"O Inverno que ontem se iniciou, este ano, vem mais agreste. E com a promessa de ser mais longo. Não por razões meteorológicas, mas por razões sociais. Porque o Inverno é a estação em que tudo escasseia.
Neste fim de ano, tudo parece feito para nos deprimir. A tradicional quadra natalícia, com ruas iluminadas e música no ar, ficou por concretizar. Na nossa praça velha, chegou a estar um arremedo de árvore de Natal que, de tão raquítica, só servia para agravar a nossa depressão! E logo na praça velha, a sala de visitas da cidade, onde ainda há bem pouco tempo houve condições para receber não 1, mas 2 carreiras. Isso é que eram bons tempos. Em 2 ou 3 meses tudo mudou! Ou pelo menos, assim nos querem fazer crer.
Mas é em condições difíceis que se vê o valor dos homens. E por isso, neste Natal, o nosso pensamento deve ir para além do consumismo que quase domina em exclusivo esta quadra. Devemos ter presentes as dificuldades que vivem tantas famílias e sermos especialmente solidários. No fundo, pouparmos um pouco com quem não precisa e darmos um pouco mais a quem realmente necessita da nossa ajuda. Porque é certamente possível poupar nalgumas inutilidades que o afã de dar nos faz comprar. E essa poupança pode fazer a diferença para alguém.
Também de quem nos governa, é legítimo esperarmos a presença de espírito e discernimento que nos momentos de aflição fazem a diferença entre assumir dificuldades e gerar pânico. Entre gerir em momentos de crise e o desnorte que vemos em algumas economias que ainda há bem pouco tempo eram faróis de boa governação. Sabemos agora que, afinal, eram gigantes com pés de barro. E os nossos, precisamo-los fortes e bem assentes na terra.
No caso específico da Guarda, há muito trabalho pela frente. Trabalho que se exige que seja realizado por forma a podermos continuar a aspirar a sermos uma cidade que dá aos seus cidadãos qualidade de vida. É necessário que o combate político se faça no respeito por princípios de igualdade social e solidariedade, e não a coberto de interesses privados, muitas vezes com olhos postos em lucro fácil, pelo menos na aparência. Quando nos dizem que a cidade tem vários serviços a dar prejuízo, é preciso perceber que é prejuízo financeiro; mas que há lucros sociais, culturais e de bem-estar dos cidadãos que, embora difíceis de quantificar, se traduzem em aspectos positivos para a nossa vivência na cidade. Porque no dia em que só podermos ter os serviços que dão lucro, esse será o dia em que a Guarda e outras cidades pequenas do interior morrerão. Não perceber isto é ter uma espada permanentemente sobre as nossas cabeças. Da mesma forma que é necessário que os actores políticos se preocupem em dar sinais à sociedade que restableçam alguma confiança nas instituições. De outra forma, a crescente descrença das pessoas minará a autoridade e utilidade dessas instituições. E esse será outro dos caminhos para o fim.
Nesta que é a minha última crónica do ano, não poderia deixar de desejar a todos os ouvintes e à equipa da Rádio Altitude uma Boas Festas. Que no meio de tanto pessimismo, se dê o valor devido à família, aos amigos, e aos bons momentos que passamos com eles, tudo coisas que por estes dias andam desvalorizadas no meio de tanta preocupação com assuntos que, vimos depois a perceber, têm bem menos importância que a que em determinados momentos lhe damos.
Desejo que o novo ano que brevemente se iniciará seja o início de um novo ciclo em que as nossas prioridades passem, sem abdicar do bem-estar pessoal, de aspectos materiais para outros mais intangíveis, porém mais gratificantes.
Bom Natal a todos, e até para o Ano se Deus quiser."
Neste fim de ano, tudo parece feito para nos deprimir. A tradicional quadra natalícia, com ruas iluminadas e música no ar, ficou por concretizar. Na nossa praça velha, chegou a estar um arremedo de árvore de Natal que, de tão raquítica, só servia para agravar a nossa depressão! E logo na praça velha, a sala de visitas da cidade, onde ainda há bem pouco tempo houve condições para receber não 1, mas 2 carreiras. Isso é que eram bons tempos. Em 2 ou 3 meses tudo mudou! Ou pelo menos, assim nos querem fazer crer.
Mas é em condições difíceis que se vê o valor dos homens. E por isso, neste Natal, o nosso pensamento deve ir para além do consumismo que quase domina em exclusivo esta quadra. Devemos ter presentes as dificuldades que vivem tantas famílias e sermos especialmente solidários. No fundo, pouparmos um pouco com quem não precisa e darmos um pouco mais a quem realmente necessita da nossa ajuda. Porque é certamente possível poupar nalgumas inutilidades que o afã de dar nos faz comprar. E essa poupança pode fazer a diferença para alguém.
Também de quem nos governa, é legítimo esperarmos a presença de espírito e discernimento que nos momentos de aflição fazem a diferença entre assumir dificuldades e gerar pânico. Entre gerir em momentos de crise e o desnorte que vemos em algumas economias que ainda há bem pouco tempo eram faróis de boa governação. Sabemos agora que, afinal, eram gigantes com pés de barro. E os nossos, precisamo-los fortes e bem assentes na terra.
No caso específico da Guarda, há muito trabalho pela frente. Trabalho que se exige que seja realizado por forma a podermos continuar a aspirar a sermos uma cidade que dá aos seus cidadãos qualidade de vida. É necessário que o combate político se faça no respeito por princípios de igualdade social e solidariedade, e não a coberto de interesses privados, muitas vezes com olhos postos em lucro fácil, pelo menos na aparência. Quando nos dizem que a cidade tem vários serviços a dar prejuízo, é preciso perceber que é prejuízo financeiro; mas que há lucros sociais, culturais e de bem-estar dos cidadãos que, embora difíceis de quantificar, se traduzem em aspectos positivos para a nossa vivência na cidade. Porque no dia em que só podermos ter os serviços que dão lucro, esse será o dia em que a Guarda e outras cidades pequenas do interior morrerão. Não perceber isto é ter uma espada permanentemente sobre as nossas cabeças. Da mesma forma que é necessário que os actores políticos se preocupem em dar sinais à sociedade que restableçam alguma confiança nas instituições. De outra forma, a crescente descrença das pessoas minará a autoridade e utilidade dessas instituições. E esse será outro dos caminhos para o fim.
Nesta que é a minha última crónica do ano, não poderia deixar de desejar a todos os ouvintes e à equipa da Rádio Altitude uma Boas Festas. Que no meio de tanto pessimismo, se dê o valor devido à família, aos amigos, e aos bons momentos que passamos com eles, tudo coisas que por estes dias andam desvalorizadas no meio de tanta preocupação com assuntos que, vimos depois a perceber, têm bem menos importância que a que em determinados momentos lhe damos.
Desejo que o novo ano que brevemente se iniciará seja o início de um novo ciclo em que as nossas prioridades passem, sem abdicar do bem-estar pessoal, de aspectos materiais para outros mais intangíveis, porém mais gratificantes.
Bom Natal a todos, e até para o Ano se Deus quiser."
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