"Quando iniciamos um novo ano, fazemo-lo sempre com a esperança que seja melhor que o anterior. Pela
parte que me toca, este ano não é assim. Encaro com preocupação o que aí vem. E
como adivinho um ano difícil, decidi desde já que tudo vou fazer para que valha
a pena. Para que, no fim do ano, possa olhar para trás e perceber a realização
de algo importante, que um ano é muito tempo para se desperdiçar! Quando os
recursos são escassos – ou pelo menos, mais escassos do que o habitual – é
importante planear para os aproveitar o melhor possível, para não perdermos de
vista os nossos objectivos e não nos dispersarmos com entusiasmos momentâneos.
É isto que fazem as grandes organizações para responder aos momentos difíceis
que têm de atravessar; e é isto que a Guarda tem de fazer: concentrar esforços,
energia e recursos em objectivos verdadeiramente estratégicos. Quando falo da
Guarda, falo obviamente de todos nós, que cá moramos e cá trabalhamos; que nos
esforçamos todos os dias por construir uma cidade melhor. Mas obviamente cabe
às instituições que gerem a cidade criar o consenso necessário para que todos
possam dar o seu contributo.
Na minha opinião, existem 3 vectores fundamentais de atuação para que a Guarda possa nos
próximos anos desenvolver-se por forma a criar condições quer para os que cá
vivem e fazem negócios, quer para aqueles que necessariamente terá de cativar a
virem para cá.
O primeiro é a imagem. É necessária uma política de imagem sobre a qual assente toda a
comunicação. Quer passe pela neve, pelo frio, pela montanha, pelo arroz doce ou
por qualquer outro atributo, é urgente uma definição e passar a trabalhar em
cima dela. A comunicação de eventos que atingiram já alguma projeção nacional –
o julgamento do galo, nos eventos de rua, a programação do TMG na área cultural
ou a Invernal de BTT no Desporto são alguns exemplos de atrações que só terão a
beneficiar de um denominador comum em termos de imagem!
O segundo vetor é o ambiente para os negócios. Há falta de iniciativa privada na Guarda. O que
abre as portas aos tentáculos do poder político, que a tudo chega. É necessário
inverter esta lógica e a melhor forma é permitir aos empresários que façam
aquilo que sabem fazer – negócios – num ambiente de transparência. Regras
claras, bem definidas e prazos razoáveis para a apreciação de pedidos é tudo
quanto é preciso. Não se podem esperar meses por uma licença para realizar
obras; nem semanas para pedidos que são renovados anos e anos a fio. Criem-se
as regras, divulguem-se e façam-se aplicar em prazos curtos e que sejam sempre,
mas sempre cumpridos. Dêem-se sinais claros de que na Guarda, o cidadão ou o
empresário que cá queira investir, sabe exatamente com o que conta. Porque hoje
não é assim e a falta de estabilidade, a incerteza, é algo que afasta quem quer
investir.
Havendo investimento haverá a criação de postos de trabalho e de riqueza, que é do que
todos precisamos para uma cidade melhor.
O terceiro vetor é iberização da cidade; embora este possa em muito cruzar-se com o primeiro que
enunciei, pela sua importância estratégica merece o devido relevo. Neste ponto
devo dizer que, para fazer justiça, têm sido dados passos importantes na
afirmação da Guarda como Hub ibérico ao nível económico, mas também ao nível
cultural. É necessário que esse trabalho seja mais bem divulgado e explicado
aos cidadãos e que se continue a apostar nele como forma de afirmação da região
numa realidade cada vez mais aberta a novos conceitos territoriais. Se somos a
cidade portuguesa mais central da península, é importante capitalizar esse
activo. E isso faz-se transformando esse atributo em oportunidades de negócios
e em ações que melhorem as condições de vida da sua população.
A aposta deve pois ser em projetos com impacto nestes 3 vectores. Tudo o resto, ainda que
sejam oportunidades, apenas servirá para desviar recursos daquilo que, no
futuro, poderá diferenciar a Guarda das outras cidades do País.
Está pois na hora de dizer, como no jogo: Cavalheiros, façam as vossas apostas!"
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