da Câmara Municipal do edifício conhecido como "Bacalhau" na rua comandante Salvador do Nascimento.
Que o negócio tem contornos que politicamente me levantam interrogações, tem! Nomeadamente como é que uma  autarquia em situação financeira difícil, com muitas dificuldades em cumprir os compromissos assumidos, assume mais este, num contexto de crise nacional. Num momento em que tantos fazem esforços por encontrar soluções criativas que lhe permitam ultrapassar as suas necessidades momentâneas, a Câmara opta pela mais fácil: adquirir património, onerando ainda mais o futuro da edilidade.
Mas o que me deixou verdadeiramente perplexo foi a explicação do sr. presidente sobre como vai ser financiada a aquisição: respondendo a uma pergunta de um jornalista de uma rádio local, lá foi explicando, candidamente, que os pagamentos vão ser feitos à medida das possibilidades da autarquia!!!
E eu pergunto: mas alguém acredita nisto? Alguém vende o que quer que seja nestas condições, sem saber quando vai receber?
Quando alguém vende um imóvel, quer, no mínimo, saber exatamente quando vai receber a quantia devida; será que neste caso, o vendedor aceitou que uma Câmara que tem muitos meses de renda em atraso, pelo arrendamento do mesmo edifício, lho compre e lho vá pagando à medida das suas possibilidades?
Sendo o vendedor quem é - empresário conhecido na nossa praça - eu não acredito. 
Alguém acreditará?