Uma das preocupações que tenho na educação dos meus filhos é a de não criar regras a que eu não me sujeite também. Sou da opinião de que é mais fácil criar regras do que segui-las, e por isso cumpri-las legitima o seu estabelecimento.
Acompanhei a odisseia da família deportada pelo Canadá para Portugal por falta de visto de residência naquele País. E percebo o enorme drama que deve ser, na vida de alguém, ter de emigrar para um País que não é o seu, ter de adotar uma língua que não é a sua, observar costumes estranhos, uma vez que seja. Só que aquele nosso compatriota, que já se havia sujeitado a tudo isso uma vez, recomeçando a sua vida na América, viu-se agora forçado de novo a passar por esse sacrifício, juntamente com a sua família. Lamento que a vida traga tantas dificuldades para pessoas que apenas querem seguir em frente.
Mas também é um facto que o Canadá, como nação soberana que é, tem regras, na emigração como noutras questões.
Por isso não compreendo a cobertura que foi dada por alguma comunicação social de crítica à posição do Canadá; e compreendo ainda menos a posição do Governo Português, que pediu "um acto de clemência" para com aquela família.
Se ninguém discute que a regra existe; se ninguém discute que, tecnicamente, a decisão de expulsão do país foi bem tomada, onde é que se pretende chegar? Não perceberão os nossos políticos que é o seu péssimo hábito de tentar furtar-se ao cumprimento das regras que eles próprios criam uma das coisas que mais os descredibiliza?
Em Portugal, para todas as regras, achamos sempre que se "pode dar o jeito", ou seja, contornar as regras. Achamos bem que os outros tenham de as cumprir, mas achamos também que temos um bom motivo para que elas não se nos apliquem. E o Canadá acaba de nos dar um belo exemplo daquilo para que servem as regras: para se cumprirem!
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