"Enquanto esperamos que as brasas do Madeiro de Natal arrefeçam, aproveitamos os últimos
dias de 2011 para passar em revista o que de mais relevante aconteceu ao longo
do ano, numa espécie de Balanço de Fim de Ciclo que arrume no sótão o que ao
ano velho diz respeito e nos liberte para iniciarmos o novo ano com a esperança
de que seja melhor que o anterior.
Este foi ano que se iniciou com más notícias; a que se seguiram outras piores; depois, mais do
mesmo para terminar com as péssimas. Ou seja um ano para esquecer, mas que
poucos jamais esquecerão.
Durante o primeiro trimestre, a dúvida sobre se iríamos ou não ter de recorrer à ajuda
externa; no segundo trimestre, que Governo escolher para a República; no
terceiro, o que passaria a ser diferente com o Governo escolhido; e no quarto,
quão mau seria o ano de 2012. Chegados agora ao fim do ano, conhecendo as
respostas a todas estas dúvidas, confesso que o desânimo é grande! Tivemos de
nos sujeitar a pedir ajuda internacional, sujeitar-nos a eleições quando tínhamos
um Governo com menos de um ano em funções, o novo Governo não mostrou qualquer
rasgo de pensamento estratégico coerente que nos leve a acreditar que as coisas
serão radicalmente diferentes daqui para a frente e, por último, percebemos
todos que, com o Orçamento de Estado para 2012, o próximo será um ano cheio de
dificuldades, muito mais do que as do ano que agora termina.
Haveria forma de contornar as dificuldades sem austeridade? Não creio! Mas o sentimento que fica
é que as dificuldades são distribuídas de forma desigual por todos os
portugueses e que vão ficar de fora do grupo dos sacrificados as vacas sagradas
do regime, ou seja, aqueles que dispõem de meios financeiros avultados, ainda
que não realizem qualquer investimento, limitando-se ao jogo especulativo que
foi uma das origens da crise financeira que atravessamos.
Na Guarda, o ano foi também globalmente mau. É certo que, no meio das dificuldades, foi havendo
uma ou outra boa notícia. Não podemos deixar de destacar a abertura de mais um
centro escolar no início do ano lectivo, a juntar aos já existentes, bem como
uma escola secundária requalificada, e que faz da Guarda uma cidade onde o
parque escolar tem qualidade e responde, globalmente, às necessidades da
população. Das escolas que conheço, todas estão bem apetrechadas e oferecem aos
alunos boas condições, do ponto de vista dos equipamentos, para a aprendizagem.
Também a construção do novo edifício do Hospital decorreu a bom ritmo durante
praticamente todo o ano, embora não tenha sido concluído na data inicialmente
prevista. Sabe-se que existem dificuldades de tesouraria para a sua conclusão,
mas quero acreditar que brevemente a obra será concluída, e que o Hospital não
passará também para o lado das más notícias. Onde já temos as dificuldades de
tesouraria da Câmara, que as contagiou a algumas Juntas de Freguesia que vivem
atualmente graves carências, a recente introdução de portagens nas A23 e A25 ou
mesmo as notícias que fomos conhecendo sobre o fecho de várias empresas.
Não posso deixar de destacar um tema a que recorrentemente venho aludindo: mais um ano termina,
sem que o Parque Industrial tenha sofrido qualquer vestígio de manutenção:
pavimento, passeios, sinalização, regulamento de uso dos espaços públicos, tudo
continua na mesma. Mesmo intervenções com custo marginal, a Câmara optou por
não as realizar. Não por estratégia, mas por falta dela, pelo menos na minha
opinião. Contribuindo para uma degradação da imagem da cidade, cuja marca é
precisamente a ausência de qualquer ideia sobre que imagem dar de nós.
E tratando como um bando de maus munícipes aqueles que questionam, se importam e têm espírito
crítico, ao invés de comerem e calarem.
Ainda assim, está nas mãos de todos fazer com que os maus tempos que se avizinhem venham a
valer a pena, a médio prazo. É com esta esperança que me despeço deste ano, e
dos ouvintes do Altitude, desejando a todos um ano novo com Paz, esperança e
amizade – valores que por enquanto ainda estão ao nosso alcance."
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