"A propósito dos ataques de especuladores de que Portugal tem sido alvo, por via de ataques à moeda única europeia, tenho ouvido de diversos quadrantes da vida política e económica defender a tese de que os países da União Europeia, nomeadamente França e Alemanha que são os seus motores, deveriam ser mais solidários com os países em maiores dificuldades, os chamados periféricos, ou PIGS, nos quais estamos obviamente incluídos. A tese assenta no facto de que a União Europeia, nomeadamente na sua vertente de União Monetária deve sinalizar claramente aos agentes externos que quem ataca um dos seus membros, ainda que seja o mais fraco – como parece ser o caso – ataca a todos por igual. No fundo, deve dar-se ao mundo – aos mercados – a ideia de que os países da União Monetária são os mosqueteiros do papel-moeda: Um por todos, e todos por um.
É uma tese simpática e, na posição em que nos encontramos, não temos muito espaço para discordar dela… Pessoalmente, parece-me também que uma União só faz sentido para partilhar bons e maus momentos; ou não é nos maus momentos que percebemos que são os nossos verdadeiros amigos?
Daí vermos os nossos políticos clamando por solidariedade perante os “grandes” da União Europeia.
Só que, ao ver esta atitude, da parte de quem nos governa – ou de quem deveria fazê-lo – não posso deixar de me questionar: “E cá? E as gentes de Portalegre, Castelo Branco, Guarda, Bragança, com indicadores de desenvolvimento sócio-económico que deveriam envergonhar todos os que passaram pelos Governos após a entrada de Portugal na União Europeia? Onde está a solidariedade nacional com estas zonas mais “enfraquecidas” do nosso país? Como é que apelamos à solidariedade de gente que está a 3.000 km de distância, se a não temos de outros que estão a 300?
Com a situação difícil que atravessa o País, fomos chamados a fazer sacrifícios; mas esses sacrifícios são distribuídos por forma a fomentar uma harmonização das condições de vida nas diferentes regiões? Não me parece. O único critério tem sido o rendimento e é igual para quem está em Lisboa ou na Guarda. Claro que os primeiros podem pôr os filhos num Conservatório público a estudar gratuitamente, ao passo que eu pago anualmente um valor de propinas superior ao Ordenado Mínimo Nacional.
Temos tratamento igual quando percorremos um Km de auto-estrada, mas temos tratamento diferente quando se trata de prioridades no investimento público.
Não podemos ter 2 pesos e 2 medidas, quando falamos em solidariedade; não podemos entender os nossos deveres com ligeireza e esperar que outros cumpram os deles escrupulosamente.
Na situação difícil que atravessamos, ficamos com a sensação que os do costume poderiam fazer muito mais para reduzir despesa; que há muita mordomia que cheira ao bafio do Estado-Novo, que não tem cabimento no Portugal moderno que andamos a vender em pacote com a nossa dívida externa.
Que só existe porque o silenciamento das vozes incómodas ainda é o modus operandi de alguns, que nada são fora da política."
É uma tese simpática e, na posição em que nos encontramos, não temos muito espaço para discordar dela… Pessoalmente, parece-me também que uma União só faz sentido para partilhar bons e maus momentos; ou não é nos maus momentos que percebemos que são os nossos verdadeiros amigos?
Daí vermos os nossos políticos clamando por solidariedade perante os “grandes” da União Europeia.
Só que, ao ver esta atitude, da parte de quem nos governa – ou de quem deveria fazê-lo – não posso deixar de me questionar: “E cá? E as gentes de Portalegre, Castelo Branco, Guarda, Bragança, com indicadores de desenvolvimento sócio-económico que deveriam envergonhar todos os que passaram pelos Governos após a entrada de Portugal na União Europeia? Onde está a solidariedade nacional com estas zonas mais “enfraquecidas” do nosso país? Como é que apelamos à solidariedade de gente que está a 3.000 km de distância, se a não temos de outros que estão a 300?
Com a situação difícil que atravessa o País, fomos chamados a fazer sacrifícios; mas esses sacrifícios são distribuídos por forma a fomentar uma harmonização das condições de vida nas diferentes regiões? Não me parece. O único critério tem sido o rendimento e é igual para quem está em Lisboa ou na Guarda. Claro que os primeiros podem pôr os filhos num Conservatório público a estudar gratuitamente, ao passo que eu pago anualmente um valor de propinas superior ao Ordenado Mínimo Nacional.
Temos tratamento igual quando percorremos um Km de auto-estrada, mas temos tratamento diferente quando se trata de prioridades no investimento público.
Não podemos ter 2 pesos e 2 medidas, quando falamos em solidariedade; não podemos entender os nossos deveres com ligeireza e esperar que outros cumpram os deles escrupulosamente.
Na situação difícil que atravessamos, ficamos com a sensação que os do costume poderiam fazer muito mais para reduzir despesa; que há muita mordomia que cheira ao bafio do Estado-Novo, que não tem cabimento no Portugal moderno que andamos a vender em pacote com a nossa dívida externa.
Que só existe porque o silenciamento das vozes incómodas ainda é o modus operandi de alguns, que nada são fora da política."
1 comentário:
Parabéns Rui.
Gostei bastante deste teu artigo que considero muito adequado, pertinente, actual e assustadoramente real.
Só conseguindo um desenvolvimento harmonioso entre o litoral e o interior, é que poderemos ter um país moderno e competitivo. Infelizmente, o investimento nunca é feito onde é preciso, mas sim onde existem bolsas significativas de votos, que façam perpetuar esta situação.
Já é altura de a população dos distritos do interior, se unir e reivindicar o que é e sempre foi seu por direito: o acesso a um desenvolvimento equilibrado!
Grande abraço
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