segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Crónica Diária - Rádio Altitude

Retomo a transcrição das crónicas quinzenais no Altitude; no passado dia 5, foi assim:

"Por esta altura, a praxe dita que comece esta minha crónica desejando a todos os ouvintes um Bom Ano. Pelo que sabemos, o velho lugar-comum de desejar amor, saúde e dinheiro este ano não vai ter aplicação, pelo menos no que ao dinheiro diz respeito. Pode ser que possamos passar a valorizar mais o amor e a saúde, cujas cotações têm andado um bocado em baixa, como agora ouvimos por aí…
É também nestas alturas que fazemos Balanços das realizações dos anos anteriores e formulamos objectivos para o ano que agora se inicia. E assim aproveito para partilhar com todos os meus desejos para a Guarda, apesar das limitações orçamentais que todos conhecemos.
A regeneração do Centro Histórico é algo que nos devem há muito; têm sido feitas algumas intervenções no domínio público, mas no domínio privado está muito por fazer. É preciso procurar, criar ou exigir que quem de direito crie mecanismos que permitam uma intervenção mais profunda, uma verdadeira regeneração. Mesmo sem condições para realizar obra, é necessário que se planeiem intervenções, dando também um sinal aos investidores privados de que o Centro Histórico mudará, para que o abandono a que actualmente se encontra votado possa num futuro próximo ser apenas uma má memória. Nesta regeneração, a Praça Velha tem de ter um papel central; por isso é importante que o ar de abandono e desprezo que hoje se lhe conhece seja radicalmente alterado; e que se assuma que a pavimentação de que recentemente foi alvo foi um erro colossal que urge ser corrigido.
Outro trabalho de reflexão e planeamento que deve ser feito é encontrar um destino a dar ao espaço que ficou livre com o fecho da Delphi. Admito que estejam em cima da mesa várias soluções para aquele espaço; sei que se trata de um imóvel privado. Mas deve ser prioritário evitar a todo o custo a degradação daquele conjunto de edifícios e os contágios que daí advirão. Porque em urbanismo, a degradação física evolui muitas vezes para outros vectores da sociedade, como uma doença infecciosa… Considero pois importante que se encontre um destino digno para aquele espaço, que de igual forma dignifique aquela zona da cidade.
Numa perspectiva mais económica, faço votos para que as empresas e empresários da Guarda estejam bem preparados para o ano difícil que aí vem. Estou perfeitamente convencido que aqueles que apostaram na internacionalização dos seus negócios são os que menos vão sofrer, porque têm uma base de clientes mais alargada e o impacto da contracção da economia será menor para estas empresas. É certo que não há modelos de gestão milagrosos, mas é em momentos difíceis que mais torço para que os audazes sejam bem sucedidos. Porque a audácia em tempos difíceis requer mais valor!
Para terminar, desejo que os guardenses olhemos mais para os aspectos positivos da nossa cidade e nos orgulhemos deles. Devemos ser exigentes, mas não ao ponto de perdermos de vista tudo o que de bom a cidade nos oferece: tempo, proximidade com a Natureza, qualidade do ar e, não esqueçamos, neve. Porque contrariamente ao que às vezes alguns querem fazer crer, a Guarda é a única cidade da região Centro onde neva a sério. E desse reconhecimento, não podemos abdicar. Quanto à Natureza, gostaria de ver as pessoas mobilizadas em torno da resolução dos problemas de poluição do rio Noéme. O que se lá passa é um atentado à Natureza, à cidade que tem aquele rio a correr aos seus pés, a todos nós. Algo que devia encher de vergonha as entidades competentes, que têm repetidamente assobiado para o lado em face de um crime. Existe uma petição pública na Internet, blogues sobre o assunto, discussões nas redes sociais, etc. Participe se puder."

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