Crónica na Rádio de 16 de Fevereiro:
"Em tempos difíceis, exige-se-nos que sejamos duplamente criteriosos na hora de aplicarmos o nosso dinheiro ou, de forma mais abrangente, os nossos recursos. E são difíceis os tempos que vivemos…
Por isso, custam-me entender algumas opções de investimento que têm sido tomadas na Guarda. Estradas irrepreensivelmente arranjadas em locais que qualquer um de nós considera como ermos, e um parque industrial com vestígios de alcatrão nalgumas das suas ruas são apenas um exemplo. Não é que as pessoas que vivem em meios mais rurais não tenham direito ao progresso. Que a visão humanista da distribuição de recursos deve também estar presente na hora do seu rateio. Mas nalguns casos, mais do que atender a factores de mobilidade, o que se verificou foi uma verdadeira perversão da ruralidade de sítios que são, quer queiramos quer não, eminentemente rurais. E preocupa-me essa perversão, bem como o ónus que fica para o futuro com a manutenção dessas vias alcatroadas. Sim, que uma coisa é manter um caminho em bom estado de circulação, outra muito diferente é manter uma estrada alcatroada, com os rigores invernais que açolam a nossa região.
Também o sistema de iluminação pública deveria ser revisto. Com a nomeação de uma Comissão Técnica, que estude o sistema existente, as suas falhas e, admito, excessos, e proponha ajustamentos, soluções de poupança, melhorias na relação custo/benefício. Existem hoje sistemas de iluminação variável, em função da detecção de movimento, que permitem enormes poupanças. Existem novos tipos de sistemas de iluminação mais eficientes. Este é um caminho que muita gente, à escala da sua possibilidade, tem vindo a fazer. Impõe-se também que a autarquia, que suporta custos monstruosos com o sistema de iluminação pública, se esforce por aplicar melhor os parcos recursos de que dispõe. E que tem tanto por onde aplicar.
Sem grandes obras estruturais em curso, seria porventura a altura propícia para se proceder a uma reorganização interna – um caminho que diversos organismos e mesmo empresas privadas estão actualmente a seguir. Não sou dos que dizem que na Câmara da Guarda tudo funciona mal, mas conheço o suficiente para estar convicto de que há espaço para melhorias, que se traduzirão em poupança do lado de lá, e mais transparência e acessibilidade do lado de cá.
E por falar em obras estruturais, foi com muita satisfação que tomei conhecimento do início das obras do Centro de Remo no Pocinho, em Vila Nova de Foz Côa. No enclave norte do Distrito, Foz Côa tem a sua identidade dividida entre a Serra e o Rio. Um Património riquíssimo do ponto de vista arqueológico. Mas também do ponto de vista do património paisagístico.
Conheço a dinâmica que o remo tem tido na Barragem do Maranhão, onde diversas selecções de países do norte da Europa treinam frequentemente. O Pocinho, com este investimento e com a adequada cobertura hoteleira – que importa assegurar – ficará com condições fantásticas para ambicionar ser uma referência num mercado de nicho, altamente especializado e profissional. Do ponto de vista do turismo, essa característica distintiva fará toda a diferença na hora de concorrer com outras regiões, com outros empreendimentos. E isso, por si só, poderá representar para Foz Côa um novo fôlego, a juntar ao recente Museu Arqueológico.
O Distrito da Guarda tem hoje um conjunto de pontos de referência turística que, de forma isolada, têm já alguma capacidade de atracção. Que uma política articulada de promoção conjunta pode elevar fortemente. Pelo que faz cada vez mais sentido que os diversos parceiros se reúnam debatam entre si estratégias comuns de promoção, nacional e internacional. Um fórum do turismo no Distrito, promovido pelos investidores e com a participação das entidades oficiais faz pois todo o sentido. Devem ser os privados o motor de tal iniciativa, como forma de sinalizar claramente a vontade de aproveitar todo o potencial do Distrito em matéria de Turismo. Não ficando, como em tantas outras ocasiões, à espera que sejam as entidades públicas a promover o debate, ficando depois os privados reféns dessas iniciativas.
