A recente morte de Steve Jobs, um dos co-fundadores da conhecidíssima marca "Apple" tem levado às mais diferentes manifestações de apreço por parte dos fans da marca. A comunicação social tem dedicado algum tempo a falar do seu incomum percurso de vida e nas redes sociais multiplicam-se as alusões ao facto. É portanto impossível passar ao lado do (triste) acontecimento.
Entre os muitos "gadgets" cuja autoria se lhe atribui, estão os Mac, Ipod, Iphone e Ipad.
Todos eles são hoje produtos de grande reconhecimento, que muitos desejam.
Pessoalmente, o produto mais revolucionário de Jobs foi o Ipod: este representou uma completa revolução na forma como passámos a relacionar-nos com a música.
Se quisermos recordar-nos, ainda não há muito tempo que para termos acesso a música dos nossos autores favoritos, tínhamos de comprar o album (LP primeiro, CD mais tarde...). Ainda que gostássemos apenas de 1 ou 2 temas, víamo-nos obrigados a comprar um album com 15 ou 16. Depois havia a questão do espaço: era preciso algum para armazenarmos a nossa música, porque tinha sempre subjacente um suporte fisico: um LP, um CD, uma cassete... Depois havia a questão da portabilidade: eu tive um walkman; mais tarde; mais tarde, um discman. Ambos do melhor que a miniaturização permitia. Mas que me fazem rir quando hoje os comparo com o leitor de mp3 que uso para correr!
O Ipod foi assim o aparelho que mudou muitos dos paradigmas da nossa relação com a música: tornou-a mais democrática, facilitando o seu acesso (hoje compramos as faixas que queremos e não temos de nos sujeitar àquilo que as produtoras nos põem no pacote que nos desejam vender); mas também facilitou a sua portabilidade: posso ouvir as minhas músicas onde quiser: quando corro, no carro, em casa, etc.
Claro que isto trouxe novos problemas, como a pirataria em torno da música. mas não confundamos as 2 coisas: uma é a facilidade no acesso à música, outra é a facilidade em cometer um crime. Se eu deixar a porta de casa aberta, não é por isso que qualquer um pode entrar e levar o que quiser. Com a música sucede o mesmo.
Mas se o Ipod é, na minha opinião, o seu invento mais bem-sucedido, os outros não lhe ficam atrás; o Iphone é hoje um standard na indústria dos terminais móveis, tendo ganho um lugar de destaque que lhe permite uma grande diferenciação face aos seus concorrentes; o Ipad é também objecto da cobiça dos fans dos gadgets, indo muito além de um mero tablet; e o Mac é também o único caso que conheço de uma plataforma de hardware (agora) compatível com PC cuja venda faz ganhar dinheiro ao respectivo fabricante. Quando os maiores e mais antigos "gigantes" da indústria dos PC (veja-se por exemplo a IBM) abandonaram o negócio do Hardware para se dedicarem ao Software, porque seria este motor de vendas das máquinas, a Apple apostou - com sucesso - em fazer precisamente o contrário: fazer com que fosse o seu Hardware o motor de venda do Software.
No fundo, o que Steve Jobs fez foi, remando contra a corrente, ganhar um lugar de destaque na Indústria dos dispositivos electrónicos pessoais. Não esquecendo as suas incursões na indústria do entertenimento (p.ex. na PIXAR, que criou e vendeu mais tarde à Disney Studios), onde também fez sentir o seu "toque de Midas"!
E tudo isto vindo de um Homem de origens humildes, que dormiu no chão do apartamento de amigos para se poder manter na Universidade - onde de resto nunca concluiu qualquer curso, apesar de ter frequentado uma série de disciplinas que o próprio referiu terem contribuído para as competências que desenvolveu.
Steve Jobs foi um Homem capaz de ver à frente do tempo em que viveu, sem perder o contacto com esse tempo. Como alguém referiu, um Leonardo da Vinci do sec. XX.
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