Não mencionei aqui o tema apenas por falta de disponibilidade. Mas mesmo com 3 dias de atraso, é demasiado importante para ficar esquecido.
Na sexta-feira passada decorreu em Oslo (Noruega) a cerimónia de entrega dos prémios Nobel. Tratando-se de uma distinção de amplo reconhecimento em todo o mundo, é transmitida pelos canais de televisão com presença global e, salvo raras excepções, contam sempre com a presença dos distinguidos.
Em Outubro passado ficámos a saber que este ano o Prémio Nobel da Paz iria ser entregue a Liu Xiaobo, um cidadão Chinês que tem dedicado uma boa parte da sua vida a reinivndicar, de modo pacífico, a democratização do seu país. E que por isso, a coberto de uma acusação de "subversão ao poder do Estado" está a cumprir uma pena de prisão de 11 anos, não tendo sido autorizada a sua deslocação a Oslo para receber o prémio. Nem a de nenhum dos seus familiares em sua representação.
Na cerimónia tivémos pois uma cadeira vazia - mas cheia de significado.
Segundo tem sido noticiado pelas agências internacionais, também a sua mulher está incontactável, presumivelmente em prisão domiciliária, provavelmente sem culpa formada.
E perante estes factos, o meu pensamento vai para um homem que está preso por um delito de opinião. Num mundo que tantas vezes parece civilizado.
Nestas ocasiões, temos de ver para lá da soleira da nossa porta e lembrar-nos que apesar do conforto com que vivemos, há gente que nada tem - nem o direito a uma opinião, a uma ideia sua. Que apesar de todos os direitos e garantias que conquistámos e de que nos orgulhamos, há homens que nada valem aos olhos de quem os governa. Sim, porque há Governos que prendem os seus cidadãos por professarem pacificamente um ideal.
Mas é também a hora de repensarmos o papel que queremos dar à China. De percebermos que o nosso conforto está cada vez mais a ser assegurado à custa de direitos básicos de cidadãos como os chineses.
Querem um exemplo? Pensem na visibilidade que por estes dias tem sido dada pelos nossos governantes ao facto de a a China se ter comprometido a comprar dívida portuguesa...
Mais sobre este assunto na edição do Público.
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