Há condições na Guarda para sermos melhores. Basta jantarmo-nos e caminharmos em conjunto."
Por isso, custam-me entender algumas opções de investimento que têm sido tomadas na Guarda. Estradas irrepreensivelmente arranjadas em locais que qualquer um de nós considera como ermos, e um parque industrial com vestígios de alcatrão nalgumas das suas ruas são apenas um exemplo. Não é que as pessoas que vivem em meios mais rurais não tenham direito ao progresso. Que a visão humanista da distribuição de recursos deve também estar presente na hora do seu rateio. Mas nalguns casos, mais do que atender a factores de mobilidade, o que se verificou foi uma verdadeira perversão da ruralidade de sítios que são, quer queiramos quer não, eminentemente rurais. E preocupa-me essa perversão, bem como o ónus que fica para o futuro com a manutenção dessas vias alcatroadas. Sim, que uma coisa é manter um caminho em bom estado de circulação, outra muito diferente é manter uma estrada alcatroada, com os rigores invernais que açolam a nossa região.
Também o sistema de iluminação pública deveria ser revisto. Com a nomeação de uma Comissão Técnica, que estude o sistema existente, as suas falhas e, admito, excessos, e proponha ajustamentos, soluções de poupança, melhorias na relação custo/benefício. Existem hoje sistemas de iluminação variável, em função da detecção de movimento, que permitem enormes poupanças. Existem novos tipos de sistemas de iluminação mais eficientes. Este é um caminho que muita gente, à escala da sua possibilidade, tem vindo a fazer. Impõe-se também que a autarquia, que suporta custos monstruosos com o sistema de iluminação pública, se esforce por aplicar melhor os parcos recursos de que dispõe. E que tem tanto por onde aplicar.
Sem grandes obras estruturais em curso, seria porventura a altura propícia para se proceder a uma reorganização interna – um caminho que diversos organismos e mesmo empresas privadas estão actualmente a seguir. Não sou dos que dizem que na Câmara da Guarda tudo funciona mal, mas conheço o suficiente para estar convicto de que há espaço para melhorias, que se traduzirão em poupança do lado de lá, e mais transparência e acessibilidade do lado de cá.
E por falar em obras estruturais, foi com muita satisfação que tomei conhecimento do início das obras do Centro de Remo no Pocinho, em Vila Nova de Foz Côa. No enclave norte do Distrito, Foz Côa tem a sua identidade dividida entre a Serra e o Rio. Um Património riquíssimo do ponto de vista arqueológico. Mas também do ponto de vista do património paisagístico.
Conheço a dinâmica que o remo tem tido na Barragem do Maranhão, onde diversas selecções de países do norte da Europa treinam frequentemente. O Pocinho, com este investimento e com a adequada cobertura hoteleira – que importa assegurar – ficará com condições fantásticas para ambicionar ser uma referência num mercado de nicho, altamente especializado e profissional. Do ponto de vista do turismo, essa característica distintiva fará toda a diferença na hora de concorrer com outras regiões, com outros empreendimentos. E isso, por si só, poderá representar para Foz Côa um novo fôlego, a juntar ao recente Museu Arqueológico.
O Distrito da Guarda tem hoje um conjunto de pontos de referência turística que, de forma isolada, têm já alguma capacidade de atracção. Que uma política articulada de promoção conjunta pode elevar fortemente. Pelo que faz cada vez mais sentido que os diversos parceiros se reúnam debatam entre si estratégias comuns de promoção, nacional e internacional. Um fórum do turismo no Distrito, promovido pelos investidores e com a participação das entidades oficiais faz pois todo o sentido. Devem ser os privados o motor de tal iniciativa, como forma de sinalizar claramente a vontade de aproveitar todo o potencial do Distrito em matéria de Turismo. Não ficando, como em tantas outras ocasiões, à espera que sejam as entidades públicas a promover o debate, ficando depois os privados reféns dessas iniciativas.
Há condições na Guarda para sermos melhores. Basta jantarmo-nos e caminharmos em conjunto."
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